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O volume acumulado negociado com contratos futuros de Bitcoin (BITFUT), liberados pela Bolsa em 17 de abril, já soma uma cifra de R$ 223,3 bilhões, até 20 de agosto, segundo dados da bolsa da valores. O montante é cerca de 15 vezes superior aos R$ 14,2 bilhões negociados em Bitcoin (BTC), no mercado à vista, nas exchanges locais no mesmo período, conforme informações da plataforma monitor.biscoint.io.
Essa movimentação alta de dinheiro, maior do que o valor de mercado da Ambev (ABEV3), foi impulsionada por uma série de fatores, segundo especialistas consultados pelo InfoMomoney, como facilidade no investimento, entrada de investidores, participação de órgãos reguladores, diminuição de spread (diferença entre os preços de compra e de venda de um ativo) e aumento de liquidez.
“Antes você tinha que se cadastrar numa corretora lá de fora para poder operar futuros de Bitcoin, e agora você poder fazer as operações aqui no Brasil. Essa facilidade e essa praticidade de você não precisar enviar o dinheiro para fora com certeza ajuda e contribui muito para esse crescimento cada vez maior”, diz Rodrigo Cohen, embaixador da XP Investimentos.
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Os futuros de Bitcoin já existem há bastante tempo em exchanges internacionais, como Binance, OKX e Bitget, e foi lançado há cerca de sete anos no CME Group, nos Estados Unidos. No entanto, por causa do receio com os colapsos de empresas do setor – como FTX e Voyager Digital -, bem como a falta de regulação, muitos investidores locais tinham um pé atrás com o segmento internacional de derivativos de tokens, visto quase como um “faroeste“.
“À medida que implementamos essa solução (contratos na B3), conseguimos atrair não apenas pessoas que já estavam no universo das criptomoedas, operando através de exchanges, mas também aquelas que ainda não operavam porque esses contratos não estavam sob o guarda-chuva de proteção da B3 e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)”, diz o trader Alexandre Wolwacz, conhecido como Stormer.
Em maio, primeiro mês completo do novo derivativo, foram negociados quase 705 mil contratos de BITFUT, movimentando R$ 24,2 bilhões. Em junho, tanto o número de contratos quanto o valor dobraram em relação ao mês anterior. Em julho, a quantidade de instrumentos financeiros transacionados no período bateu recorde e saltou para quase 2,4 milhões, com um total financeiro de R$ 84,2 bilhões, o que representa um aumento de 76,88% em comparação com os 30 dias anteriores.
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Veja número de contratos futuros negociados e volume em cada mês:
Mês | Contratos negociados | Volume (R$) |
Abril* | 102.160 | R$ 3.394.334,940 |
Maio | 704.954 | R$ 24.242.719,450 |
Junho | 1.333.580 | R$ 47.613.636,022 |
Julho | 2.396.812 | R$ 84.220.760,466 |
Agosto** | 1.941.067 | R$ 63.914.573,872 |
Total | 6.358.490 | R$ 223.386.024,75 |
*Entre 17 e 30 de abril de 2024
**Entre 1º a 20 de agosto de 2024
Redução do spread
Além do ambiente regulado, a entrada de novos investidores e o aumento no volume de negociações impulsionaram a liquidez dos contratos, resultando em uma redução do spread, o que também contribuiu para o avanço do setor, segundo as fontes. Em abril, quando o BITFUT foi liberado para negociação, a diferença entre os preços de compra e de venda girava na faixa dos 80 a 110 pontos; atualmente, essa diferença é de 20 pontos.
Na prática, um spread mais baixo significa que o custo para negociar o ativo é menor, pois a diferença entre o preço pelo qual se pode comprar e o preço pelo qual se pode vender é reduzida. “E isso é muito bom, porque permite entrar e sair de posições mais rápidas e com menos custo”, diz Stormer.
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Já Cohen fala que o cenário é como uma bola de neve. “Uma coisa puxa a outra. Com o volume aumentando, você tem também cada vez mais liquidez, ou seja, cada vez mais pessoas operando, que no início ficavam com medo de pegar um spread muito alto e acabar pagando um preço mais caro, porque não tinha gente para poder vender por aquele preço. Então agora há menos medo e uma segurança maior para poder operar”.
Cenário positivo
Outro fator que deu um empurrão no mercado de contratos futuros de BTC na B3, segundo os especialistas, foi o momento atual positivo da maior criptomoeda do mercado. Impulsionada pelo lançamento dos ETFs (fundos de índice) à vista de Bitcoin, em janeiro, a cripto atingiu uma nova máxima histórica em dólar (quase US$ 74 mil), em março, e um recorde na moeda brasileira (R$ 380,5 mil), em julho, por causa diferença cambial.
Além da renovação dos recordes de preços, o ativo também entrou na esfera política após o ex-presidente Donald Trump, um antigo crítico do setor, abraçar de vez as criptos, afirmando inclusive que vai manter uma reserva de BTC nos EUA. “Todos esses acontecimentos fazem com que o Bitcoin se movimente, movimentando também, obviamente, o Bitcoin futuro aqui no Brasil”, diz Cohen.
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Volume de negociação de Bitcoin à vista nas exchanges locais:
Mês | Bitcoins negociados | Volume (R$) |
Abril* | 11.630 | R$ 1.460.000,00 |
Maio | 8.028 | R$ 2.690.000,00 |
Junho | 7.868 | R$ 2.820.000,00 |
Julho | 10.780 | R$ 3.770.000,00 |
Agosto | 10.690 | R$ 3.400.000,00 |
Total | 48.996 | R$ 14.260.000,00 |
*Entre 17 e 30 de abril de 2024
**Entre 1º a 20 de agosto de 2024
Perfil de investidores
De acordo com os especialistas, o perfil dos investidores que operam contratos futuros de BTC ainda é predominantemente de traders mais experientes e com conhecimentos avançados. Stormer fala que a volatilidade desses ativos ainda intimida profissionais com menos familiaridade com análise técnica, além de afastar investidores iniciantes.
Cohen relata que, com a melhoria da liquidez, também tem visto um aumento de investidores instucionais, principalmente porque o Bitcoin local ainda tem diferença de preço com o BTC de fora, o que pode ser aproveitado. Além disso, diz, a crescente entrada de pessoas físicas também estimula a participação dos grandes investidores, visto que ajudam na liquidez.
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Como investir e riscos
Os contratos futuros de Bitcoin podem ser negociados na B3. Eles são acordos de compra ou venda da cripto em uma data futura específica que permitem aos investidores a exposição ao preço sem a necessidade de ter a criptomoeda. Eles valem 10% do valor da cripto em reais. Ou seja, como o BTC era negociado a R$ 326 mil nesta quarta-feira (21), 1 BITFUT valia R$ 32.600.
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Como funciona o contrato Futuro de Bitcoin
Assim como acontece com BTC, conhecido por sua alta volatilidade, o mesmo não deixa de ocorrer com os contratos futuros de Bitcoin. Isso significa que os preços podem mudar drasticamente em um curto período, levando a ganhos ou perdas significativas.
Esses derivativos também permitem alavancagem (ou seja, o investimento de um valor maior do que aquele que se tem em conta), o que pode tanto amplificar o lucro como corroer o patrimônio.
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