Mobius: “Ser investidor de valor não se sustenta mais; ênfase agora será em crescimento”

Durante painel do Onde Investir 2021, guru dos emergentes e diretor da Oaktree compartilharam suas principais apostas para o ano

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – A visão de que é possível focar apenas em empresas de valor, que ainda estejam longe de refletir no preço seu real valor intrínseco, ao investir na Bolsa é uma ideia defasada e hoje tudo deve passar por uma análise de crescimento e de retorno de capital. Essa é a visão de Mark Mobius, sócio-fundador da Mobius Capital Partners.

Durante o painel “A visão de gestores globais para 2021”, do Onde Investir 2021, realizado nesta quinta-feira (28), o “guru dos emergentes” defendeu que “valor é crescimento” e que não é possível mais separar um do outro ao investir em ações. “Ser investidor de valor não se sustenta mais; a ênfase agora será em crescimento”, afirmou.

Segundo ele, as principais oportunidades recaem hoje sobre empresas que consigam utilizar da tecnologia para melhorar seus desempenhos. Isso pode acontecer tanto na indústria quanto no varejo e na mineração, disse. “Quem usar da tecnologia vai ser beneficiado e as ações terão um bom desempenho na Bolsa.”

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Wayne Dahl, diretor e responsável pela gestão de risco da Oaktree Capital, que também participou do painel, avaliou que as empresas que se mostraram mais resilientes e flexíveis em 2020 devem continuar a se destacar este ano. É preciso, contudo, que o investidor fique atento a possíveis mudanças regulatórias e maiores impostos, em especial nas “big techs”, com a maior presença de democratas no Senado americano.

O aumento nas taxas de juros nos Estados Unidos em 2021 também pode pressionar ações que já subiram bastante, disse, de forma a levar investidores a embolsar ganhos.

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“Já temos visto um estresse nas grandes empresas de tecnologia com a inclinação da curva de juros dos EUA – e isso por impactar essas empresas de alto crescimento, que dependem dos juros baixos para ampliar seus múltiplos de ganhos”, afirmou Dahl, durante o painel.

Na Oaktree, gestora de Howard Marks, companhias ligadas à recuperação da economia, como as de commodities, que se beneficiam de um dólar mais fraco, além de setores deslocados da retomada das bolsas como energia, utilities, financeiras e o mercado imobiliário, são as principais apostas para este ano.

Mercados emergentes

Na avaliação dos especialistas, em um cenário de desvalorização do câmbio com os estímulos promovidos pelos países desenvolvidos, a tendência é de que os preços das commodities sigam em alta e que os mercados emergentes ganhem maior atratividade.

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“A China comanda muito a demanda por commodities e, na tentativa de alcançar seus objetivos de longo prazo, vai beneficiar aqueles envolvidos nesses setores”, afirmou Dahl.

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No fundo de países emergentes da Mobius Capital, a maior fatia do portfólio é composta por ativos da Índia, seguida por Coreia, Taiwan e China. “A Índia está se saindo muito bem e, com uma população igual à da China, acreditamos que o país ainda vai nos impressionar com o que está por vir”, avaliou Mobius.

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Já o Brasil responde pela quinta maior posição do fundo, com as principais apostas nos setores de tecnologia – com foco no design de chips e fabricação de semicondutores –, saúde (exames médicos) e infraestrutura, com empresas que produzem insumos para a construção civil, por exemplo.

Entre as companhias brasileiras que compõem o portfólio, Mobius citou B2W, Lojas Americanas e Fleury. “São empresas muito bem administradas. Não olhamos apenas o preço da ação, mas a equipe de gestão e como elas estão posicionadas para o futuro. E essas empresas estão muito bem situadas”, afirmou.

Ouro

Ainda que as notícias de vacinação ao redor do mundo contribuam para um maior otimismo e despertem expectativas de uma recuperação econômica global em 2021, o cenário ainda permanece bastante volátil e é importante que o investidor tenha proteções em seu portfólio.

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Segundo Mobius, toda carteira deve ter uma fatia alocada em ouro, para proteção. “Mas é preciso lembrar que ouro não paga dividendos e não tem crescimento, como o lucro das companhias; é uma forma de moeda – e as moedas ao redor do mundo sempre se desvalorizam”, reforçou.

Composta a parcela de ouro, o “guru dos emergentes” defende que a maior parte do portfólio deve estar em ações, sempre com investimentos focados no longo prazo.

Último dia vem aí

No quarto e último dia do Onde Investir 2021, Albano Franco (SPX) e Marcelo Urbano (Augme Capital) discutem, a partir das 18h desta sexta-feira (29), as principais oportunidades na renda fixa diante de juros menores que a inflação.

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Na sequência, às 19h15, Tiago Berriel (Gávea) e Felipe Guerra (Legacy) compartilham as melhores estratégias de fundos multimercados para este ano. Confira a programação completa aqui.