Quanto rendem R$ 10.000 em fundos imobiliários de diferentes segmentos? Veja simulação e como investir

Cálculos dos especialistas Bruno Mori e Carlos André Vieira dimensionam quanto o investidor pode ganhar com os FIIs

Wellington Carvalho

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Um dos principais atrativos dos fundos imobiliários (FII) é a possibilidade de receber dividendos mensais e isentos de Imposto de Renda. Mas para quem ainda não tem muita experiência no mercado, talvez seja difícil dimensionar quanto, de fato, é possível receber com os rendimentos.

A pedido do InfoMoney, Bruno Mori, planejador financeiro CFP pela Planejar (Associação Brasileira de Planejamento Financeiro), colocou a questão no papel e simulou os dividendos que seriam repassados ao investidor que alocasse, por exemplo, R$ 10 mil reais em um fundo imobiliário.

O especialista tomou como base o dividend yield (taxa de retorno com dividendos) de fevereiro de cinco FIIs de diferentes segmentos. Todas as carteiras estão entre as mais negociadas na Bolsa e registraram, nos últimos 12 meses, o maior dividend yield nos seus respectivos setores.

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Pela simulação e considerando o resultado de fevereiro, o valor investido poderia gerar uma renda passiva – aquela obtida sem o empenho de qualquer esforço – entre R$ 88, no caso do FII HSI Malls (HSML11), e R$ 120, no Riza Akin (RZAK11) e no Automony Edifícios (AIEC11).

Confira abaixo a simulação em detalhes:

Ticker Fundo Segmento Dividend yield em 12 meses (%)  Dividend yield em fevereiro de 2023 (%) Dividendos mensais recebidos (*)
RZAK11 Riza Akin Recebíveis 19,09 1,2  R$ 120,00
AIEC11 Autonomy Edifícios Corporativos Escritório 11,93 1,2  R$ 120,00
BPFF11 Brasil Plural Absoluto Fundo de Fundos 12,78 1,01  R$ 101,00
GGRC11 GGR Covepi Logístico 10,99 0,92  R$ 92,00
HSML11 HSI Malls Shopping 10,72 0,88  R$ 88,00

(*) Valor teoricamente obtido a partir de um investimento de R$ 10 mil.

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“Alguns segmentos do mercado de FIIs, como o de shoppings, sofreram com as restrições impostas pela pandemia da Covid-19, mas agora, com a atividade aquecida, a maioria dos fundos está pagando cerca de 1% ao mês”, diz Mori, que considera o percentual bastante atrativo.

O planejador financeiro lembra que o reinvestimento dos dividendos – ou seja, a compra de mais cotas de FIIs com os rendimentos recebidos – acaba gerando um efeito “bola de neve”, elevando a rentabilidade do investidor.

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Dividendos dos FIIs ao longo do tempo

Embora considere o rendimento atual dos fundos imobiliários atrativos, Mori pondera que o produto é um investimento de renda variável. Desta forma, tanto o patrimônio investido como os dividendos distribuídos podem oscilar ao longo do tempo.

Considerando uma simulação com um intervalo maior, de 12 meses, por exemplo, o dividend yield do RZAK11 está em 19,09%, o que representaria um rendimento de R$ 1.909,00 – ou, em média, R$ 159,08 ao mês.

Os números estão em linha com a simulação feita por Carlos André Vieira, analista-chefe da casa de análises do TC, que também toma como base o dividend yield de cinco fundos de diferentes setores.

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Neste caso, o trabalho analisa o retorno com dividendos dos fundos em 2022 e considera todas as carteiras – e não só as mais negociadas na Bolsa. Todas também registraram o maior dividend yield nos seus respectivos setores.

De acordo com o levantamento, o (JPPA11) – um fundo de recebíveis, ou de “papel”, como também é chamado – gerou um retorno com dividendos de 19,95% em 12 meses, ou R$ 1.995,26, caso o investidor tivesse alocado R$ 10 mil na carteira. Neste cenário, ele teria recebido, em média, R$ 166,27 ao mês.

Confira os demais fundos do levantamento de Vieira:

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Ticker Fundo Segmento Dividend yield em 12 meses (%) Dividendos recebidos em 2022 (*) Dividendos mensais recebidos (*)
JPPA11 JPP Allocation Mogno Recebíveis 19,95  R$ 1.995,26  R$ 166,27
BBFI11B BB Progressivo Escritório 14,34  R$ 1.434,46  R$ 119,54
ALZM11 Alianza Multiestrategia Fundo de Fundos 13,81  R$  1.381,16  R$ 115,10
PLOG11 Plural Logística Logística 11,71  R$ 1.170,57  R$ 97,55
ABCP11 Grand Plaza Shopping Shopping 9,84  R$ 984,01  R$ 82,00

(*) Valor teoricamente obtido com um investimento de R$ 10 mil.

Apesar dos números, há um consenso entre os especialistas de que a escolha de um fundo imobiliário não deve ser feita apenas pelo retorno com dividendos da carteira.

Segundo eles, a análise deve levar em consideração também aspectos como o histórico da gestão do FII, o portfólio, o atual valor da cota e um conhecimento básico sobre o produto. Além disso, a recomendação é sempre por uma carteira diversificada – ou seja, investir em diferentes classes de fundos imobiliários.

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O que são e como funcionam os FIIs

Os fundos imobiliários captam recursos entre os investidores para a compra de imóveis que, posteriormente, podem ser alugados ou vendidos. As receitas obtidas nas transações – locação ou ganho de capital – são distribuídas entre os cotistas, na proporção em que cada um aplicou.

Os rendimentos repassados aos investidores, na forma de dividendos, são isentos de imposto de renda – outra vantagem do produto.

Ao longo dos anos, o mercado de fundos imobiliários se desenvolveu e hoje há fundos focados desde a administração de escritórios até imóveis rurais, passando por shoppings, galpões logísticos, hospitais e agências bancárias, além dos FIIs de “papel”.

No final de fevereiro, o mercado de fundos imobiliários ganhou mais 26 mil investidores, chegando ao total de 2,088 milhões. Em dezembro de 2018, o número estava em 208 mil.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.