A média móvel é um recurso amplamente usado na análise gráfica ou técnica por traders em todo mundo. Ele é um rastreador de tendências de alta e de baixa, que auxilia na interpretação do movimento do ativo, identificando e confirmando qual é a direção do mercado.

Por meio da média móvel, fica mais fácil visualizar e entender o comportamento dos preços do ativo, já que, como o próprio nome diz, esse indicador traz uma média de preço de “x” períodos.

Os indicadores de rastreamento de tendência, por essência, sempre seguem a “tendência predominante do ativo”. Dessa forma, em um mercado onde temos uma tendência de alta ou de baixa ele funcionará muito bem.

Entretanto, quando temos um mercado em tendência lateral, consolidado, esse tipo de indicador não tem boa funcionalidade.

O ponto positivo das médias móveis é que quando um ativo entra em uma forte tendência de alta ou de baixa, é possível aproveitar uma movimentação direcional e ampla, o que gera um alto retorno nas operações.

Além disso, as médias móveis acompanham a subida e a descida dos preços. Quando ocorre uma maior volatilidade no preço do ativo, há um afastamento desses preços do ativo em relação à média, e a tendência é que os preços voltem a tocar na média.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Por isso, a média móvel funciona como suporte e resistência móvel.

No entanto, a média móvel é considerada um indicador atrasado em relação ao preço do momento, já que seu cálculo é feito em cima de candles anteriores, em relação ao seu preço atual na tela.

No mais, geralmente é usado o valor do fechamento do candle. Assim, quando o valor de um candle mais recente entra no cálculo, o mais antigo sai.

Como calcular a média móvel

Partindo para a prática, abaixo temos os exemplos de cálculos para médias móveis de quatro períodos:

1° cálculo: Valor de fechamento do candle 1; candle 2; candle 3; candle 4, enquanto o candle 5 estará em negociação e ainda não foi fechado.

2° cálculo: Valor de fechamento do candle 2; candle 3; candle 4; candle 5, enquanto o candle 6 estará em negociação e ainda não foi fechado.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

3° cálculo: Valor de fechamento do candle 3; candle 4; candle 5; candle 6 enquanto o candle 7 estará em negociação, e ainda não foi fechado.

Observe que, no cálculo 2, assim que o candle 5 é fechado, ele entra no cálculo e o candle 1 sai. O mesmo acontece no cálculo 3, assim que o candle 6 é fechado, ele entra no cálculo no lugar do candle 2, e assim por diante.

O cálculo dos candles é o que gera a média móvel.

Quais são os tipos de médias móveis

Dentre as médias móveis existentes, os tipos mais usados são: MMS ou MMA (Média Móvel Simples ou Aritmética) e MME (Média Móvel Exponencial).

MMS ou MMA

As médias móveis simples (MMS) também são chamadas, em algumas plataformas e livros, como médias móveis aritméticas (MMA). Ambas são a mesma média, porém com nomes diferentes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Como o próprio nome já diz, a média móvel simples é um cálculo simples. Um exemplo prático dela é: você se lembra quando você estava na escola e queria saber qual foi sua média nas últimas 5 provas? Você precisava somar todas as notas e dividir por 5, assim teria a sua média.

Na média móvel simples o cálculo é o mesmo. Ao escolher a quantidade de períodos (quantidade de candles) para os quais deseja calcular a média, o indicador irá somar todos os valores de fechamento e dividir o valor pela quantidade de períodos escolhidos. Assim, sua média vai sendo plotada no gráfico, ou seja, todos os valores somados têm o mesmo peso.

No gráfico diário de GGBR4, acima, podemos observar a média móvel aritmética (MMA) de 21 períodos (linha verde).

MME

Na média móvel exponencial o cálculo é bem parecido com o da média móvel simples, porém há um diferencial: é atribuído um peso maior aos valores de fechamento dos candles mais recentes.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Consequentemente, essa média exponencial ficará um pouco mais próxima dos preços, reduzindo o atraso em relação a MMS. Isso significa que as médias móveis exponenciais são mais sensíveis aos novos preços de fechamento.

