FII de “papel” enfrenta tempestade perfeita e acumula queda de mais de 8% na semana

Durante a semana, o CPTS11 ainda reduziu pela metade dividendo de dezembro e foi notificado pela Bolsa

Wellington Carvalho

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Com perdas de 8,42%, o Capitânia Securities (CPTS11) encerrou a semana com o pior desempenho entre os fundos imobiliários que compõem o Ifix – índice dos FIIs mais negociados na Bolsa. No período, o indicador acumulou queda de 2,99%.

O desempenho das cotas do (CPTS11) confirma uma espécie de tempestade perfeita enfrentada pelo fundo ao longo da semana, que já começou com uma péssima notícia para os mais de 200 mil cotistas da carteira.

Na última segunda-feira (14), a carteira anunciou que distribuirá, na próxima semana, R$ 0,37 por cota – montante 56% menor do que os dividendos de R$ 0,85 por cota pagos no mês anterior e bem abaixo do histórico recente do fundo, como mostra página no FII no InfoMoney:

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Fonte: FII CPTS11

Diante do anúncio de redução dos dividendos, as cotas do (CPTS11) perderam valor na Bolsa e a desvalorização chamou a atenção inclusive da B3, que cobrou esclarecimentos do administrador do FII, o BTG Pactual.

“Tendo em vista as últimas oscilações registradas com as cotas de emissão do fundo, o aumento do número de negócios e da quantidade negociada, vimos solicitar que nos seja informado se há algum fato do conhecimento dessa administradora que possam justificá-las”, questionava o documento enviado pela B3.

Em resposta, o BTG Pactual disse não ter conhecimentos de ato ou fato que pudesse justificar o comportamento das ações. A administradora ressalta que todas as informações relevantes são divulgadas de acordo com as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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Por que o CPTS11 reduziu o dividendo de dezembro?

A combinação desvalorização do mercado de fundos imobiliários e aumento dos juros futuros em novembro foi fatal para os dividendos de dezembro do Capitânia Securities II (CPTS11), um dos FIIs mais recomendados para o mês.

Em relatório gerencial divulgado na terça-feira (13), o fundo explicou a redução dos rendimentos e assegurou, inicialmente, que não há nenhum problema de crédito – inadimplência – no portfólio.

Considerado um FII de “papel” – que investe em títulos de renda fixa –, o Capitânia Securities II tem hoje um patrimônio líquido de R$ 2,9 bilhões, alocados principalmente em certificados de recebíveis imobiliários (CRI) e cotas de outros FIIs.

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Para driblar os efeitos da deflação apurada no terceiro trimestre – que reduziu os dividendos de boa parte dos fundos que investem em CRIs – o CPTS11 optou pela reciclagem da carteira, vendendo ativos em que teve ganho de capital e trocando por novos papéis.

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“Através de gestão ativa do portfólio – reciclagem da carteira e ganho de capital – conseguimos defender o resultado [e manter o patamar de dividendos] do fundo nos meses de agosto, setembro e outubro”, sinaliza relatório gerencial do fundo, destacando especialmente as negociações com lucro das cotas dos FIIs.

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Entre setembro de 2019 e novembro de 2022, a carteira de FIIs do Capitânia Securities II ostentava valorização de 44%, contra alta de 7% do Ifix – índice dos fundos imobiliários mais negociados na Bolsa.

A estratégia do fundo, porém, perdeu a eficiência no mês passado, com o avanço da tramitação da PEC da Transição, proposta de emenda à Constituição que prevê ampliar o teto de gastos para assegurar espaço no orçamento da União e realizar o pagamento do Auxílio Brasil – programa de assistência social do governo federal – de R$ 600 por mês.

Diante do temor com o aumento da dívida pública e riscos na área fiscal, o mercado de renda variável – que inclui o segmento de FIIs – despencou no mês passado. Os juros futuros, por sua vez, dispararam.

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“No mês de novembro, com a expressiva abertura [na curva de juros] das NTN-Bs [títulos do Tesouro Nacional] e a queda dos FIIs, este componente de ganhos de capital [com os FIIs e os CRIs) praticamente se tornou inviável”, diz o relatório do CPTS11. “Ninguém se programou para um juro tão alto e prolongado como o que parece ser nosso caso”.

O fundo explica ainda que, visando retorno no futuro, chegou a realizar vendas de CRIs com prejuízo (abaixo dos valores de aquisição), o que justificaria a redução dos dividendos em dezembro.

“Acreditamos que o papel do gestor é sempre olhar um horizonte de investimento maior e se adequar a realidade do momento”, detalha relatório do Capitânia Securities II. “Deixar de fazer o que é certo em função do dividendo de um mês não nos parece uma escolha correta”, defendem os gestores.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.