Tesouro Direto: taxas dos títulos públicos recuam com câmbio, decisão do Copom e IBC-Br

Prefixados ofereciam até 12,41% ao ano; títulos atrelados ao IPCA também cedem

Bruna Furlani Katherine Rivas

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Os títulos públicos operam em queda nesta quinta-feira (17), com reflexo da decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) que elevou ontem a taxa básica de juros para 11,75% ao ano.

Em comunicado, o Copom afirmou que deve realizar outra alta da mesma magnitude na próxima reunião, agendada para os dias 3 e 4 de maio. O aumento, porém, trouxe uma desaceleração daquilo visto nas três reuniões anteriores, quando o Banco Central optou por altas de 1,5 ponto percentual.

Segundo Luciano Costa, economista-chefe da Kilima Asset, essa postura mais dovish (menos preocupada com a inflação) do Banco Central, vista nessa reunião, pode acabar pressionando a curva de juros no futuro. Ele afirma que após a divulgação da ata na próxima semana, os juros podem voltar a precificar as expectativas do mercado.

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No entanto, nos próximos dias, a curva de juros continua cedendo acompanhando o reajuste da Selic e movimentos técnicos do mercado pós-Copom, como investidores realizando lucro de posições em ativos.

No curto prazo, Costa cita também os números de janeiro do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) que viram fracos e abaixo da expectativa do mercado e pressionam a curva de juros.

Já nos juros longos, Costa destaca a curva de juros americana que também cede, além da diminuição de tensões entre a Rússia e Ucrânia. O câmbio também contribuiu com este cenário, por volta das 15h47, o dólar operava em queda de 1,02%, cotado a R$ 5,0397.

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Dentro do Tesouro Direto, as taxas dos títulos públicos também acompanham este movimento de queda.

A taxa do título prefixado de curto prazo era a que mais recuava, na última atualização desta quinta-feira (17). O Tesouro Prefixado 2025 oferecia uma rentabilidade anual de 12,32%, inferior aos 12,55% vistos ontem.

Enquanto o Tesouro Prefixado 2029 e o Tesouro Prefixado 2033, com juros semestrais, apresentavam um retorno anual de 12,30% e 12,41%, respectivamente, abaixo dos 12,44% e 12,54% registrados na sessão anterior.

Nos títulos atrelados à inflação, o Tesouro IPCA+ 2026 era o que apresentava a maior baixa nas taxas. O título oferecia uma rentabilidade real de 5,61%, inferior aos 5,70% da quarta-feira (16).

As taxas dos outros títulos atrelados ao IPCA recuavam entre 3 e 4 pontos-base.

Confira os preços e as taxas de todos os títulos públicos disponíveis para compra no Tesouro Direto que eram oferecidos na tarde desta quinta-feira (17): 

IBC-Br e Copom

Na cena econômica, agentes financeiros acompanham a divulgação do IBC-Br. Segundo o Banco Central, o índice recuou 0,99% em janeiro na comparação mensal. A projeção do consenso Refinitiv era de uma queda de 0,25% em relação a dezembro.

Já na comparação anual, a atividade econômica avançou 0,01%, ante um consenso de mercado de alta de 0,77%. Nos últimos 12 meses, o indicador sobe 4,73%.

Atenção ainda para a decisão do Copom. Agora, uma parcela do mercado acredita que os ajustes na taxa básica de juros devem seguir até junho, e não mais até maio, como era previsto anteriormente.

Leia mais:
Economistas preveem Selic acima de 13% após Copom; redução de juros deve acontecer somente em 2023

“Entendo que, em fevereiro, o Copom enxergava que algo em torno de 12% seria suficiente pra segurar as expectativas de inflação dos próximos anos. Diante de todos os choques recentes, o BC imagina que será necessário levar os  juros para um patamar mais elevado”, afirma Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Além da alta de 1 ponto em maio, a RB acredita que o Copom deve fazer uma alta final de meio ponto na reunião seguinte, levando a taxa a 13,25%.

