XP, Verde e Tendências veem ambiente extremamente desafiador, com falta de vacinas e risco fiscal

Em evento do InfoMoney, especialistas disseram que a reforma tributária deveria ser uma das principais, senão a maior prioridade do governo

Lucas Bombana

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SÃO PAULO – As dificuldades de um país emergente de dimensões continentais como o Brasil para iniciar as campanhas de vacinação em larga escala, bem como o risco fiscal que ainda segue bastante presente no radar dos investidores, tornam o ambiente doméstico de curto prazo extremamente desafiador.

Foi essa ao menos a avaliação compartilhada por especialistas da Tendências, da XP e da Verde Asset, durante painel na noite de terça-feira (26) do evento realizado pelo InfoMoney “Onde Investir 2021”, que continua até sexta-feira.

Daniel Leichsenring, economista-chefe da Verde Asset Management, classificou o primeiro trimestre como um período de “máxima angústia” para o país, com a lentidão para a imunização da população em meio à segunda onda da pandemia somada a uma margem de manobra fiscal ínfima por parte do governo, após os gastos elevados e considerados excessivos pelo especialista ao longo do ano passado.

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Na mesma linha, Alessandra Ribeiro, diretora da área de macroeconomia e análise setorial da Tendências Consultoria, projetou que as perspectivas econômicas para o país tendem a se tornar mais favoráveis somente em meados do segundo semestre, quando boa parte da população já estiver vacinada.

“Não é uma avaliação muito otimista em relação à performance da economia brasileira neste ano, mas é uma visão favorável”, ponderou a especialista, que projeta um crescimento para o PIB do Brasil em 2021 de 2,9%, abaixo dos 3,5% estimados pelo mercado no boletim Focus.

“Ainda vemos com muita preocupação a situação fiscal”, afirmou Alessandra, que identificou um aumento do risco de extensão do auxilio emergencial nas últimas semanas como reflexo do número de casos e de óbitos provocados pela pandemia e da falta de vacinas em número suficiente no país para acelerar a campanha de imunização.

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Já o economista-chefe da XP, Caio Megale, lembrou que, caso o governo identifique de fato a necessidade de uma prorrogação da ajuda financeira, é importante que ela seja menos abrangente do que foi em 2020, e que venha acompanhada de medidas compensatórias para controlar a trajetória da dívida pública.

De toda forma, Megale disse também que o ambiente internacional para 2021 é bastante positivo, com as grandes economias em um crescimento global sincronizado capitaneado pelo gigante chinês.

A estimativa da XP aponta para um crescimento de nada menos do que 9% do emergente asiático neste ano, com um consequente e significativo impacto positivo para exportadores de commodities na América Latina, disse Megale.

“O cenário global vai nos ajudar muito”, assinalou o economista-chefe da XP, acrescentando, contudo, que o Brasil precisa fazer a lição de casa, ou seja, avançar com as vacinas e com a agenda de reformas.

Na avaliação dos especialistas, a reforma tributária deveria ser uma das principais, senão a maior prioridade do governo, antes que o tema das eleições em 2022 tome conta de Brasília.

Alta dos juros

No dia em que a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central foi divulgada, os especialistas falaram também sobre as perspectivas para a política monetária.

Segundo a diretora da Tendências, com as últimas sinalizações da autoridade monetária, a expectativa para o início da alta da taxa de juros, que era esperada até então para setembro, foi antecipada para o primeiro semestre.

A dúvida que persiste na cabeça dos especialistas da consultoria está entre a primeira alta da Selic pelo BC no encontro do Copom de março ou de maio, a depender da evolução do risco fiscal e do ritmo de recuperação da economia até lá, afirmou Alessandra.

Já Megale, da XP, ressaltou que em um momento no qual a economia já deve sentir o impacto negativo do fim do auxilio emergencial, o aperto da política monetária precisa ser avaliado com cuidado para evitar que a recuperação ainda tímida da economia local seja interrompida.

“Nossa impressão é que março ainda vai ser cedo demais [para o BC subir os juros], dado o grau de incerteza na economia”, afirmou o economista-chefe da XP, que acredita que o movimento deve ter início em maio, com a Selic em 3,5% em dezembro, e em 4,5% no ano que vem.

Leichsenring, da Verde, lembrou que a taxa de juros está no mesmo nível estimulativo de quando a pandemia estava em seu ápice em termos globais, sendo que o ambiente hoje é muito mais favorável do que alguns meses atrás devido às vacinas e à retomada em curso da atividade. “Me parece que o BC hoje estaria confortável de devolver a taxa Selic para o nível de estímulo pré-pandemia”, por volta dos 4%, ponderou o especialista.

Hoje tem mais

No segundo dia do “Onde Investir 2021”, Beatriz Fortunato (Studio), Fernando Ferreira (XP Inc.) e Marcio Correia (JGP), discutem, a partir das 18h, o que esperar da Bolsa brasileira em 2021.

Na sequência, às 19h15, Carlos Martins (Kinea) e Daniel Caldeira (Mogno Capital) participam do painel de fundos imobiliários, elencando as principais promessas no setor para este ano. Confira a programação completa aqui.

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