BBB 22: como Arthur Aguiar pode investir e multiplicar o prêmio de R$ 1,5 milhão?

Três especialistas consultados pelo InfoMoney sugerem como alocar uma “bolada” como a que Arthur Aguiar, vencedor do reality show, levou para casa

Bruna Furlani

(Shutterstock)

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Depois de meses de confinamento e uma verdadeira reviravolta na vida, a grande pergunta que deve rondar a cabeça do ator Arthur Aguiar é uma só: o que fazer com a bolada de R$ 1,5 milhão que recebeu ao ganhar a 22ª do Big Brother Brasil?

Com a saída da casa e o choque de realidade, a planejadora financeira CFP Fernanda Melo diz que o primeiro passo a ser dado por Arthur é quitar dívidas, se ele tiver. O motivo: as taxas de juros cobradas em empréstimos ou no rotativo do cartão de crédito costumam ser mais elevadas do que os investimentos conseguem entregar, argumenta.

O segundo passo, diz a planejadora, envolve criar uma espécie de caução: formar uma reserva de emergência que cubra o custo de vida que a pessoa tem hoje; e fazer um seguro de vida, ou uma previdência privada para compor a renda familiar, caso alguma coisa aconteça com o participante.

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“É preciso pensar em um planejamento sucessório e ter uma boa parte da alocação em investimentos com maior liquidez para aproveitar oportunidades que possam surgir, como adquirir empreendimentos, por exemplo”, afirma.

Como o ganhador deve receber uma série de convites, Fernanda aconselha que Arthur monte uma carteira com liquidez em vários prazos, desde diário até uns três anos. O objetivo, diz, é que ele tenha chance de saída para aproveitar boas oportunidades, seja na bolsa, em imóveis, ou na renda fixa.

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Após garantir que está com as contas e com o planejamento sucessório em dia, é hora de investir em si mesmo. Patrícia Palomo, conselheira da Planejar, defende que a pessoa vá atrás de cursos de formação, como apresentador, cantor etc, para aprimorar os talentos que possui.

“Muitas vezes, pensamos apenas no investimento em ativos financeiros, quando devemos pensar no ganhador como um ativo. Ele está no ápice da exposição e vai começar a ter outras oportunidades de gerar renda com o próprio trabalho”, observa Patrícia.

Um olho na inflação, outro na renda

Passadas essas etapas, está na hora de começar a montar uma carteira de investimentos. A sugestão de Patrícia, da Planejar, é que o ganhador foque em ativos que cumpram bem duas funções: gerem renda passiva ou ganho de capital para que o patrimônio se multiplique.

No quesito renda passiva, a preferência é por ativos que oferecem certa proteção em relação à alta de preços que atinge boa parte do mundo. Segundo a planejadora, questões geopolíticas envolvendo a guerra na Ucrânia e os bloqueios na China indicam que a dinâmica inflacionária deve persistir por mais algum tempo.

Nesse caso, a especialista da Planejar destaca que a melhor armadura está nos papéis com remuneração atrelada à inflação como, por exemplo: títulos públicos do Tesouro Direto (Tesouro IPCA+) ou títulos privados, especialmente debêntures incentivadas, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) ou do Agronegócio (CRAs).

A escolha por esses papéis de crédito privado, explica a alocadora, é porque eles possuem isenção tributária, ao contrário de outras opções como Certificados de Depósitos Bancários (CDBs).

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Mesmo assim, é preciso atenção: os três não possuem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que devolve até R$ 250 mil por investidor (CPF) e por instituição financeira, até o teto de R$ 1 milhão renovado a quatro anos, em caso de problemas com o Banco Central.

Para montagem de uma carteira, Patrícia recomenda a alocação em diferentes títulos (públicos e privados), que tenham cupom. Ou seja: títulos que oferecem parte do pagamento dos juros antes do vencimento. Hoje, as opções mais comuns são de papéis com cupom semestral.

“Dessa forma, temos uma previsibilidade de fluxo, com ativos que estão sendo corrigidos pela inflação e tem renda passiva, sem correr muito mais risco de crédito, se os emissores forem de primeira linha”, diz Patrícia.

Na hora de escolher, prazos mais curtos são os preferidos da conselheira da Planejar. No caso do Tesouro Direto, hoje a opção de menor vencimento com cupom semestral é o Tesouro IPCA+2032. Se tiver um perfil mais conservador, a dica da especialista é que Arthur aloque 80% do capital na parte de renda fixa e o restante em renda variável.