“Na melhor das hipóteses, se as altas terminassem com a sinalização hoje, o final do ciclo de aperto monetário seria de 12,75%, o que é uma taxa de juros bastante elevada. Mas existe sim a perspectiva de que esses reajustes possam continuar após o próximo Copom, porque os eventos que ditam o ritmo do mercado internacional e da inflação como um todo são mais preocupantes nesse momento”, afirma Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

Caio Megale, economista-chefe da XP, por outro lado, preferiu ser mais conservador e disse que ainda não mudou seu cenário para Selic, que está em 12,75%, no fim do ciclo de aperto. Para ele, a ata da reunião de ontem “nunca foi tão importante” para explicitar os cenários que o BC está vendo, ainda mais em um momento em que “mundo está mudando muito”.

Projeções do governo

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia piorou nesta quinta-feira suas projeções oficiais para atividade econômica e a inflação em 2022, embora tenha seguido mais otimista que o mercado em relação à economia.

Agora, a estimativa é de alta no Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5% este ano, contra 2,1% na projeção feita em novembro do ano passado. Para 2023, a projeção foi mantida em 2,5%.

Para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a estimativa da equipe econômica subiu para 6,55% em 2022, de 4,7% antes, e foi mantida em 3,25% para 2023.

Juros reais

O juro real brasileiro só perde para o da Rússia, aponta um levantamento feito pela Infinity Asset, considerando as taxas de juros e inflação em 40 países.

O levantamento usou como base a inflação projetada para os próximos 12 meses, de 5,69%, segundo o último relatório Focus, e a taxa de juros DI a mercado dos próximos 12 meses no vencimento mais líquido, de março 2023.

Considerando a taxa de juros atual e descontada a inflação, o juro real brasileiro ficou no patamar de 7,10%, pelos cálculos da Infinity. Com isso, o Brasil ocupa a segunda posição do ranking mundial de juros reais, ficando atrás apenas da Rússia, que experimenta forte alta das taxas em meio às tensões da guerra com a Ucrânia, com um juro real de 30,07%.

Combustíveis e reforma tributária adiada

Na cena política, Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, falou ontem à imprensa que a criação de um fundo de equalização dos combustíveis está “completamente fora do radar”. Apesar disso, ele afirmou que o Congresso discute com Casa Civil, Ministério de Minas e Energia e o Ministério da Economia a criação de um subsídio que seja direcionado à gasolina para alguns setores, como taxistas.

De acordo com Lira, o foco está em um subsídio setorizado e que não prevê a desoneração ampla da gasolina. No caso do diesel e do querosene para aviação, os impostos federais já foram desonerados por outro projeto.

Ainda na seara política, a Comissão de Constituição de Justiça do Senado (CCJ) adiou ontem novamente a votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que tem o objetivo de reformar o sistema tributário brasileiro, a PEC 110. No entanto, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente da Casa, disse que ela pode ser aprovada na semana que vem.

Radar externo

Joe Biden, presidente dos Estados Unidos, voltou a sair da diplomacia e chamou Putin de “puro bandido”.

Ele referiu-se ao colega russo Vladimir Putin em um evento do Dia de São Patrício no Capitólio: “ditador assassino, um puro bandido que está travando uma guerra imoral contra o povo da Ucrânia”.

Ontem, o presidente norte-americano chamou Putin de “criminoso de guerra”.

Além dos EUA, outros cinco países acusaram Rússia de “crimes de guerra.

Grã-Bretanha, EUA, França, Albânia, Irlanda e Noruega se juntam na acusação, com Paris subindo o tom e dizendo que Vladimir Putin estava apenas fingindo estar interessado em negociar um acordo de paz.

Segundo o jornal inglês The Guardian, as seis nações desafiaram a Rússia antes de uma reunião do conselho de segurança da ONU, quando a secretária de Relações Exteriores do Reino Unido, Liz Truss, disse que agora havia “evidências muito, muito fortes” de crimes de guerra cometidos por forças russas.

“Vladimir Putin está por trás deles”, disse Truss.