Conteúdo editorial apoiado por

BHP lidera e Petrobras é 2ª maior pagadora de dividendos do mundo em 2022

Estatal distribuiu US$ 21,7 bilhões em proventos no ano passado; gestora Janus Henderson projeta dividendos globais de US$ 1,6 trilhão em 2023

Katherine Rivas

Publicidade

No assunto remuneração aos acionistas, 2022 foi um dos melhores anos para quem investe na Petrobras (PETR4). A estatal foi a segunda maior pagadora de dividendos do mundo no ano passado, tendo distribuído US$ 21,7 bilhões em proventos, mais que o dobro dos depósitos de 2021, que somaram US$ 9,1 bilhões.

Os números refletem uma situação que, na visão da maior parte dos analistas, não deve se repetir neste ano. O volume de dividendos da Petrobras tem sido questionados pelo atual governo desde a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A expectativa é de que, a partir de agora, uma parcela maior do lucro da estatal passe a ser destinada a investimentos ou até mesmo a iniciativas para segurar os preços dos combustíveis, no lugar de ser distribuída aos acionistas.

A mineradora australiana BHP (BHPG34) liderou o ranking pelo segundo ano consecutivo, com um crescimento de 8% impulsionado pelos preços do carvão – e apesar da cisão da sua participação na Woodside Petroleum. A companhia pagou US$ 23,5 bilhões em dividendos aos seus investidores.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Os dados são da 37ª edição do Índice Global de Dividendos da gestora Janus Henderson. O relatório analisa trimestralmente as 1.200 maiores empresas do mundo por capitalização de mercado, que representam 90% dos dividendos distribuídos globalmente. A gestora britânica tem cerca de US$ 287 bilhões em ativos sob gestão.

Segundo a Janus Henderson, a Petrobras não foi a maior pagadora do mundo apenas por questões tributárias. A gestora explica que a Austrália possui um sistema tributário que sobretaxa os dividendos de forma diferente que o Brasil. Desta forma, se ambos os países tivessem um sistema de cobrança semelhante, a Petrobras teria liderado o ranking.

Globalmente, o pagamento de dividendos alcançou um novo recorde, chegando a US$ 1,56 trilhão em 2022. O crescimento nominal foi de 8,4% em comparação a 2021, quando os proventos alcançaram US$ 1,44 trilhão. Se observado o crescimento subjacente (com ajustes devido ao efeito cambial e aos dividendos não recorrentes), o salto foi de 13,9%.

Leia mais:

O resultado foi fruto do forte desempenho dos produtores de petróleo e gás – que representaram um quarto do aumento global em 2022, metade vindo dos mercados emergentes. Segundo o levantamento, 88% das empresas mantiveram ou aumentaram os dividendos no ano passado.

O setor financeiro, com destaque para bancos, também teve sua contribuição, após o fim das restrições de pagamentos devido à pandemia e o aumento das taxas de juros.

Juntos, bancos e empresas de petróleo e gás foram responsáveis pela metade do crescimento dos dividendos globais em 2022. Ambos os setores compensaram a queda nos proventos das mineradoras, que recuaram em relação a 2021, acompanhando os preços mais baixos das commodities.

As 10 empresas que mais pagaram dividendos no mundo em 2022

  1. BHP (BHPG34)
  2.  Petrobras  (PETR4;PETR3)
  3. Microsoft (MSFT34)
  4. Exxon Mobil (EXXO34)
  5.  Apple (AAPL34)
  6.  China Construction Bank
  7. Rio Tinto (RIOT34)
  8. China Mobile Limited (C1HL34)
  9. JPMorgan (JPMC34)
  10. Johnson & Johnson (JNJB34)

Subtotal: US$ 155,1 bilhões

Doze países registraram dividendos recordes em 2022, como Estados Unidos, Canadá, China, Índia, Taiwan, Brasil, Dinamarca, Suíça, Hong Kong, Catar, Kuwait e Arábia Saudita.

As empresas brasileiras depositaram um recorde de US$ 33,8 bilhões em dividendos em 2022, com crescimento nominal de 24% comparado aos US$ 27,3 bilhões de 2021. Já o crescimento subjacente foi de 30,1%.

Os dividendos extraordinários aumentaram 3,7% no Brasil, puxados principalmente pela Petrobras, que pagou US$ 12,6 bilhões a mais no ano passado. Foi o maior crescimento anual de proventos visto em uma empresa do índice.

A fabricante de bebidas Ambev (ABEV3) também contribuiu, distribuindo US$ 3,57 bilhões aos acionistas e ocupando a 94ª posição no levantamento da Janus Henderson. Ainda JBS (JBSS3), Weg (WEGE3) e Bradesco (BBDC4) figuraram no ranking, com dividendos de US$ 882 milhões, US$ 381 milhões e US$ 362 milhões, respectivamente. A JBS ocupou a 415ª posição, enquanto a Weg e Bradesco ficaram na 664ª e 674ª.