Facilidade dos fundos

Embora investir diretamente nos títulos seja uma opção, há quem prefira alocar em crédito privado via fundos. A justificativa está na facilidade do investimento ao ter uma gestão profissional por trás e uma garantia maior de que o investidor terá liquidez, caso precise sair da aplicação, diz Rodrigo Marcatti, CEO da Veedha Investimentos.

O executivo explica que o retorno muitas vezes pode ser menor do que se o investidor aplicar diretamente nos papéis. A vantagem, no entanto, é que a concentração de risco é reduzida, já que o gestor tende a alocar em uma maior quantidade de papéis, afirma Marcatti. Nesse caso, uma opção interessante está em fundos de debêntures incentivadas (que não possuem cobrança de Imposto de Renda para pessoa física).

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“Não precisa estudar ou aprender a entender melhor o risco de cada emissor dos papéis. Ao olhar, busque um fundo com histórico razoável nos últimos cinco anos, e com patrimônio acima de R$ 100 milhões para os riscos serem diluídos”, destaca Marcatti.

Outra opção para quem deseja ter um dinheiro caindo na conta com maior frequência é investir em fundos imobiliários. Patrícia, da Planejar, afirma que fundos conhecidos como de “papel”, ou seja, que investem em títulos como CRIs, por exemplo, podem ser interessantes em meio a um cenário de inflação mais persistente.

O motivo, explica a alocadora, é que eles aplicam em títulos que acompanham certos índices de inflação, como o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ou o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M).

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Fundos imobiliários que investem em shoppings com cara mais premium também podem ser bons trunfos para o cenário atual, segundo Patrícia. “A inflação é muito cruel para quem tem um orçamento muito comprometido. Já quando o público-alvo tem disponibilidade de renda, a inflação pesa menos e há sobra para o consumo discricionário”, diz.

Marcatti, da Veedha, concorda e observa que fundos com shoppings como o Cidade Jardim, por exemplo, no portfólio, são produtos em que o empreendimento apresenta uma boa reserva de mercado e pode ser mais resiliente nesse cenário.

Além de shoppings, o segmento de lajes corporativas está entre as recomendações. Marcatti afirma que as cotas desses tipos de fundos imobiliários não andaram e que não há um estoque gigante de prédios comerciais, especialmente em regiões como a Faria Lima, em São Paulo.

“Tem muita oportunidade e prédio barato, sendo que o custo de reposição é o dobro. Fundos de laje corporativa podem dobrar de valor, no médio prazo”, afirma o CEO da Veedha.

Aquele 1%…

Com o avanço da Selic, no começo deste mês, Maria Fernanda Violatti, analista da XP e Thiago Otuki, economista do Clube FII, do quadro Liga de FIIs, selecionaram quatro fundos imobiliários com capacidade de manter a taxa de retorno mensal com dividendos acima de 1% nos próximos meses.

São eles: Urca Prime Renda ( URPR11), Valora Hedge Fund (VGHF11), Kinea Índices de Preços ( KNIP11) e o HSI Ativos Financeiros ( HSAF11).

Para o estudo, Maria Fernanda e Otuki analisaram o portfólio dos fundos, o risco e o P/VPA (preço sobre valor patrimonial) das carteiras para fazer as indicações.

Olho nos ganhos

Enquanto uma parcela do capital deve estar focada em fornecer renda passiva, a outra deve priorizar o ganho de capital. Entre os ativos que podem ajudar nesse tipo de estratégia está o investimento em ações.

Patrícia, da Planejar, afirma que papéis ligados ao setor de energia e de commodities aqui do Brasil devem apresentar bons resultados por causa da dinâmica mais inflacionária do mundo agora.

Já no quesito alocação internacional, setores relacionados ao futuro, como o de tecnologia chamam a atenção da alocadora. “O mercado acionário americano sofreu uma grande correção agora. Vimos papéis de empresas muito boas sofrendo. Há uma janela de oportunidades interessante agora”, afirma.

Marcatti, da Veedha, também indica que o ganhador internacionalize os investimentos, só que prefere que isso seja feito via um fundo internacional ou via um Certificados de Operações Estruturadas (COE).

Temas como o metaverso, games e transição energética (com subtemas relacionados à produção de carros elétricos, chips, baterias e urânio) têm chamado mais a atenção do CEO.

Na hora de selecionar, ele conta que o momento parece melhor para fundos internacionais com exposição cambial, ou seja, que investem no exterior e que estão expostos às variações do dólar contra o real ou outra moeda.

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Fundos multimercados também têm espaço na carteira, mas a alocação não pode ultrapassar os 20% do portfólio, na opinião de Marcatti. “Estamos com tanta incerteza e volatilidade, que não há uma tendência de longo prazo. Agora, é importante ter menos multimercado”, conclui.