Após 2 anos de recuo, Ifix supera cenário de juros elevado e encerra 2022 com alta de 2,22%

Na contramão do Ibovespa, que encerrou a última sessão do ano em queda, índice dos fundos imobiliários terminou pregão com alta de 0,58%

Mariana Segala Bruna Furlani

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Mesmo diante de um cenário de juros elevados com a Selic em 13,75% ao ano, o Ifix – índice que reúne os fundos imobiliários mais negociados na B3 – driblou as adversidades e mostrou resiliência ao encerrar o ano de 2022 com alta de 2,22%. Movimento parecido também foi visto na Bolsa neste ano, com o Ibovespa encerrando o período com alta de 4,69%.

O resultado positivo dos fundos imobiliários chama atenção porque veio após dois anos seguidos de recuo no indicador. Em 2020, o Ifix registrou queda de 10,24% e de 2,28% em 2021.

Apesar da recuperação do Ifix, o ano foi desafiador para os FIIs. A elevação da Selic – que subiu de 2% para os atuais 13,75% ao ano em apenas 18 meses – influenciou nas cotações dos fundos. O movimento tornou as aplicações de renda fixa mais rentáveis, atraindo os investidores da renda variável, inclusive os de fundos imobiliários.

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No caso dos fundos de “papel”, que costumam comprar títulos como certificados de recebíveis imobiliários (CRIs), boa parcela dos produtos teve os rendimentos de parte dos fundos machucados após três meses seguidos de inflação registrados entre agosto e outubro.

A explicação é simples: da mesma forma que os rendimentos dos CRIs comprados pelos FIIs de “papel” são reajustados para cima quando o indicador aponta avanço nos preços, eles também são revisados para baixo quando o contrário acontece.

Mesmo tendo de reduzir os dividendos por causa da deflação ao longo do ano, alguns fundos de “papel” terminaram 2022 com um dividend yield médio acima dos dois dígitos.

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Já para os fundos de “tijolo”, que investem diretamente em imóveis, como shopping, galpões logísticos, escritório e hospitais, 2022 foi um ano de reviravolta. Após períodos difíceis por causa das restrições impostas pela pandemia, FIIs de shopping conseguiram recuperar fortemente as vendas e retomar patamares vistos antes da crise sanitária de Covid-19.

Da mesma forma, FIIs de logística apresentaram crescimento dos rendimentos e, de certa forma, a geração de dividendos dos fundos imobiliários em geral foi vista como satisfatória, por agentes de mercado.

Em entrevista prévia ao InfoMoney, Marcos Baroni, head de pesquisas sobre fundos imobiliários da Suno Research, justificou que boa parte do bom desempenho dos FIIs visto neste ano é fruto dos dividendos pagos pelas carteiras, que compensaram eventual desvalorização na cota ao longo de 2022.

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Prévia da carteira

A última prévia da nova composição do Ifix – índice que reúne os fundos imobiliários mais negociados na B3 – mostra que o indicador será formado por 111 FIIs a partir de janeiro. A lista final será divulgada na segunda-feira (2), quando começa a vigorar, seguindo a mesma até abril de 2023.

A composição é ligeiramente diferente da apresentada na primeira prévia do Ifix, divulgada no início de dezembro. Devem entrar oito fundos imobiliários, enquanto quatro prometem sair.

Entre as novidades previstas para a nova carteira do Ifix estão três fundos de “papel”, que investem prioritariamente em títulos de renda fixa ligados ao setor imobiliário: o CRI Integral Brei (IBCR11), o Rio Bravo Crédito Imobiliário (RBHG11) e o More Recebíveis Imobiliários (MORC11).

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Há ainda dois fundos de logística, dois de lajes corporativas e um híbrido. Confira a lista completa abaixo:

Ticker Fundo Segmento
IBCR11 CRI Integral Brei Títulos e valores mobiliários
LGCP11 LOGCP Inter Logística
RBHG11 Rio Bravo Crédito Imobiliário Títulos e valores mobiliários
RELG11 REC Logística Logística
TEPP11 Tellus Properties Lajes corporativas
[ativo=WHGR11] WHG Real Estate Híbrido
[ativo=HOFC11] Hedge Office Income Lajes corporativas
MORC11 More Recebíveis Imobiliários Títulos e valores mobiliários

Fonte: B3

Esses fundos imobiliários devem entrar no lugar de outros quatro: o FIIB11, o SPTW11, o VIFI11 e o RVBI11.

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De acordo com a terceira prévia, os FIIs mais representativos do Ifix devem ser dois da gestora Kinea: o KNIP11, com peso de 6,78%, e o KNCR11, com peso de 5,15%.

