“Cenário pode ser positivo, mas as probabilidades não estão do lado do investidor”, diz Howard Marks

Um dos sócios-fundadores da Oaktree Capital, Marks disse ainda que injeção de recursos na economia por conta da crise deve ter impacto sobre a inflação

Mariana Zonta d'Ávila

Howard Marks (Divulgação/Leo Albertino)

SÃO PAULO – Por mais que os ativos financeiros venham mostrando uma forte retomada após as mínimas de março, o momento é de ter maior cautela visto que o espaço para perdas ainda é grande. A avaliação é de Howard Marks, vice-presidente e um dos sócios-fundadores da Oaktree Capital, uma das maiores gestoras do mundo.

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Durante painel da Expert 2020 nesta sexta-feira (17), Marks disse que os preços dos ativos financeiros nos Estados Unidos estão artificialmente elevados, principalmente por conta dos estímulos fiscais e monetários adotados pelo Federal Reserve (o banco central americano) e pelo Tesouro americano.

“Com o Fed e o Tesouro intervindo para artificialmente suportar o mercado e taxas de juros baixas, os preços estão maiores do que estariam naturalmente – por isso o mercado não é eficiente”, afirmou.

Segundo ele, o investidor está pagando um prêmio pelas medidas da autoridade monetária e pelos juros baixos, que devem continuar suportando preços elevados, mas que, em um cenário de decepção com a retomada da economia ou com o desenvolvimento de uma vacina, por exemplo, o espaço para perdas será maior do que para ganhos.

“O cenário pode ser positivo, mas as probabilidades não estão do lado do investidor”, disse.

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Marks conta que, antes da crise, a gestora fazia suas alocações com cautela. Com a queda dos preços, em março, viu oportunidades e aproveitou para comprar ativos baratos, de forma agressiva.

Agora, com a retomada dos mercados, o sócio da Oaktree acredita que não seja a melhor hora de investir agressivamente, mas de voltar a ter cautela.

“Não acho que seja possível colocar trilhões de dólares na economia sem afetar os preços. Vai ter um impacto na inflação em algum momento, então é uma fonte de incerteza”, avaliou.

Assista a alguns trechos da entrevista:

Ouro: “nunca fui fã”

Um dos investimentos que mais se valorizou no primeiro semestre, diante da busca por ativos considerados seguros em meio à incerteza provocada pela pandemia, o ouro não é visto como um “ativo fundamental” para Marks.

“O ouro não tem valor intrínseco. Mas uma ação, um bond, isso pode produzir fluxo de caixa. Se o ativo não tem fluxo de caixa, ele só vale aquilo que pagam por ele”, afirmou, citando, além do metal precioso, petróleo e bitcoin.

Questionado se concorda com a afirmação de que “cash is trash” (dinheiro em caixa é lixo, em tradução aproximada), o executivo destacou que papel moeda parado não oferece retorno.

Por outro lado, para os americanos, o dólar é um ativo que tem valor. “Então, se você tiver medo, vai querer ter algum dinheiro vivo para proteção.”

Em países em que a moeda pode se deteriorar, caso do Brasil, não é uma boa ideia reter esse tipo de capital, afirmou, uma vez que faz com que a pessoa perca poder de compra ao longo do tempo.

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