“Com o tempo, a gente vai provar que eu estava certo”, diz Lula sobre críticas a Israel

Ao participar de evento do setor cultural em Brasília, Lula reiterou críticas à ação militar de Israel em Gaza e também atacou Jair Bolsonaro (PL)

Fábio Matos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa da 4ª Conferência Nacional de Cultura, em Brasília (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reiterou suas críticas à ação militar do governo de Israel na Faixa de Gaza e voltou a defender a criação de um Estado palestino.

Ao participar da abertura da 4ª Conferência Nacional de Cultura, na noite de segunda-feira (4), em Brasília, Lula pediu o fim do conflito entre o exército israelense e o grupo terrorista Hamas.

“Vocês estão lembrados, há 20 dias, como eu apanhei pelo que eu falei da Palestina. Com o tempo, a gente vai provar que eu estava certo. O povo palestino tem o direito de viver, de criar o seu país”, afirmou o petista, aplaudido pela plateia que acompanhava o evento.

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“Você não pode fazer o que foi feito: anunciar comida e mandar torpedo, mandar bala e morte para aquelas pessoas. Até quando a gente vai ter medo? Até quando a gente vai se curvar?”, completou Lula.

Em seguida, o presidente da República ergueu uma bandeira da Palestina, ao lado do poeta pernambucano Antônio Marinho.

No mês passado, Lula subiu o tom contra o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, de Israel, e comparou os ataques na Faixa de Gaza à barbárie praticada pela Alemanha nazista de Adolf Hitler contra o povo judeu durante a Segunda Guerra Mundial.

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Recentemente, Lula reforçou as críticas e disse que as ações do governo israelense em Gaza configuram um “genocídio”.

A resposta não demorou. Netanyahu disse que Lula “cruzou uma linha vermelha” e que a declaração era “vergonhosa e grave”. Na sequência, o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, afirmou que o presidente brasileiro havia se tornado “persona non grata em Israel até que retire o que disse”. Dias depois, o chanceler chamou a comparação de Lula de “promíscua” e “delirante” e questionou: “Como ousa comparar Israel a Hitler?”.

Lula não se retratou, e o governo brasileiro decidiu chamar para consultas o embaixador em Israel, Frederico Meyer, e ao mesmo tempo convocar o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, para dar explicações. Além disso, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, criticou a postura do seu colega israelense.

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Críticas a Bolsonaro

Durante sua participação no evento cultural em Brasília, Lula também fez críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), alvo de investigação da Polícia Federal (PF) e do Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta tentativa de golpe de Estado após ser derrotado nas eleições de 2022.

“A verdade nua e crua é que esse cidadão preparou um golpe para o país quando ele ficou trancado dentro de casa várias semanas, que a gente não sabia se ele estava chorando. Ele estava preparando um golpe, tentando imaginar como é que ele ia fazer para não deixar o presidente eleito tomar posse”, afirmou Lula.

“Eu acho que ele se borrou de medo e resolveu ir embora para os Estados Unidos para não ver a posse. Ele imaginava que as pessoas que ele pagou, organizou e ajudou a financiar para ficar na porta dos quartéis… Achava que essa gente ia dar o golpe, [para que] ele fosse ungido pelo povo fascista deste país a voltar nos braços do povo, para assumir a Presidência da República. Era isso que ele estava desenhando e [foi] isso que não aconteceu”, completou o presidente.

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Lula falou ainda sobre a manifestação em apoio a Bolsonaro, que reuniu centenas de milhares de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo, no fim de fevereiro,

“Aquele ato, o que era? Aquele ato é o de um cidadão que sabe que fez caca, que fez uma burrice, que tentou dar um golpe e que ele vai para Justiça e que ele vai ser julgado e, se for julgado, ele pode ser preso e está tentando escapar”, concluiu Lula.

Fábio Matos

Jornalista formado pela Cásper Líbero, é pós-graduado em marketing político e propaganda eleitoral pela USP. Trabalhou no site da ESPN, pelo qual foi à China para cobrir a Olimpíada de Pequim, em 2008. Além do InfoMoney, teve passagens por Metrópoles, O Antagonista, iG e Terra, cobrindo política e economia. Como assessor de imprensa, atuou na Câmara dos Deputados e no Ministério da Cultura. É autor dos livros “Dias: a Vida do Maior Jogador do São Paulo nos Anos 1960” e “20 Jogos Eternos do São Paulo”.