Nova regra de marcação a mercado da renda fixa passa a valer nesta 2ª; entenda o que muda

Mudança promete trazer transparência e permitir que pequenos investidores consigam acompanhar, dia a dia, quanto vale o patrimônio que adquiriram

Neide Martingo

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O ano mal começou e já há novidades para acompanhar. Uma delas interessa principalmente os pequenos investidores interessados pela renda fixa: é a marcação a mercado, medida que vem sendo anunciada há algum tempo e passa a valer a partir desta segunda-feira (2).

A renda fixa brilhou em 2022 e tudo indica que o cenário permanecerá neste ano, já que as taxas de juros devem permanecer nas alturas, segundo os analistas. Por isso, o investidor precisa ficar atento às mudanças. Pode-se dizer que a marcação a mercado, uma questão regulatória, vai trazer transparência aos investimentos.

Ou seja, a nova regra vai permitir que os investidores consigam acompanhar, dia a dia, quanto vale o patrimônio que adquiriram. Isso porque esse processo nada mais é do que a atualização do valor dos papéis, segundo os preços pelos quais estão sendo negociados no mercado.

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Distribuidores de investimentos, como bancos e corretoras, vão precisar “marcar a mercado” o valor de alguns títulos de renda fixa, como Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) e Imobiliário (CRIs)debêntures e títulos públicos adquiridos via tesouraria. Confira o detalhamento da nova regra no guia especial preparado pelo InfoMoney.

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Mas o que exatamente vai mudar a partir de hoje? Os extratos de investimentos apresentarão os valores atualizados dos ativos, de acordo com os preços pelos quais estão sendo negociados a cada dia. Com esse processo, o investidor passará a entender melhor quanto vale hoje o título que comprou no passado. Os extratos de investimentos deverão conter a data da última atualização do preço de cada um dos ativos do investidor.

É importante lembrar que, embora os preços dos ativos passem a ser atualizados, se o investidor mantiver os papéis na carteira até o vencimento receberá como retorno a taxa de remuneração que foi contratada quando os adquiriu. A nova medida busca apenas oferecer a chance de acompanhar os preços em tempo real e verificar se há possibilidades de ganho com a saída antecipada do papel.

Antonio van Moorsel, estrategista chefe da Acqua Vero, explica que apesar do nome, a renda fixa não é “fixa” em todos os casos. “Caso o investidor deseje resgatar o investimento antes do prazo de vencimento, estará sujeito a oscilações, que podem ser positivas ou negativas”, detalha.

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“A mudança também é positiva por atrair investidores para o mercado secundário, que passará a oferecer mais oportunidades de lucro também em curto prazo”, destaca van Moorsel.

Por outro lado, diz ele, para quem investe com visão de longo prazo, segurando os títulos na carteira até o vencimento, nada muda. “Para esses, a renda fixa continuará fixa e previsível como sempre foi. Ou seja: a rentabilidade pactuada no momento da compra do título será a que o investidor receberá no vencimento”, afirma.

“Por isso, especialmente investidores conservadores que estão construindo patrimônio com a renda fixa precisam planejar suas alocações com cuidado e ter uma reserva de emergência que permita passar por algum momento de dificuldade financeira sem precisar mexer nos investimentos”, aconselha van Moorsel.

Neide Martingo

Jornalista especializada em Economia, Finanças e Negócios, trabalhou em veículos como Valor Investe, Diário do Comércio e Gazeta Mercantil e escreve sobre Renda Fixa no InfoMoney