CPFL, Itaúsa e Petrobras entram, Taesa e Bradesco saem: 8 ações que pagam bons dividendos para investir em março

As ações de Engie e Vale dividem a liderança das recomendações para o mês, segundo levantamento realizado pelo InfoMoney

Mariana Segala | Katherine Rivas

(Shutterstock)

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Foram meses de liderança, quase sempre isolada. Mas em março, as ações da distribuidora Taesa (TAEE11) perderam espaço para outros papéis considerados mais atrativos no momento para investidores interessados em estratégias focadas em dividendos.

Levantamento realizado pelo InfoMoney mostra que, neste mês, as recomendações de ações que são boas pagadoras de proventos se dispersaram. Desta vez, oito papéis entraram na lista – e, pela primeira vez desde que o InfoMoney deu início à compilação, em outubro de 2021, os da Taesa não estão entre eles.

“Decidimos trocar Taesa por Engie, que, menos alavancada, poderá continuar distribuindo proventos recorrentemente sem comprometer sua situação financeira”, destacaram os analistas da corretora Ativa em relatório.

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A Engie, aliás, que havia entrado na seleção apenas em fevereiro, galgou degraus. Em março, divide a liderança das recomendações com os papéis da Vale – que, distribuindo proventos generosos, já vêm chamando atenção do mercado há tempos.

No lugar de Taesa e de Bradesco, que também deixou a seleção deste mês, entraram as ações da CPFL, da Itaúsa e da Petrobras.

“Estamos substituindo a Taesa por Petrobras, baseados na nossa visão otimista sobre os dividendos da produtora de petróleo daqui para frente”, afirma relatório da XP. “Esperamos que a Petrobras apresente aumento de rentabilidade, impulsionada pelos resultados de exploração e produção. Além disso, projetamos valores de dividendos a serem pagos nos próximos cinco anos (cerca de US$ 62 bi) semelhantes ao plano estratégico da Petrobras (de US$ 60 bilhões a US$ 70 bilhões)”.

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O InfoMoney divulga uma compilação das recomendações para a estratégia focada em dividendos todo início de mês, selecionando os cinco papéis mais citados. O número de indicações pode ser maior, se houver empate – como foi o caso neste mês.

São consideradas as carteiras recomendadas de dividendos de dez corretoras. Confira as ações mais citadas em março:

Empresa Ticker Nº de recomendações Dividend Yield em 12 meses (%) Retorno em fevereiro de 2022 (%) Retorno em 2022 (%) Retorno em 12 meses (%)
Engie Brasil EGIE3 5 6,45 -0,13 5,82 3,46
Vale VALE3 5 15,86 14,11 18,37 14,84
CPFL Energia CPFE3 4 12,23 4,6 12,78 19,6
Isa Cteep TRPL4 4 11,39 1,12 0,49 14,31
Itaúsa ITSA4 4 4,88 -1,67 13,77 11,22
Petrobras PETR4 4 16,62 5,1 19,51 88,08
Telefônica Brasil VIVT3 4 6,92 0,99 4,11 23,05
Vibra Energia VBBR3 4 8,59 3,01 10,23 29,33

Fontes: Ágora, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Elite, Genial, Guide, Órama, Santander Corretora, XP Investimentos e Economatica.

Obs: Dados até 28/02/22

Veja abaixo a visão dos analistas expostas em relatórios para cada ação mencionada:

Engie (EGIE3)

As ações da Engie, que apareceram em fevereiro pela primeira vez na compilação de carteiras de dividendos feita pelo InfoMoney, conquistaram mais corações e mentes em março.

Maior produtora privada de energia elétrica do Brasil, com uma capacidade instalada própria equivalente a 6% da capacidade do País, a empresa é reconhecida no setor elétrico pela sua estratégia de comercialização de energia.

“A empresa pratica a sazonalização dos contratos de venda de energia das usinas hidrelétricas ao longo do ano e é eficiente na compra de contratos de energia para diminuir os efeitos da baixa incidência de chuvas nos resultados”, informa relatório da XP, destacando que o modelo garante à empresa uma sólida geração de caixa.

Embora tenha apresentado um balanço abaixo do esperado no quarto trimestre de 2021, a Engie se manteve em alta conta com os analistas que recomendam suas ações por duas razões: de um lado, porque afirmam que os números foram afetados por itens não recorrentes, que podem ser superados nos próximos trimestres; por outro, porque a empresa afirmou que persistirá no plano de mirar em fontes alternativas de geração de energia.

