Bitcoin supera ouro e mais 6 fatos que ilustram retomada das criptos em 2023

Os ativos digitais ainda têm muitos críticos, mas o ano mostrou que esse mercado teve força para sobreviver

Bloomberg

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A sensação de destruição que tomou conta dos mercados de criptomoedas no final de 2022, após US$ 1,5 trilhão evaporarem, deu lugar um ano depois a um sentimento muito diferente: a ganância.

O Bitcoin (BTC) se recuperou com um avanço de mais de 160% este ano, o que adicionou cerca de US$ 530 bilhões à sua capitalização de mercado. Na esteira desse movimento, uma grande variedade de tokens menores, como a Solana (SOL), apoiada por Sam Bankman-Fried, até memecoins com tema de cachorro e sapo, decolaram enquanto investidores voltavam a tomar risco. Um investidor que comprou US$ 100 mil de Solana no início de 2023 teria agora um ganho de mais de US$ 800 mil.

Por trás de grande parte dos ganhos está o otimismo de que os reguladores dos EUA em breve darão o primeiro aval a um ETF (fundo de índice) que investe diretamente em Bitcoin. Os investidores descobrirão até 10 de janeiro se essa aposta, que os mais otimistas consideram como quase certa, se concretizará.

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“A aprovação dos ETFs à vista será um grande catalisador, definitivamente causará um choque de demanda”, já que os principais investidores atualmente não possuem um canal de investimento de “grande largura de banda e compatível” com o token, disse à Bloomberg Michael Saylor, cofundador da MicroStrategy, famosa compradora de Bitcoin.

Os ativos digitais ainda têm muitos críticos que argumentam que as criptomoedas são fundamentalmente inúteis e um refúgio para criminosos. Mas, o último ano mostrou que esse mercado teve força para sobreviver. Confira a seguir 7 fatos que mostram a retomada dos criptoativos em 2023.

Bitcoin supera ouro

A recuperação do Bitcoin este ano superou as Bolsas e o ouro. Os defensores dizem que um evento quadrienal previsto para 2024, conhecido como halving – ou corte pela metade – reduzirá a taxa de inflação do ativo, fornecendo um suporte para o token junto com a demanda potencial do esperado ETF. A criptomoeda ainda está sendo negociada bem abaixo do recorde de novembro de 2021, de quase US$ 69 mil.

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Empresas do ramo também disparam

As mineradoras de Bitcoin Marathon Digital e Riot Platforms, a principal bolsa de criptomoedas dos EUA Coinbase, além da MicroStrategy, empresa de software que virou investidora de Bitcoin, saltaram quando as criptomoedas se recuperaram. O ganho de quase 400% da Coinbase resistiu a uma ação judicial da Securities and Exchange Commission (SEC, a “CVM americana”) por supostamente administrar uma plataforma não registrada, uma acusação que a empresa contesta.

A volta dos derivativos

Os derivativos de Bitcoin tiveram uma explosão de atividade em 2023. As opções de Bitcoin em aberto na Deribit – a maior bolsa de opções de criptografia – ultrapassaram US$ 16 bilhões pela primeira vez em dezembro, de acordo com a CCData. A quantidade de contratos em aberto de futuros de Bitcoin também atingiu níveis históricos no CME Group, que agora está competindo com a Binance para ser o principal mercado para esses instrumentos.

DeFi se agarra ao staking

O setor das finanças descentralizadas (DeFi) ainda não se recuperou do colapso de mais de US$ 40 bilhões do projeto de stablecoin TerraUSD, em 2022. Uma exceção é o staking líquido (espécie de renda passiva em cripto), cujo valor total de ativos bloqueados atingiu um recorde este ano, mostram dados do DefiLlama. Os protocolos de staking líquidos oferecem acesso mais fácil às recompensas obtidas quando os tokens são “trancados” para ajudar a operar blockchains. A popularidade do staking cresceu no Ethereum (ETH) após a atualização da rede em abril.

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Volume de NFTs dispara

Os volumes semanais de negociação de tokens não fungíveis (NFTs) – itens colecionáveis digitais – subiram de menos de US$ 50 milhões em outubro para cerca de US$ 180 milhões este mês, de acordo com dados da Nansen. Mas são uma fração do pico de US$ 1,8 bilhão observado em 2022, sugerindo que as criptomoedas ainda têm muito a fazer para reacender o nível de interesse que o setor atraiu durante a pandemia, quando o mundo estava inundado de estímulo monetário.

Liquidez seca

Embora o preço do Bitcoin tenha subido, o mercado de criptomoedas ainda mostra cicatrizes do colapso da plataforma FTX, de Bankman-Fried, e de sua casa de trading Alameda Research, em novembro de 2022. A destruição contribuiu para uma queda na liquidez, tornando tokens mais difíceis de serem negociados.

A profundidade do mercado, ou a capacidade das criptomoedas de suportar ordens de compra ou venda relativamente grandes sem impactar indevidamente os preços, ilustra o problema. O volume diário de negociações que registram valor distante no máximo 1% do preço médio do Bitcoin em exchanges centralizadas caiu 55%, para cerca de US$ 680 milhões, de até US$ 1,5 bilhão em abril do ano passado, mostram dados da Kaiko.

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Tabuleiro de exchanges embaralha

Houve grandes mudanças na participação de mercado das exchanges de criptomoedas este ano. A Binance continua sendo a maior, mas sua participação nas negociações à vista caiu para cerca de 44% em meados de dezembro, de mais de 65% no início de 2023, de acordo com a Kaiko. Plataformas focadas na Ásia, como Upbit, Bybit e OKX, absorveram grande parte das negociações perdidas pela Binance.

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