O CARE11, primeiro fundo de cemitérios, promete permanecer no índice, mas com a segunda menor participação, de apenas 0,09%.

A B3 divulga regularmente três prévias das novas composições dos índices: a primeira, no primeiro pregão do último mês de vigência da carteira em vigor; a segunda, no pregão seguinte ao dia 15 do último mês de vigência da carteira em vigor; e a terceira, no penúltimo pregão de vigência da carteira em vigor – que, no caso atual, ocorreu nesta quarta-feira (28).

Ifix hoje

Na contramão do Ibovespa, que encerrou a última sessão do ano em queda, o Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa – terminou o pregão desta quinta-feira (29) com alta de 0,58%, aos 2.867 mil pontos. Confira os demais destaques do pregão.

Maiores altas desta quinta-feira (29):

Ticker Nome Setor Variação (%)
(FIIB11) Industrial do Brasil Logístico 6,29
(PVBI11) VBI Prime Properties Lajes comerciais 5,05
(HGBS11) Hedge Brasil Shopping Shopping 4,59
(RBRL11) Rbr Log LLogístico 3,38
(HGRU11) CSHG Renda Urbana Híbrido 2,89

Maiores baixas desta quinta-feira (29):

Ticker Nome Setor Variação (%)
(RCRB11)
Rio Bravo Renda Corporativa
Lajes comerciais -3,12
(HGRE11) CSHG Real Estate Lajes comerciais -2,92
(ALZR11) Alianza Trust Renda Híbrido -1,83
(MCCI11) Maua Capital Recebiveis Recebíveis -1,1
(HGCR11) CSHG Recebiveis Recebíveis -0,85

RZTR11 adquire participação na Eco Brasil Florestas; preço justo de imóveis do VTLT11 e do GTWR11 é reavaliado para baixo

Confira as últimas informações divulgadas por fundos imobiliários em fatos relevantes:

Riza adquire participação de R$ 40 milhões na Eco Brasil Florestas

O fundo Riza Terrax (RZTR11) celebrou a aquisição de participação na Eco Brasil Florestas S.A, no valor de R$ 40 milhões, segundo informou na noite de quarta-feira (28).

A participação do fundo na transação está relacionada à aquisição das propriedades Bela Vista I, Bela Vista II, Bom Jesus, Cachoeira – Lote 1, Cachoeira – Lote 2, Caititu, Estância Córdoba, Feio, Lontra, Pitanga, União I, União II, União III e Vai Quem Quer.

A área total das propriedades é de 12.533,76 hectares. A transação se encaixa na estratégia de gestão de Land Equity. O fundo informou ainda que, por ora, a cota do produto não será afetada, e que isso só deve ocorrer em caso de arrendamento ou venda da propriedade.

Green Towers e Votorantim Logística: preço de propriedades é reavaliado para baixo

Na véspera (28), os fundos Votorantim Logística (VTLT11) e Green Towers (GTWR11) informaram o valor justo utilizado para a marcação dos imóveis das carteiras passou por ajustes após novo laudo de avaliação, segundo comunicado desta quarta-feira (28).

No primeiro caso, o laudo constatou que o valor justo que deve ser utilizado para marcação do imóvel é de R$ 207,09 milhões, montante inferior ao valor contábil atual dos imóveis, totalizando uma variação negativa de 2,15% no valor do patrimônio líquido do fundo.

No caso do Green Towers, entendeu-se que o valor justo que deve ser utilizado para marcação do imóvel é de R$ 1,13 bilhão, montante inferior ao valor contábil atual do imóvel, o que gerou uma queda de 3,38% no valor do patrimônio líquido do fundo.

Dividendos hoje

Confira quais fundos distribuem rendimentos nesta quinta-feira (29):

Ticker Fundo Rendimento (R$ por cota)
 EDGA11 GALERIA FII 0,15
BTSI19 BTSP II FII 0,73
BTRA11 TERRAS AGRÍCOLAS FII 0,85

Giro Imobiliário: IGP-M avança em dezembro, mas resultado fica abaixo do previsto pelo mercado

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) subiu 0,45% em dezembro, após queda de 0,56% em novembro, e com isso o indicador conhecido como “inflação do aluguel” fechou o ano com alta de 5,45%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (29) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Apesar da aceleração de novembro para dezembro, o resultado ficou abaixo do consenso Refinitiv (o mercado projetava uma alta de 0,54%) e também de dezembro de 2021 (quando a alta foi de 0,87% e a inflação acumulada em 12 meses era de 17,78%).

O IGP-M é chamado de “inflação do aluguel” por ser usado como indexador para reajustar contratos de locação. O Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) calcula os preços ao produtor, ao consumidor e na construção civil entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência.

Mariana Segala

Diretora de Redação do InfoMoney