Para Xavier e Stuhlberger, Banco Central não deveria cortar juros mais uma vez

Gestores concordam que reduzir o nível atual da Selic, que já é o menor da história, pode obrigar BC a antecipar movimento inverso, de aperto monetário

Pedro Ladislau Leite

SÃO PAULO – O Banco Central define na próxima semana se reduz ou não a Selic, taxa básica de juros da economia. O consenso de mercado prevê mais um corte, de 0,25 ponto, o que levaria a a taxa a 4,25% ao ano.

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Para dois dos principais gestores do país, no entanto, se essa projeção se materializar, o Banco Central estará cometendo um erro.

Luis Stuhlberger, fundador da gestora Verde, e Rogério Xavier, fundador da SPX, concordam que reduzir o nível atual dos juros, que já é o menor da história do país, pode obrigar o BC a antecipar o movimento inverso, de aperto monetário. Os dois participaram nesta manhã de evento promovido pelo Credit Suisse, em São Paulo.

“Achamos que o mercado vai empurrar o Banco Central a fazer bobagem. Os níveis que temos atualmente já deveriam ser olhados com maior cuidado”, disse Xavier, o mais incisivo contra novos cortes. “Os efeitos da política monetária são sentidos na economia só após nove meses e, na inflação, depois de 15 a 18 meses.”

No patamar atual, a Selic já colocaria a inflação no centro da meta de 2021, afirma Xavier, para quem níveis menores de juros são agressivos demais. Em sua visão, se forçar a mão, na tentativa de induzir os juros mais longos a níveis menores, o Banco Central pode precisar levar a Selic a 8% mais à frente.

“A economia não está mais pedindo esse estímulo monetário. Acho muito perigoso ficar com o referencial de juros baixos em relação ao resto do mundo, com nosso déficit na conta corrente”, completa.

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Em sua última carta aos cotistas, divulgada neste mês, a SPX já havia sinalizado que acreditava que a política monetária já se encontra “bastante acomodatícia”, indicando que os juros deveriam voltar a subir neste ano, provavelmente no terceiro trimestre.

Stuhlberger destacou que, assim como aconteceu com a alta do dólar ante o real no ano passado, existe o risco de que a inflação dê um salto. “Em algum momento pode não ter uma linearidade. Isso já aconteceu e, quando vem, é muito rápido.”

Na visão do gestor, o BC deveria ter parado o movimento de queda quando a Selic chegou a 4,75% ao ano. Mas ele ponderou que o próprio economista-chefe da Verde não acompanha sua visão.

Em seu último relatório, os gestores da Verde destacaram que mantêm pouco mais de 20% do portfólio do fundo macro alocado em ações no Brasil.

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Pedro Ladislau Leite

Repórter de investimentos do InfoMoney, cobre os mercados de renda fixa (Tesouro Direto e títulos privados) e de renda variável, acompanhando as movimentações dos principais gestores de fundos no país.