Tesouro Direto: taxas de títulos públicos viram para alta na tarde desta segunda-feira

SÃO PAULO – Os prêmios pagos pelos títulos públicos negociados via Tesouro Direto viraram para alta na tarde desta segunda-feira (17), em um dia marcado pelo vencimento de cerca de R$ 63 bilhões do Tesouro IPCA+2020 (antiga NTN-B) e aumento das preocupações em torno do ajuste fiscal.

Hoje, os investidores acompanharam a queda de braço entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e os ministros que querem flexibilizar a regra do teto de gastos.

Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o presidente Jair Bolsonaro teria cobrado de Guedes um controle menos rígido dos gastos públicos, de forma a garantir recursos para obras e benefícios sociais.

De acordo com a matéria, o presidente teria se queixado a interlocutores que o ministro precisa ser menos inflexível e intransigente em relação aos recursos orçamentários, cobrando que a política econômica deve estar em sintonia com o projeto de governo.

Ainda no âmbito político, mais um integrante do Ministério da Economia deixou o governo: o subsecretário de Política Macroeconômica, Vladimir Kuhl Teles.

A nova baixa na pasta ocorre menos de uma semana após os secretários especiais Salim Mattar (Desestatização, Desinvestimento e Mercados) e Paulo Uebel (Desburocratização, Gestão e Governo Digital) pedirem demissão.

O desligamento de Teles, porém, se deu por uma situação pessoal e já estava combinado previamente para ocorrer em agosto.

Menor espaço para alta da Selic

Também entre os destaques do dia, o relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, mostrou que o mercado financeiro espera que a taxa básica de juros encerre o próximo ano em 2,75%, abaixo do patamar de 3,00% esperado na semana anterior.

Para 2022, a estimativa para a Selic também foi reduzida, de 4,90% para 4,75% ao ano. Já para este ano, os economistas consultados pelo BC estimam que os juros permaneçam no atual patamar, de 2,00% ao ano.

Com relação ao desempenho da economia brasileira, as projeções foram revisadas para cima, e agora a expectativa é de uma queda de 5,52% do PIB este ano, melhor que a contração de 5,62% estimada anteriormente. Em 2021, contudo, a economia deverá crescer 3,50%.

Ainda no Focus, houve alta na estimativa para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2020, de 1,63% para 1,67%. As projeções para o indicador em 2021, contudo, foram mantidas em 3,00%.

Mercado hoje

No Tesouro Direto, o título prefixado com vencimento em 2023 pagava uma taxa de 4,17%, ante 4,12%, na tarde de sexta-feira (14). O prêmio pago pelo mesmo papel com juros semestrais e vencimento em 2031, por sua vez, subia de 7,28% para 7,41%.

Entre os títulos indexados à inflação, o papel com juros semestrais e vencimento em 2055 pagava uma taxa anual de 4,04%, ante 4,01% a.a. na sexta, enquanto o prêmio pago pelo Tesouro IPCA+2035 avançava de 3,77% para 3,83% ao ano.

No câmbio, o dólar subia 1,6% ante o real, por volta das 15h50, sendo negociado a R$ 5,50.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta segunda-feira (17):

Ambiente internacional

Na cena global, os mercados monitoraram a notícia de que as reuniões entre representantes da China e dos Estados Unidos, marcadas para o fim de semana, para lidar com a crise do TikTok e outros aplicativos chineses foram adiadas.

Na sexta-feira, o presidente americano, Donald Trump, ordenou oficialmente que o proprietário chinês do aplicativo Tik Tok vendesse seus ativos nos Estados Unidos.

Ainda na região, o Partido Democrata inicia nesta segunda-feira (17) a convenção que consagrará a chapa Joe Biden-Kamala Harris como adversária do presidente Trump, nas eleições de 3 de novembro.

O evento aconteceria em Milwaukee, no Wisconsin, mas será realizado de forma virtual devido à pandemia do coronavírus, algo inédito na história das convenções dos grandes partidos americanos.

O avanço de casos da Covid-19 em alguns países da Europa, levando a restrições de viagens, também esteve no radar dos investidores, que avaliam o impacto dessas medidas na retomada da economia.

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