Tesouro Direto: taxas operam mistas com percepção sobre pico de inflação e risco fiscal

Mercado aguarda ata do Copom, embora efeitos já estejam precificados; prefixados oferecem até 12,78%

Katherine Rivas

(Fokusiert/Getty Images)

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As taxas dos títulos públicos operam mistas na tarde desta segunda-feira (20). Nos prefixados, as taxas recuam até 18 pontos-base. Já nos títulos atrelados ao IPCA, o movimento é misto – alguns ativos apresentam ganhos na rentabilidade de até 5 pontos-base, enquanto outros recuam.

Segundo Cristiane Quartalori, economista do Banco Ourinvest, a curva de juros hoje permaneceu estável ao longo do dia, com pequeno viés de baixa. Ela destaca que o pano de fundo deste movimento é a percepção de que o pico de inflação no Brasil já chegou e que o Banco Central pode estar próximo do fim do ciclo de aperto monetário.

Cristiane cita também a liquidez menor dos mercados, por conta do feriado nos Estados Unidos, que acabou afetando o comportamento das taxas de juros.

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“Também existe uma preocupação de que o aumento de juros em escala global, principalmente nos Estados Unidos, provoque uma recessão nas principais economias do mundo”, afirma.

O risco fiscal também representou uma preocupação na sessão de hoje, com o governo sinalizando medidas consideradas “populistas” pelo mercado. Uma delas seria a possibilidade de reajustes no Auxílio Brasil.

Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, cita que no final de semana, a coluna de Lauro Jardim, de O Globo, noticiou que o governo cogita aumentar o Auxílio Brasil para R$ 600 por mês, um valor que está fora do teto de gastos. “Além disso, a vitória de um candidato com plataforma econômica mais intervencionista na Colômbia aumenta a percepção de risco na América Latina”, completa.

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Entre os fatores que também pressionam a curva de juros nesta segunda-feira (20), Borsoi destaca as tensões políticas entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, que tem elevado o tom das críticas contra a política de preços da Petrobras. Na manhã desta segunda-feira (20), a Petrobras comunicou que José Mauro Coelho pediu demissão do cargo de presidente da estatal.

No radar do mercado e que deve impactar futuras sessões, Cristiane cita a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) – que elevou a Selic para 13,25% ao ano. A ata será publicada na terça-feira (21), podendo trazer novas informações sobre as próximas decisões do Banco Central e o ponto terminal da Selic. Embora segundo os economistas consultados pelo InfoMoney, a ata já está precificada nos mercados, mas “ainda pode surpreender”.

Atenção também para o IPCA-15 – prévia da inflação oficial para junho – que será divulgado na sexta-feira (24) e pode influenciar o comportamento das taxas de juros.

Dentro dos títulos públicos, a maior queda era no papel prefixado de longo prazo. O Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, oferecia um retorno anual de 12,78%, abaixo dos 12,96% registrados na sexta-feira (17).

Já o Tesouro Prefixado 2025 e o Tesouro Prefixado 2029 ofereciam às 15h28 uma rentabilidade anual de 12,53% e 12,63% respectivamente, inferior aos 12,64% e 12,77% vistos na sessão anterior.

Nos títulos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2026 e o Tesouro IPCA+ 2032 apresentavam alta nas taxas.

Os títulos ofereciam um retorno real de 5,35% e 5,55%, respectivamente, superior aos 5,30% e 5,53% entregues na sexta-feira (17).

Nos outros títulos, o movimento era de queda ou estabilidade nas taxas.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta segunda-feira (20): 

Fonte: Tesouro Direto

Renúncia do presidente da Petrobras

A Petrobras (PETR3;PETR4)  comunicou na manhã desta segunda-feira (20) que José Mauro Coelho pediu demissão do cargo de presidente da estatal.

A nomeação de um presidente interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras a partir de agora. A companhia informou que fatos considerados relevantes serão prontamente comunicados ao mercado.

A pressão sobre a companhia aumentou após a Petrobras anunciar um novo reajuste nos preços dos combustíveis na sexta-feira, o que levou governo, Congresso e o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), a criticarem a empresa.