No gráfico diário de GGBR4 acima, podemos observar a média móvel exponencial (MME) de 21 períodos (linha vermelha).

Agora, veja abaixo, os mesmos gráficos anteriores, porém com as duas médias plotadas, ambas de 21 períodos, sendo uma aritmética representada pela linha verde e a outra exponencial representada pela cor vermelha.

Observe, portanto, que a MME anda mais próxima dos preços que a MMA.

CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE

Periodicidade das médias móveis

As médias móveis podem ter quatro tipos de periodicidade:

  • Curtíssimo prazo (5 a 13 períodos),
  • Curto prazo (14 a 25 períodos),
  • Médio prazo (26 a 72 períodos) e
  • Longo prazo (acima de 73 períodos).

Importante: tais limites de periodicidade não são fixos e podem variar de investidor para investidor.

Vale destacar, porém, que quanto menor a periodicidade da média, mais próximo do preço do ativo a média vai estar. Isso significa que ela será mais sensível perante a volatilidade dos preços.

Em contrapartida, quanto maior a periodicidade da média, mais distante do preço essa média andará.

Com a média móvel podemos identificar, portanto, facilmente as tendências primárias, secundárias e terciárias de um ativo.

Como usar a média móvel para analisar os gráficos?

As médias de periodicidade de curtíssimo prazo são muito utilizadas para identificar pontos de correção no curto prazo.

Um exemplo é quando o preço se afasta da média e retorna à ela fazendo um pullback para seguir sua tendência. As mais utilizadas, nesse caso, são as de 8 e 9 períodos.

Para identificar a tendência terciária utilizamos médias de curto prazo, sendo as de 20 e 21 períodos as mais utilizadas.

Já para a tendência secundária utilizamos a de médio prazo, de 50 e 72 períodos.

E, por fim, na tendência primária, que é a tendência principal do ativo, utilizamos a média de longo prazo, 200 e/ou 400 períodos.

Qual é a melhor?

Depois de ler tudo isso, você pode estar se perguntando: qual é a melhor média e qual seria a melhor periodicidade a ser usadas?

Antes da resposta, é importante salientar que essas médias são apenas uma sugestão. Porém, se você acompanha o mercado já sabe que essas são as mais utilizadas pelos analistas, além de existirem setups específicos utilizando algumas delas.

Mas você pode escolher a que melhor funciona para você. E isso dependerá de você fazer testes e também do seu operacional.

Portanto, faça simulações até encontrar qual é a média que melhor se encaixa em sua estratégia como investidor.

Médias móveis na prática

Abaixo, observe exemplos de aplicações das médias móveis

Observe no gráfico de 60 min de VALE3 que ao usarmos uma MME de 9 períodos (média de curtíssimo prazo) ela se move colada nos preços.

Já neste mesmo gráfico de 60 min de VALE3 temos a MME de 21 períodos –  perceba que com a média de curto prazo o preço já fica um pouco mais distante.

Neste gráfico de 60 min de VALE3, com a média de médio prazo, perceba que o afastamento do preço e da média é mais nítido.

Ainda no mesmo gráfico de 60 min de VALE3, uma média de longo prazo, perceba que os preços se movem bem mais afastados da média.

Já neste gráfico de 60 min de VALE3 foi plotada as quatro médias móveis, a de curtíssimo, curto, médio e longo prazo.

Dessa forma, conseguimos ter uma noção de como cada média móvel se comporta com a variação de preço.

Como interpretar as médias?

Um dos pontos mais importantes para a interpretação da média no seu operacional a ser observado é a direção da inclinação da média, se ela está voltada para cima, para baixo ou se está lateral (flat).

 Quando a média estiver inclinada para cima (subindo) sinaliza que estamos em uma tendência momentânea de alta, que o mercado está otimista para compras, por isso analise pontos que deem entrada na ponta compradora.

 Quando a média estiver inclinada para baixo (descendo) sinaliza que estamos em uma tendência momentânea de baixa, que o mercado está pessimista e os ativos tendem a se desvalorizar, por isso analise oportunidades que deem entrada na ponta vendedora.