A empresa teve lucro líquido de R$ 78 milhões no último trimestre do ano passado e de R$ 1,565 bilhão em 2021, redução de 92,4% e de 44% na comparação anual, respectivamente.
Relatório da corretora Elite destaca que a empresa vem distribuindo proventos de pelo menos 55% do lucro líquido ajustado, acima do mínimo de 30% previsto na sua política de dividendos.

Vale (VALE3)

Dividindo o pódio com a Engie, a Vale é vista pelos analistas como uma boa aposta, dado o histórico recente de distribuições de proventos.

Os dividendos e juros sobre capital próprio da Vale foram de R$ 73,287 bilhões em 2021, maior valor nominal já distribuído por uma empresa de capital aberto.

O lucro crescente da empresa, em meio a um rally de commodities que se estende desde o ano passado, ajuda a entender o recorde. Em fevereiro, a Vale anunciou que teve lucro líquido de R$ 121,2 bilhões no ano passado, o maior da sua história.

O mercado esperava mais. Relatório da corretora Guide destaca que o impacto de eventos não recorrentes – como despesas de US$ 2,1 bilhões relacionadas ao rompimento da barragem de Brumadinho, ocorrido em 2019 – puxou os números para baixo. Mas se trata de uma das maiores mineradoras do mundo, com operações diversificadas em três sistemas no País (Norte, Sudeste e Sul) e capacidade de transporte e remessa própria.

Na visão da Guide, os riscos ao investimento são o ambiental, uma eventual desaceleração da demanda mundial de minério, a variação da taxa de câmbio e possíveis paralizações de atividades por conta das chuvas.

CPFL (CPFE3)

Mais uma representante do setor elétrico entre as principais recomendações para março, a CPFL é principal aposta da Santander Corretora no segmento.

Para os analistas, em 2022 o foco da empresa está em aumentar a eficiência e as sinergias com a Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T), do Rio Grande do Sul, arrematada pela CPFL em um leilão em julho de 2021.

“Também esperamos que a CPFL continue trabalhando nos projetos em construção (Cherobim, CPFL Maracanaú, CPFL Sul I e CPFL Sul II) e busque oportunidades inorgânicas, principalmente nos segmentos de transmissão e geração”, afirma relatório da Santander Corretora.

Entre os atrativos estão a forte geração de caixa da empresa, a proteção contratual contra a alta da inflação, a baixa exposição ao déficit hídrico e preços de longo prazo, além do menor risco regulatório no segmento de distribuição de energia – tudo isso em uma ação considerada descontada no momento.

“Além disso, acreditamos que há espaço para forte distribuição de dividendos nos próximos anos”, diz o relatório. O dividend yield médio projetado para o período entre 2022 e 2024 é de 12% ao ano. A CPFL anunciará seus resultados do quatro trimestre e do ano de 2021 no dia 17.

Isa Cteep (TRPL4)

A previsibilidade, segundo a XP Investimentos, é uma das características mais marcantes da Isa Cteep, dado que ela oferece retorno independente do cenário macroeconômico. Em relatório, os analistas explicam que o segmento de transmissão é um dos mais estáveis do setor elétrico por causa da receita fixa dos negócios. Além disso, os contratos são reajustados anualmente pela inflação.

“A CTEEP recebe também elevados fluxos de caixa, como indenizações relacionadas a ativos não amortizados existentes até maio de 2000”, destacam os analistas em relatório.

A corretora cita novas oportunidades com ativos em desenvolvimento. A CTEEP conta com dez ativos de transmissão no portfólio que devem ser construídos nos próximo três a cinco anos.

A projeção da XP Investimentos é de um retorno em dividendos de 7,61% para 2022.

Segundo os analistas da Elite, a companhia distribuiu mais de 40% do seu lucro líquido (payout) aos acionistas em 2021, com um dividend yield superior a 14%.

“As ações preferenciais continuam sendo negociadas com múltiplos interessantes, em torno de cinco vezes preço/lucro”, apontam. Segundo eles, além de previsibilidade, a Isa Cteep também proporciona as oportunidades dos ativos em desenvolvimento.

Itaúsa (ITSA4)

Um dos maiores investidores individuais da Bolsa brasileira, Luiz Barsi afirmou recentemente ao InfoMoney que vendeu todas as ações de Itaúsa que tinha ainda em 2021. Mas para os analistas do mercado, a holding continua sendo uma boa pedida para estratégias focadas em dividendos.

“Acreditamos que a Itaúsa pode ser uma boa alternativa ao Itaú, tendo uma grande exposição ao banco, ao mesmo tempo em que está se diversificando cada vez mais”, destaca relatório da corretora Guide.

“Em nossa opinião, a maneira mais barata para investir no Itaú Unibanco é através da Itaúsa, pois seu desconto atual está em aproximadamente 22%”, reforça relatório da corretora Elite.