No final da semana passada,  Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, voltou a exigir a demissão imediata de Coelho, que já teve sua saída anunciada três semanas atrás, mas ocupava o posto até que o conselho deliberasse sua substituição pelo executivo Caio Mario Paes de Andrade.

A elevação nos valores dos combustíveis é vista como um dos principais obstáculos ao projeto de reeleição do chefe do Executivo.

Lira chegou a anunciar também que reunirá nesta segunda-feira o colégio de líderes para discutir a política de preços da Petrobras e tentar reverter o lucro da empresa para a população.

No domingo, o parlamentar cobrou respeito da estatal ao povo brasileiro. Nas redes sociais, Lira afirmou que se “a Petrobras decidir enfrentar o Brasil, ela que se prepare: o Brasil vai enfrentar a Petrobras”.

IPC-S

O Índice de Preços ao Consumidor – Semanal (IPC-S) acelerou a 0,91% na segunda quadrissemana de junho, após 0,79% na primeira leitura. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (20), pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O indicador acumula alta de 10,58% em 12 meses, maior do que o avanço de 10,44% no período até a primeira medição.

Das oito categorias de despesas que compõem o indicador, quatro avançaram da primeira para a segunda quadrissemana do mês, com destaque para Habitação, que passou de queda de 0,15% para alta de 0,79%. O item com maior influência no grupo foi tarifa de eletricidade residencial (-4,99% para -0,15%).

Vestuário (1,62% para 1,94%), Comunicação (-0,31% para -0,23%) e Educação, Leitura e Recreação (3,43% para 3,44%) foram os outros grupos a apresentar acréscimo na taxa de variação. Nessas classes, os itens com maior peso foram roupas masculinas (2,12% para 2,93%), serviços de streaming (0,46% para 1,09%) e passagem aérea (15,40% para 15,90%).

Por outro lado, Transportes (0,62% para 0,30%), Saúde e Cuidados Pessoais (0,89% para 0,72%), Despesas Diversas (0,77% para 0,61%) e Alimentação (0,73% para 0,70%) arrefeceram ante a primeira quadrissemana. Esses grupos foram puxados por etanol (0,07% para -4,87%), artigos de higiene e cuidado pessoal (1,85% para 0,95%), serviços bancários (1,04% para 0,75%) e hortaliças e legumes (-7,09% para -8,04%).

IGP-M

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) acelerou a 0,55% na segunda prévia de junho, de 0,39% na mesma leitura de maio, informou hoje a Fundação Getulio Vargas (FGV). Dois dos três componentes do IGP-M registraram avanço no período.

O Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) acelerou a 0,66% neste decêndio, de 0,28% na prévia de maio, de acordo com a FGV. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M) também avançou no período, de 0,70% para 3,33%. Em contrapartida, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M) desacelerou de 0,38% na segunda prévia de maio para 0,21% agora.

Auxílio Brasil

Os municípios de todo o Brasil contabilizam uma demanda reprimida de 2,78 milhões de famílias para ter acesso ao Auxílio Brasil, programa social do governo Jair Bolsonaro (PL) que substituiu o Bolsa Família. São 5,3 milhões de pessoas que têm o perfil para receber o benefício e estavam na fila em abril, segundo o mapeamento mais recente da Confederação Nacional de Municípios (CNM).

A velocidade do crescimento da demanda reprimida vem surpreendendo e preocupando os prefeitos, que na ponta sentem as cobranças da população devido ao aumento da pobreza (pois é nos municípios que as famílias fazem o cadastro para entrar no programa).

A fila mais que dobrou entre março e abril, com um crescimento de mais de 1,480 milhão de famílias à espera do benefício: ela foi de 1,307 milhões de famílias (2,1 milhões de pessoas) para 2,788 milhões de famílias (5,3 milhões de pessoas) em apenas um mês, e o número já se aproxima da quantidade de famílias que estavam na fila na época que o Bolsa Família foi extinto (3,1 milhões de famílias).

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.