Halving puxa retornos e criptos são destaque entre fundos multimercados no 1º tri

Fundos que alocam em papéis fora das "Sete Magníficas" também tiveram bons desempenhos; veja os produtos com melhor rentabilidade

Bruna Furlani

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A aprovação dos primeiros fundos negociados em Bolsa (ETFs) de Bitcoin (BTC) à vista no mercado americano, juntamente com a forte expectativa pela atualização que corta pela metade a emissão da criptomoeda (halving), ditaram os negócios no mercado cripto ao longo do primeiro trimestre deste ano.

Fundos posicionados no Bitcoin e em outras criptomoedas, como Solana (SOL), Render (RNDR) e Maker (MKR), que subiram embaladas por essas duas grandes notícias, também tiveram retornos bem acima da média da classe nos três primeiros meses do ano.

É o caso do Empiricus Criptomoedas FIM, que avançou 56,47% entre janeiro e março deste ano e ficou no topo da lista entre os multimercados com melhor rentabilidade no período. O valor está acima dos 2,62% do CDI (taxa de referência da classe) e dos 0,68% apresentados, em média, pelos multimercados de gestão ativa agrupados no Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA).

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Confira a lista dos fundos multimercados com melhor retorno no 1º trimestre deste ano:

 Fundos com melhor retorno Rentabilidade entre janeiro e março
 Empiricus Criptomoedas Fc FI Mult Ie 56,47
 Fof Mult Global Equities Mult Ie FICFI 12,97
 Sant Global Equi Dolar Mas Mult Ie Fc FI 11,90
 Systematica Blue Trend Adv Fc FI Mult Ie 9,54
 Armor Axe Fc FI Mult 7,31
Fonte: TC/Economatica

InfoMoney levou em conta dados extraídos da plataforma TC/Economatica no começo do mês para o levantamento. Foram considerados veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas em 9 de abril. Fundos de crédito privado ficaram de fora.

Halving está precificado?

Marcello Cestari, especialista em fundos de criptoativos da Empiricus Gestão, afirma que o grande destaque do produto foi o Bitcoin. Ele não descarta novas altas para a criptomoeda daqui a seis ou oito meses, mas diz que é possível que o halving, que é esperado para a próxima semana, já esteja bem precificado. “A dinâmica mudou. Quando rolaram os outros não tinha institucionais como tem hoje. Não tinha o ETF”, destaca.

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A aproximação do halving também costuma desencadear outro fenômeno, que é a perda de dominância do Bitcoin em relação ao mercado, o que tende a provocar mudanças nas carteiras de gestoras. “É onde reduzimos a exposição no Bitcoin e aumentamos em altcoins [moedas alternativas]. Não estamos diminuindo ainda, mas estamos próximos”, diz. Para a casa, é melhor ser cautelosa agora e aguardar como o mercado deve se comportar após o halving.

Entre as mudanças recentes feita pela gestora estão o aumento de uma posição em Solana, rede vista como concorrente do Ethereum e que suporta a criação de contratos inteligentes e o desenvolvimento de aplicativos descentralizados. Cestari destaca que o ecossistema da Solana tem passado por grande desenvolvimento e os protocolos de derivativos e de jogos têm sido migrados para ela.

Para além das “7 Magníficas”

Fundos multimercados que adotaram uma alocação mais descorrelacionada em relação ao resto da indústria também conseguiram escapar de mais um trimestre de resultados abaixo do CDI. É o caso do Armor Axe Fc FI Mult, que obteve ganhos de 7,31% nos três primeiros meses do ano, acima dos 2,62% do CDI no mesmo período.

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Uma das posições de sucesso foi uma alocação comprada (que se beneficia da alta) em Bolsa americana e em algumas ações específicas de bancos, como Citigroup (CTGP34) e Bank of America (BOAC34).

Alfredo Menezes, fundador e CEO da Armor Capital, defende que as ações de tecnologia já subiram bastante e que agora o momento será benéfico para os usuários da inteligência artificial, como instituições financeiras com redes de atendimento e agências. “Bancos vão ter um aumento no grau de eficiência. Vão poder ter extratos inteligentes e diminuir a área de call center“, diz.

Olho no real e nos prefixados

Posições vendidas (que se beneficiam da desvalorização) em algumas moedas como o iene ajudaram, além de alocações que apostam na queda do real contra o dólar, que foram montadas depois. Para Menezes, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deverá demorar mais para cortar os juros após analisar os dados de inflação apresentados nesta semana e que vieram acima do esperado por agentes de mercado.

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“As moedas de emergentes vão sofrer um pouco. Optamos por ficar vendidos em real. O diferencial de juros entre Brasil e EUA também está fechando”, afirma o executivo da Armor. A casa também detém hoje uma posição vendida em alguns setores da Bolsa brasileira, como varejo, e alguns papéis ligados à commodities.

Entre as últimas mudanças feitas na carteira, Menezes cita que iniciou uma posição aplicada (que se beneficia da queda) em juros prefixados com foco no primeiro semestre do ano que vem. Segundo ele, a taxa deveria estar entre 9,30% e 9,50%, mas está em 9,90% na curva futura de juros.

“Achamos que a Selic terminal mínima será de 9% e a máxima de 9,50%. O Copom [Comitê de Política Monetária do BC] não deve conseguir baixar tanto com esse diferencial de juros e com a desvalorização do real”, afirma o CEO da gestora.