Tesouro Direto: taxas recuam com câmbio e à espera de decisão do Federal Reserve

Prefixados oferecem até 13,57% ao ano; ganho real dos papéis de inflação chega a 6,27%

Bruna Furlani Katherine Rivas

(Shutterstock)

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As taxas dos títulos públicos operam em queda na tarde desta sexta-feira (22). Nos prefixados, as taxas recuam até 13 pontos-base, enquanto nos títulos atrelados à inflação algumas taxas têm baixa de até 7 pontos-base.

Segundo Camila Abdelmalack, economista-chefe na Veedha Investimentos, a curva de juros local teve um certo alívio hoje após diversas sessões de estresse nas últimas semanas, que adicionaram muito prêmio nas taxas de juros, por conta de preocupações com as contas públicas e o risco político. O avanço do real frente ao dólar também contribuiu com a queda nas taxas nesta sexta-feira (22).

Mas no período da tarde, o câmbio não conseguiu segurar esse movimento, com o mercado na espera das decisões de política monetária do Federal Reserve na próxima semana. A visão dos agentes de mercado é de que o banco central americano eleve a taxa de juros em 0,75 ponto percentual, no dia 27 de julho.

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Com certa cautela, o mercado acabou amenizando a queda nas taxas diante do fim de semana.

Já na cena externa, investidores monitoram dados do índice de gerentes de compras composto (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro. O indicador caiu de 52 pontos para 49,4 em julho, menor nível em 17 meses. Tal percentual sinaliza que houve contração da atividade durante o período. Os números frustraram analistas consultados pelo Wall Street Journal, que previam que o índice fecharia em 51 pontos.

No radar dos investidores e que pode impactar a curva de juros na próxima semana, Camila Abdelmalack destaca a decisão do Federal Reserve. “Se houver uma comunicação mais agressiva por parte do Fed talvez possa respingar nas taxas aqui”, afirma.

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A economista também destaca os dados do IPCA-15, prévia da inflação de julho, que serão divulgados na terça-feira (26), e que podem trazer uma visão de uma deflação já esperada para julho. “Dependendo como for a leitura desse dado, pode trazer movimentação para as taxas mais curtas”, comenta.

Dentro do Tesouro Direto, a maior queda era na taxa do título prefixado de curto prazo. O Tesouro Prefixado 2025 oferecia às 15h25 uma rentabilidade anual de 13,36%, inferior aos 13,49% vistos ontem.

Já o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam um retorno anual de 13,48% e 13,57%, respectivamente, abaixo dos 13,58% e 13,68% registrados na quinta-feira (21).

Nos títulos atrelados à inflação, a maioria das taxas permanecia estável. Apenas as taxas dos títulos com vencimento em 2026 e 2032 recuavam entre 2 e 7 pontos-base.

O maior ganho real era do Tesouro IPCA+ 2055, de 6,27%.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto na tarde desta sexta-feira (22): 

Fonte: Tesouro Direto

Bolsonaro e Rússia

O presidente Jair Bolsonaro (PL) reafirmou, nesta sexta-feira (22), que o Brasil não irá aderir a sanções contra a Rússia e que, na conversa com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskiy, na última segunda-feira (18), informou que não atenderá seu pedido de uma posição mais firme contra a Rússia.

“O que eu estou fazendo não é o que ele quer. A Otan é o local adequado para buscar solucionar esse conflito”, disse Bolsonaro a jornalistas durante visita a um posto de combustíveis em Brasília.

Segundo o presidente, Zelenskiy “desabafou” durante a conversa, mas ele, Bolsonaro, manteve “a posição de estadista”.

O presidente deixou claro que não irá aderir a sanções contra a Rússia. No momento, apesar da guerra, o governo brasileiro fez uma compra de fertilizantes do país e negocia a aquisição de óleo diesel.

“Nós não vamos aderir a essas sanções econômicas, continuamos em equilíbrio. Se eu não tivesse mantido a posição de equilíbrio vocês acham que nós teríamos fertilizantes no Brasil? Como estaria nossa segurança alimentar e de mais de 1 bilhão de pessoas no mundo?”, questionou.

Na segunda-feira (18), Zelenskiy disse em uma publicação no Twitter que informou Bolsonaro sobre a situação no front da guerra do país com a Rússia e fez um pedido para que todos se juntem na aplicação de sanções contra Moscou.

Em entrevista à TV Globo, divulgada na terça-feira (19), o presidente da Ucrânia criticou a posição de neutralidade de Bolsonaro diante da invasão russa.

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Europa

Na cena externa, agentes financeiros repercutem mais indicadores divulgados na Europa. O PMI industrial da região recuou de 52,1 para 49,6 no mesmo período, atingindo o menor patamar em 25 meses (também abaixo do consenso do mercado, que era de queda para 51).

Já o PMI de serviços diminuiu de 53 em junho para 50,6 em julho, com a leitura acima de 50 indicando que ainda há leve expansão do setor. A projeção de analistas, contudo, era de uma baixa menor, para 52.

Na contramão de boa parte dos bancos centrais do mundo, o Banco Central da Rússia cortou, nesta sexta-feira (22), o juro em 150 pontos-base (1,50 ponto percentual) para 8% ao ano. O corte foi mais contundente do que o previsto pela maioria dos analistas consultados pela agência Reuters, que esperava ajuste de 50 pontos-base.

Eleições, Petrobras e IPI

Na cena política, Edson Fachin, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou ontem (21) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifeste, em até cinco dias, sobre ações de partidos a respeito da apresentação do chefe do Executivo a embaixadores, na última segunda-feira (18), na qual ele voltou a questionar segurança das urnas eletrônicas.

Partidos como PT, PDT, Rede e PCdoB, acionaram a Justiça pedindo, no geral, que as redes sociais tirem do ar vídeos da apresentação postados pelo próprio presidente. Os parlamentares também pediram que Bolsonaro seja multado por propaganda antecipada negativa e que o chefe do Executivo publique uma errata desmentindo as afirmações feitas aos representantes diplomáticos.

Além de criticar a segurança das urnas, o chefe do Executivo voltou a tecer comentários sobre a Petrobras. Em tom de comemoração com a mais recente queda dos combustíveis anunciada pela petroleira, Bolsonaro afirmou que a estatal “não estava tendo viés social previsto em lei”. Foi a primeira vez que o presidente se referiu à suposta falta de aplicação da função social da empresa no passado.

Também na cena política, investidores acompanham a notícia de que o governo prepara novo decreto para reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A ideia é substituir o corte anterior, questionado no Supremo Tribunal Federal (STF).

De acordo com fontes ouvidas pelo Estadão/Broadcast, a redução será de 35% e incidirá sobre 4 mil produtos não fabricados na Zona Franca de Manaus.