Não fosse a Vale, que pagou US$ 6,86 bilhões, os dividendos brasileiros teriam apresentado um avanço maior. A mineradora perdeu posições e ficou na 32ª colocação global no ranking. Em 2021, ela foi a oitava maior pagadora.

Ainda na América Latina, a Ecopetrol – maior petrolífera da Colômbia – contribuiu com o recorde do país vizinho, que registrou pagamentos de US$ 4,7 bilhões em 2022, ante USS$ 193 milhões no ano anterior. A Ecopetrol ocupou a 58ª posição no ranking global.

Dividendos nos mercados emergentes

Os dividendos dos mercados emergentes atingiram o recorde de US$ 151,4 bilhões, quase o dobro do nível de 2016. Em 2021, os dividendos da região foram de US$ 133,9 bilhões. Como no restante do mundo, os setores financeiro e de petróleo e gás impulsionaram o crescimento, já que a região sofreu com a queda dos proventos da mineração.

Os dividendos da China também foram recordes, totalizando US$ 49,7 bilhões, ante US$ 44,3 bilhões em 2021 – apesar do encolhimento do setor imobiliário no país. A Índia também registrou recorde, com dividendos de US$ 21,6 bilhões, ante US$ 15,7 bilhões em 2021.

Leia também:

Outras regiões

Os dividendos dos Estados Unidos atingiram um recorde de US$ 574,2 bilhões, contra US$ 522,1 bilhões em 2021.

Apesar de os pagamentos terem aumentado mais que a média dos últimos anos, o crescimento dos dividendos dos Estados Unidos foi mais lento do que no restante do mundo dada a menor exposição aos setores de destaque em 2022.

No entanto, 94% das empresas americanas mantiveram ou aumentaram as distribuições. Sete das onze empresas globais que pagaram mais de US$ 10 bilhões em 2022 eram do país. Entre os destaques estão Pioneer Natural Resources, Chevron e Exxon, no segmento de petróleo e energia; Wells Fargo, Morgan Stanley e Blackstone, no setor financeiro.

Ainda na América do Norte, os dividendos canadenses também registraram recorde de US$ 56,9 bilhões, também por conta de produtores de energia e finanças. Foi o sexto ano consecutivo que as distribuições cresceram mais que as americanas.

Já na Europa, os dividendos alcançaram US$ 254,7 bilhões em 2022, ante US$ 229,1 bilhões em 2021. Dinamarca e Alemanha tiveram o crescimento mais acelerado do continente.

Um terço do aumento veio do segmento de veículos e bens de luxo, favorecido por demanda forte e preços altos com a normalização da produção no pós-pandemia. Os bancos também contribuíram, após o fim dos limites regulatórios impostos na pandemia.

Já o segmento de transporte foi favorecido pela gigante dinamarquesa Moller Maersk, que registrou preços recordes de frete. O setor de petróleo também teve sua contribuição, com distribuições extraordinárias da TotalEnergies e da Equinor.

Veja também:

Além do impacto para petroleiras, imposto sobre exportação abre precedente bem negativo (inclusive para outros setores)

Petrobras tem queda forte em dia marcado por anúncio de reoneração e com rumores sobre mudança nos dividendos

O que esperar em 2023?

Segundo Jane Shoemake, gestora de renda variável global da Janus Henderson, os dividendos globais finalmente se recuperaram dos efeitos da pandemia e voltaram à sua tendência histórica. Contudo, devem enfrentar incertezas em 2023. Pesam na equação fatores como inflação, taxas elevadas de juros por mais tempo e riscos geopolíticos.

Em um cenário de desaceleração econômica em vários países, Jane destaca que as empresas já começam a sentir a pressão no fluxo de caixa. Isso, somado ao maior custo dos empréstimos, pode acabar afetando os proventos. Dividendos extraordinários, por exemplo, devem apresentar queda.

Na visão setorial, Jane acredita que os dividendos do setor de energia dificilmente devem repetir o crescimento acentuado de 2022. Já para os dividendos de mineração, a tendência é de queda.

Do lado positivo, os dividendos de bancos podem aumentar, por conta das taxas de juros elevadas, desde que as instituições tenham um planejamento prudente em relação aos empréstimos. A gestora reforça que a reabertura da China também pode beneficiar os dividendos globais, quando a atual onda de infecções de Covid-19 passar.

“Os fáceis ganhos pós-pandemia ficaram para trás, mas ainda esperamos um crescimento modesto em dividendos em 2023”, destaca. A projeção da Janus Henderson é de que neste ano os dividendos globais cheguem a US$ 1,6 trilhão, aumento de 2,3% na base nominal e de 3,4% na base subjacente.

Newsletter

Quer aprender a investir – e lucrar – no exterior?

Inscreva-se na newsletter do InfoMoney para receber informações sobre tributação, procedimentos de envio e sugestões de alocação para seu dinheiro lá fora. É de graça!

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.