Os analistas da Elite destacam que a holding controla outras companhias abertas, como Alpargatas (ALPA4) e Dexco (DXCO3, antiga Duratex), além de ter participações relevantes em empresas como NTS e Copa Energia, do segmento de gás, e Aegea, de saneamento.

Segundo a Guide, um aprofundamento da diversificação do portfólio da holding poderá ter espaço uma vez que sejam feitas vendas de participações em empresas de serviços financeiros – como a XP, da qual Itaúsa detém uma fatia – ou com a exploração de outros setores.

Um exemplo, dizem os analistas da Guide, são os investimentos em distribuição de energia e agronegócio, segmentos que vêm sendo avaliados pela Itaúsa.

Petrobras (PETR4)

As ações da Petrobras estão em evidência neste ano, acumulando uma alta perto dos 20% – e, em março, passaram a integrar a lista dos papéis mais recomendados para estratégias focadas em dividendos.

Segundo a corretora Ativa, que aumentou a participação da estatal em sua carteira de dividendos, há um impulsionador em especial para as ações. “Tendo atingido sua meta de endividamento bruto com 18 meses de antecedência, [a empresa] deverá ativar uma nova e mais potente política de distribuição de proventos em 2022”, diz em relatório.

Um detalhe: a Petrobras fez, em 2021, a maior distribuição de dividendos de sua história, segundo levantamento da Economatica. Foram R$ 72,718 bilhões em pagamentos, atrás apenas da Vale,  que registrou o maior valor nominal já distribuído em proventos por uma empresa de capital aberto.

Para os analistas da Santander Corretora – que recomendam os papéis ordinários da estatal (PETR3), no lugar dos preferenciais – os principais direcionadores de desempenho no momento são os preços do petróleo acima do esperado, a maior aderência ao mecanismo de precificação de combustíveis doméstico, o maior crescimento da produção e a venda de ativos não essenciais.

Segundo relatório da XP, caso a companhia mantenha as operações inalteradas, a soma dos dividendos que a Petrobras deverá distribuir entre 2022 a 2026 será de aproximadamente 100% de seu valor de mercado. “Para 2022, esperamos um dividend yield de cerca de 25% (versus 14,3% dos pares russos e 5,1% das majors ocidentais)”, dizem os analistas da casa.

Telefônica Brasil (VIVT3)

Tradicionalmente recomendada para estratégias de dividendos, a Telefônica Brasil se destaca pelo modelo de negócios resiliente e resultados sólidos, segundo os analistas do BTG Pactual. Eles apontam em relatório que a companhia está bem capitalizada, com forte geração de caixa para garantir novos desembolsos em 2022 – por causa do leilão 5G e da aquisição da Oi Móvel – e, ao mesmo tempo, continuar distribuindo bons proventos.

Entre os motivos que devem impulsionar o bom desempenho da Telefônica Brasil, a Santander Corretora destaca o crescimento da fibra ótica e da telefonia móvel, puxadas pela consolidação do mercado com a venda da Oi Móvel; as atividades de fusões e aquisições no setor; e a sólida rede de cobertura da companhia.

Ricardo Peretti, estrategista da Santander Corretora, cita em relatório que o retorno da Telefônica pode chegar a 17% neste ano, já considerando os dividendos para 2022. A projeção da casa é de um dividend yield de 6%.

O BTG aponta que, desde junho de 2021, a Telefônica teve um desempenho superior ao do Ibovespa, principal índice da B3, superando 19%. “E mesmo após esse desempenho superior, ainda negocia com grande desconto frente a pares globais”, reforça o relatório.

Vibra Energia (VBBR3)

Antiga BR Distribuidora, a Vibra é líder no setor de distribuição de combustíveis no País. Para os analistas da Santander Corretora, a estratégia de longo prazo da empresa – que consiste em criar valor a partir das mudanças estruturais que a transição energética causa no mercado de energia – é um dos grandes atrativos da empresa.

“Além de continuar com seus esforços em cortar custos e melhorar a lucratividade em seus negócios existentes, a Vibra definiu novos vetores de crescimento (gás natural e eletricidade), bem como investimentos graduais em hidrogênio e biocombustíveis”, diz relatório da instituição. Os planos estão alinhados com o foco na geração de fluxo de caixa, distribuição de dividendos e recompra de ações.

Entre os riscos do papel, os analistas da Santander Corretora destacam os efeitos de grandes variações da taxa de câmbio entre compra e venda dos produtos, a política de preço dos combustíveis no Brasil que indiretamente pode afetar a empresa e eventuais mudanças regulatórias, com impacto na competitividade do setor de distribuição de combustíveis.

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney