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Petrobras ou Chevron, Itaú ou JP, Ambev ou Diageo? Ações populares no Brasil têm paralelos lá fora; confira

Para os habituados a investir em ações no Brasil, é possível encontrar empresas nos EUA com negócios similares que ajudam nos primeiros passos no exterior

Monique Lima

(Gettty Images)

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Familiaridade com uma empresa é um dos gatilhos para investidores pessoas físicas comprarem ações. A confiança é maior com nomes facilmente reconhecidos, como Itaú (ITUB4) ou Petrobras (PETR4), por exemplo. E isso também vale para quem investe no exterior.

As bolsas de Nova York estão cheias de ações de multinacionais populares entre os brasileiros, como Coca-Cola (COCA34), Disney (DIS) e Apple (AAPL). Mas não é apenas a familiaridade com nomes e produtos que pode direcionar os investidores na escolha internacional. A familiaridade com um setor ou um modelo de negócio também podem ser guias.

Para quem investe em bancos no Brasil, o conhecimento sobre indicadores importantes, riscos e fatores macroeconômicos que afetam as ações se aplicam também às instituições financeiras internacionais. Já quem investe em exportadoras sabe a importância da cotação das commodities, do clima e dos custos de frete – informações que também são relevantes para empresas equivalentes listadas em bolsas internacionais.

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“É possível encontrar muitas empresas nos Estados Unidos com negócios similares aos de brasileiras. Dá para identificar semelhanças nos produtos ou serviços, setores e atuação, principalmente, mas os riscos são diferentes, porque estamos falando principalmente de multinacionais”, diz Luan Alves, analista-chefe da VG Research.

O Itaú, por exemplo, é o maior banco brasileiro. Ele também tem operação em outros países da América Latina, mas o grande volume de clientes está no Brasil. Alves afirma que o banco mais similar nos EUA é o JP Morgan (JPM).

“Também é um conglomerado de crédito, como o Itaú, com grande exposição ao mercado interno e uma atuação similar. Mas aí acabam as semelhanças, porque o JP Morgan tem uma atuação internacional muito grande. Isso faz com que os riscos mudem em relação ao Itaú, assim como a exposição regulatória de um banco internacional”, diz o analista.

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Mas as diferenças entre as companhias não invalida este método como uma opção de seleção para o portfólio internacional, segundo Arthur Siqueira, sócio e analista de investimentos da GeoCapital. Segundo ele, a familiaridade com um setor ou um negócio é importante na hora de investir. “Assim você já tem parte do caminho trilhado, o que resta é uma adaptação para entender o risco internacional e mais detalhes sobre a empresa”, diz.

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Siqueira afirma que as empresas mais relevantes do mundo estão fora do Brasil e para ter uma carteira de investimentos diversificada, é necessário ter exposição a esses nomes.

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“Diversificar a carteira não é investir em ações, renda fixa e fundos imobiliários no Brasil. Assim você diversificou a forma de retorno financeiro, mas não o risco. Diversificação de verdade inclui mudança geográfica e de moeda”, diz o sócio da GeoCapital.

Para ele, faz sentido aproveitar um conhecimento e a familiaridade que já se adquiriu com setores de ações investidas nacionalmente. Alves acrescenta que, ao buscar as paralelas nos Estados Unidos, a melhor opção é buscar os nomes líderes do setor.

“Se investe nos maiores nomes do Brasil, o melhor caminho é buscar os maiores nomes internacionais também. São empresas conhecidas, com histórico de crescimento e mais informações disponíveis para as análises iniciais”, diz o analista.

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O InfoMoney levantou as cinco ações brasileiras mais negociadas e suas similares nos EUA. Veja quais são:

Petrobras = Chevron

A Petrobras é um caso bastante específico, segundo os analistas. Por ser uma empresa estatal, seu risco é diferente de uma companhia petroleira privada. Pensando um modelo de negócios, os analistas indicaram a Chevron (CVX) como o exemplo mais próximo.

“A Chevron tem uma dinâmica em Bolsa bastante parecida com a Petrobras, além do modelo de negócio em si. Ambas têm suas performances atreladas à cotação do petróleo. A diferença da Petrobras está no risco maior por ser uma estatal”, diz Alves, da VG Research.

Considerando este aspecto, o analista cita a Saudi Aramco, uma petroleira árabe que é controlada pelo Estado. A empresa não possui ações listadas nos Estados Unidos, apenas na Bolsa da Arábia Saudita.

Ticker Empresa Valor da empresa (bilhões) Preço da ação P/L em 12 meses Crescimento médio anual da receita em 5 anos
PETR4 Petrobras R$ 614,78 R$ 30,33 2,20 17,72%
CVX Chevron US$ 305.04 US$ 157,09 8,49 11,85%

Fontes: Status Invest e Yahoo Finance

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Vale = Albemarle

A Albemarle (ALB) foi a escolha dos analistas para quem está familiarizado com a Vale no Brasil. A empresa também é uma mineradora, porém seu carro-forte é o lítio, não o minério de ferro – e essa é uma das vantagens da companhia.