Agora, no mercado consolidado, procure não tomar decisões utilizando as médias móveis, pois conforme mencionado anteriormente, em mercado de tendência lateral essas médias não têm uma boa funcionalidade.

Gráfico de 5 minutos do Dólar futuro acima podemos identificar a MME 21 inclinada para baixo, sinalizando a tendência de baixa.

Gráfico de 5 minutos do Dólar futuro acima podemos identificar a MME 21 inclinada para cima, sinalizando a tendência de alta.

Gráfico de 5 minutos do Dólar futuro podemos identificar que a MME 21 não possui uma inclinação visível – a média está basicamente horizontal sinalizando que o ativo está em uma tendência lateral, em consolidação.

No gráfico de 5 minutos do Dólar futuro acima podemos identificar as 3 tendências visualizando somente a MME 21: tendência de alta com as médias inclinadas para cima, tendência de baixa com as médias inclinadas para baixo e a tendência lateral onde as médias não têm uma inclinação direcional.

Utilizando as médias móveis em seu operacional

Existem vários tipos de operações que podem ser feitas com as médias móveis, inclusive setups conhecidos e difundidos entre os investidores.

Dentre tantas formas operacionais, veja abaixo algumas delas utilizando somente as médias móveis e o gráfico de preços dos ativos.

Estratégia de médias móveis com suporte e Resistência

Uma das estratégias utilizadas com médias móveis são as entradas no mercado utilizando-as como suporte e resistência, aproveitando os pontos de correção do preço para efetuar sua operação.

Quando a média estiver inclinada para cima (subindo), isso significa que o mercado está otimista para compras. Com essa sinalização de tendência de alta, vale operar na ponta compradora. Para isso busque pontos de correção de baixa nas médias – ou seja, quando o preço está subindo e se afasta da média, em seguida o preço retorna para a média móvel servindo como suporte.

 Quando a média estiver inclinada para baixo (descendo), isso significa que o mercado está com viés pessimista. Procure operar na ponta vendedora, busque correções de alta – ou seja, quando o preço está caindo e se afastando da média, em seguida o preço retorna para a média e caso não consiga realizar seu rompimento, servirá como resistência. 

No gráfico de 5 minutos do Dólar futuro acima é possível observar como a MME 9 serviu de resistência para a queda dos preços. 

No gráfico de 5 minutos do Dólar futuro acima é possível observar como a MME 9 serviu de suporte para a alta dos preços. 

No gráfico diário de ITUB4 acima é possível observar como a MME 9 serviu de suporte para a alta dos preços.

Já no gráfico diário de ITUB4 acima, podemos identificar que a média de longo prazo (MME 200) serve tanto para suporte quanto para resistência.

Observe que, como é uma média de longo prazo, os preços se movem longe da média, porém retornam a ela para fazer as correções ou reversões de tendência.

Cruzamento de preço por meio da média móvel

Outro tipo de operação com médias móveis, é o cruzamento do preço através delas, sinalizando possível reversão de tendências e dando oportunidades para operações.

Para esse tipo de operacional, não é indicado um média com periodicidade muito curta, pois quanto mais curta ela é mais próxima dos preços ela estará. Sendo assim, teremos muitas entradas falsas o que inviabiliza o operacional.

Uma média que pode ser utilizada para essas operações é a média de 20 ou 21 períodos que é uma média curta, porém os preços tendem a respeitá-la e quando há o rompimento dela, poderá ocorrer uma reversão de tendência momentânea.

Para evitar diversos stop loss em suas operações, uma regra é válida: sempre entrar na operação quando o preço romper a máxima ou a mínima do candle que cruzou a média.

A operação de compra será alertada quando o preço cruzar a média de baixo para cima, e será realizada quando o próximo candle romper a máxima do candle que cruzou a média móvel.

A operação de venda será alertada quando o preço cruzar a média de cima para baixo, e será realizada quando o próximo candle perder a mínima do candle que cruzou a média móvel.

Lembrando que, para que o operacional tenha um bom nível de assertividade, o ativo precisa estar em tendência de alta ou de baixa, e com o rompimento da média móvel ele iniciará a reversão de tendência.

