Verde diz que Brasil tem “ruídos de toda sorte” e sobe aposta em prefixados curtos

Já no cenário internacional, casa manteve posição em ações e no juro real americano, mesmo diante de um cenário mais "complexo"

Bruna Furlani

Luis Stuhlberger (Foto: Germano Lüders)

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A piora dos ruídos em torno de companhias estatais brasileiras e uma dinâmica global de alta da curva de juros nos Estados Unidos ajudaram a gerar uma assimetria na curva de juros do Brasil, na avaliação da Verde Asset Management, gestora do renomado Luis Stuhlberger.

“Vemos uma assimetria interessante se formando na parte curta da curva de juros brasileira como combinação da dinâmica global e dos ruídos locais, e gradativamente temos aumentado risco ali”, destacou a gestora em carta divulgada na segunda-feira (8), ao dizer que elevou a aposta aplicada (que se beneficia do recuo) em prefixados curtos.

Na avaliação da Verde, o país continua a “atravessar a rua para escorregar na casca de banana que está na outra calçada”. Segundo a casa, há “ruídos de toda sorte”, além de interferência na gestão das estatais, conflito entre poderes e agendas macro “mal coordenadas”.

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Mesmo em meio a um cenário mais conturbado no Brasil, a gestora pondera que a economia continua a surpreender positivamente, ao mesmo tempo em que a inflação está “bem controlada” e os ativos ficam mais “baratos”.

Na passagem de fevereiro para março, a Verde informou que manteve a posição aplicada (que se beneficia do recuo) em juros reais no Brasil, assim como a alocação em Bolsa Brasil e global.

Já ao olhar para a parte internacional, a gestora destacou que a curva americana foi destaque ao passar por uma abertura mais expressiva, o que colocou “pressão” em todas as curvas do mundo e afetou o preço dos ativos ao redor do globo.

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Mas a Verde avalia que há algumas mudanças marginais “importantes” ocorrendo junto com o cenário de abertura de taxas nos Estados Unidos.

Um dos pontos destacados pela casa é que o contrato de petróleo tipo Brent tem apresentado uma alta mais expressiva no acumulado do ano, e que há vários indicadores de ciclo manufatureiro de curto prazo mostrando sinais de “alguma aceleração”.

A gestora também lembra que as eleições americanas “entraram no radar”, o que tem trazido à tona discussões sobre eventual aumento de tarifas e potenciais consequências na inflação.

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Por outro lado, a casa defende que cresceram as evidências de um choque de oferta positivo na economia americana, que é fruto do aumento no fluxo migratório e dos investimentos em inteligência artificial.

“Apesar das inúmeras complexidades do cenário, temos mantido o portfólio alocado em ações, além de posições aplicadas no juro real americano”, disse a Verde.

Na passagem de março, a gestora também optou por manter uma pequena alocação em petróleo. Alocações em crédito high yield (maior retorno e risco) local e global também ficaram inalteradas, assim como posições em moedas. Atualmente, a casa está com uma exposição comprada (que se beneficia da valorização) no peso mexicano e na rúpia indiana, que são financiadas por posições vendidas no euro, franco suíço, renminbi chinês e no dólar de Taiwan.

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Em março, o fundo Verde apresentou retorno de 1,52%, contra 0,83% do CDI. No acumulado do ano, os ganhos chegam a 2,15%, contra 2,62% da taxa de referência da classe.