O lítio é um componente crucial para o desenvolvimento de baterias para veículos elétricos. Em 2020, a Albemarle era a principal fornecedora do lítio no mundo. “O potencial de crescimento da empresa é muito grande. Toda a indústria automobilística tem metas para veículos elétricos e o consumo de lítio só deve aumentar com os anos”, argumenta Siqueira, da GeoCapital.

Ticker Empresa Valor da empresa (bilhões) Preço da ação P/L em 12 meses Crescimento médio anual da receita em 5 anos
VALE3 Vale R$ 355,51 R$ 68,67 4,55 15,85%
ALB Albemarle US$ 28,26 US$ 226,79 7,24 18,97%

Fontes: Status Invest e Yahoo Finance

Itaú = JP Morgan

Ambos os bancos são conglomerados de crédito dominantes em seus países. Entretanto, o JP Morgan tem uma exposição internacional maior do que o Itaú – o banco opera em mais de 100 países. Em 2022, foi considerado o sexto banco mais rentável do mundo, com US$ 3,74 trilhões em ativos.

Outros bancos que os analistas também citaram como paralelos do Itaú são o Goldman Sachs (GSGI34) e o Bank of America (BAC).

Ticker Empresa Valor da empresa (bilhões) Preço da ação P/L em 12 meses Crescimento médio anual da receita em 5 anos
ITUB4 Itaú R$ 255,17 R$ 28,36 9,26 13,63%
JPM JP Morgan US$ 324,41 US$ 141,49 10,37 5,09%
GS Goldman Sachs US$ 264,67 US$ 336,68 11,89 6,41%
BAC Bank of America US$ 232,06 US$ 29,12 8,71 2,95%

Fontes: Status Invest e Yahoo Finance

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B3 = CBOE

Para quem está familiarizado com a exposição a bolsas, os analistas indicaram três opções de empresas dos Estados Unidos: a CBOE (C1BO34), bolsa de opções de Chicago; a CME (CME),  bolsa de derivativos de Chicago; e a holding proprietária da Bolsa de Nova York, Intercontinental Exchange (ICE).

“São três bolsas dominantes nas áreas em que atuam, com gestão sólida e bons modelos de negócios”, diz Siqueira, da GeoCapital.

A CBOE é a maior bolsa de opções dos Estados Unidos, além de ter derivativos do S&P 500 e o índice de volatilidade VIX. A CME é a principal bolsa de derivativos do país, com negócios de grãos como milho, soja e café, além de produtos de energia, como petróleo e gás natural. Metais como ouro e prata também são negociados lá.

Por fim, a ICE é uma holding proprietária de bolsas, como a de Nova York (NYSE), a maior dos EUA. A empresa tem tecnologia e domina áreas importantes da cadeia financeira, como serviços de custódia e liquidação.

Ticker Empresa Valor da empresa (bilhões) Preço da ação P/L em 12 meses Crescimento médio anual da receita em 5 anos
B3SA3 B3 R$ 85,88 R$ 15,10 20,41 22,44%
ICE Intercontinental Exchange US$ 61,96 US$ 111,39 42,95 9,78%
CME CME Group US$ 67,16 US$ 181,51 23,02 6,60%
CBOE Cboe Global Markets US$ 16,15 US$ 139,00 49,30 37,81%

Fontes: Status Invest e Yahoo Finance

Ambev = Diageo

As indicações de ações internacionais para quem tem exposição à Ambev no Brasil foram Diageo (DEOP34) e Coca-Cola. No primeiro caso, os analistas afirmaram que a empresa tem uma exposição global forte, com marcas de bebidas tradicionais e com recorrência de compra.

“A Diageo tem um modelo de negócio mais resiliente, com marcas relevantes e de qualidade. É mais difícil ver uma pessoa que bebe whisky trocar sua marca favorita na hora da compra do que uma pessoa que está buscando por cerveja, por exemplo”, diz Siqueira. A Diageo é fabricante de destilados como Smirnoff, Johnnie Walker e Tanqueray.

Já a Coca-Cola é mais similar à Ambev em termos de modelo de negócio, com a venda de bebidas alcoólicas e não alcoólicas reconhecidas pelo público.

Ticker Empresa Valor da empresa (bilhões) Preço da ação P/L em 12 meses Crescimento médio anual da receita em 5 anos
ABEV3 Ambev R$ 231.29 R$ 15,18 16,31 10,72%
DEO Diageo US$ 113,95 US$ 172,44 22,14 3,70%
KO Coca-Cola US$ 291,29 US$ 60,77 26,80 3,50%

Fontes: Status Invest e Yahoo Finance