No gráfico de 5 minutos de Índice futuro acima podemos observar o candle 11 rompendo de cima para baixo a MMA 21, nos alertando sobre possível venda no ativo. Em seguida, o candle 12 rompe a mínima do candle 11, ativando e confirmando a operação de venda do ativo. 

Já no gráfico de 5 minutos de Índice futuro acima, podemos observar o candle 17 rompendo de baixo para cima a MMA 21, nos alertando sobre possível compra no ativo. Em seguida, o candle 18 rompe a máxima do candle 11, ativando e confirmando a operação de compra do ativo.

Observe que o candle 13 chegou a romper de cima para baixo a MME 21, alertando sobre possível venda, porém nenhum dos candles seguintes (14, 15, 16, 17) chegou a romper a mínima do candle 13. Sendo assim, a operação de venda não se confirmou e logo em seguida tivemos a confirmação da operação de compra.

Já no gráfico diário de Índice futuro acima, podemos observar o candle 140 rompendo de baixo para cima a MMA 21, nos alertando sobre possível compra no ativo. Em seguida, o candle 141 rompe a máxima do candle 140, ativando e confirmando a operação de compra do ativo.

Cruzamento de duas médias

Este tipo de estratégia operacional é bem simples e de fácil visualização. Para esse operacional utilizaremos duas médias, uma de curtíssimo prazo, que podemos dizer que será a média rápida, e outra de curto ou longo prazo que será a média lenta.

Para a média rápida, utilizaremos a MME de 9 períodos que, por ser uma média exponencial, dará em seu cálculo um peso maior aos últimos candles, fazendo com que essa média fique mais próxima dos preços.

Já para a média lenta, utilizaremos a MMS ou MMA de 21 períodos.

Quando a MME de 9 períodos cruzar de baixo para cima a MMS ou MMA de 21 períodos, isso sinaliza uma oportunidade de compra.

Quando a MME de 9 períodos cruzar de cima para baixo a MMS ou MMA de 21 períodos, isso sinaliza uma oportunidade de venda.

Veja abaixo como é simples a sua aplicação e principalmente sua visualização no gráfico. Mas, vale ressaltar que, como todo operacional, ela não tem 100% de eficiência e podem ocorrer entradas falsas, gerando stop loss.

No gráfico de 5 minutos de Índice futuro acima, observamos que no momento que a média rápida (MME 9) cruza de baixo para cima a média lenta (MMA 21) o ativo inicia uma tendência de alta, sinalizando compra, e ao desenvolver essa alta os preços utilizam até mesmo a MME 9 como suporte.

Perceba que quando não temos uma tendência de alta ou de baixa definidas, e estamos em um mercado lateral, as médias rápida e lenta se cruzam aleatoriamente gerando sinais falsos.

No exemplo acima, gráfico de 5 minutos de Índice futuro, observe que temos três tendências, a primeira de alta, a segunda de baixa e a terceira de alta novamente.

Conseguimos identificar essas tendências rapidamente só com a utilização das médias móveis rápida e lenta.

Nesse outro exemplo, agora gráfico diário de Índice futuro, vemos que esse tipo de operação de cruzamento de médias também é possível em gráficos com tempos maiores, como este diário.

É importante atentar-se para não realizar nenhuma operação quando o mercado está em uma tendência lateral, consolidado.        

Acima podemos identificar no gráfico diário de Dólar futuro uma consolidação –  veja como as médias se cruzam a todo momento gerando sinais falsos.

Utilização como base para outros indicadores

A média móvel tem sua real importância na análise técnica, inclusive as médias são utilizadas dentro de outros indicadores.

Como por exemplo o indicador de volume. É comum os investidores inserirem uma média no volume para terem base se o volume negociado está acima ou abaixo da média, auxiliando em sua tomada de decisão.

No exemplo acima, gráfico diário de Índice futuro, foi plotada uma MMA 21 sobre o indicador de volume financeiro, em que é possível verificar quando o volume está acima da média ou abaixo da média.

(Bruno Nadai; edição Rodrigo Petry)