Após decisão do Copom, taxas de títulos do Tesouro Direto operam sem direção definida nesta quinta-feira

Investidores repercutiram decisão monetária do BC no Brasil, avanço da Covid-19 no mundo e dados econômicos nos EUA

Mariana Zonta d'Ávila

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – Os títulos públicos negociados via Tesouro Direto operavam sem direção definida nesta quinta-feira (29), após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC) de manter a Selic em 2% ao ano, e com os investidores de olho na cena externa.

No Tesouro Direto, o título prefixado com vencimento em 2026 pagava uma taxa anual de 7,37% nesta tarde, ante 7,34% a.a. na quarta-feira (28). O juro pago pelo mesmo papel com prazo em 2023, por sua vez, se mantinha em 5,12% ao ano.

Entre os títulos indexados à inflação, o com prazo em 2035 oferecia um prêmio anual de 4,15%, frente a taxa de 4,14% anteriormente. Já o prêmio do Tesouro IPCA+ com juros semestrais 2030  recuava de 3,53% para 3,49% ao ano.

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No caso do Tesouro Selic, a taxa de deságio permanecia praticamente estável em relação à apresentada ontem, em torno de 0,19%.

Confira os preços e as taxas dos títulos públicos nesta quinta-feira (29):

Fonte: Tesouro Direto

Choque temporário

Sem surpresas, o Copom manteve ontem a taxa básica de juros em 2% ao ano.

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O comunicado, divulgado logo após a decisão, tranquilizou os economistas em relação ao chamado forward guidance, as expectativas de longo prazo da autoridade, mas não dissipou as preocupações em relação ao quadro fiscal do país e à inflação.

No documento, o BC destacou a alta da inflação, mas disse que segue apenas monitorando o movimento, sendo que existem fatores de risco para ambas as direções. “Apesar da pressão inflacionária mais forte no curto prazo, o Comitê mantém o diagnóstico de que esse choque é temporário, mas monitora sua evolução com atenção”, diz a nota.

Leia também:
Como investir com a Selic mantida em 2% ao ano e com aumento dos riscos inflacionários

Em relatório, o economista do Goldman Sachs Alberto Ramos escreveu que o comunicado do BC pós-reunião veio, no geral, mais dovish (favorável a juros baixos) do que o esperado.

“Vale ressaltar que, apesar da crescente apreensão do mercado com a dinâmica fiscal de curto e médio prazos, os riscos para a principal âncora fiscal (teto de gastos), o progresso lento nas principais reformas fiscais no Congresso e as pressões de financiamento do Tesouro Federal, o Copom segue afirmando que o atual regime fiscal não mudou. Mas também poderia ter reconhecido que esse risco está aumentando”, avalia o economista.

Segundo ele, o Copom deve manter a taxa Selic inalterada em 2% até o segundo semestre de 2021 e, então, seguir uma trajetória de “normalização gradual”.

Ramos destaca, contudo, o risco de um início do ciclo de normalização monetária mais cedo do que sua projeção, dado o atual nível excepcionalmente baixo de taxas nominais e reais e o fato de que, embora bem ancorada, a inflação está frequentemente sujeita a grandes choques idiossincráticos que podem mudar rapidamente a perspectiva do BC.

Pesquisa da XP Investimentos com 95 investidores institucionais realizada após a divulgação da decisão do Copom mostrou que, para 83% dos respondentes o comunicado do BC foi dovish. Para 34%, o BC só vai começar a subir a Selic no terceiro trimestre de 2021 (na pesquisa anterior eram 26%).

Política

Ainda no ambiente doméstico, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, afirmou ontem que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, vazou para a imprensa uma conversa particular que teve com ele na véspera.

Campos Neto procurou Maia para expressar seus temores em torno da crise política e da possibilidade das reformas não andarem no Congresso. Segundo interlocutores, Maia disse a Campos Neto o mesmo que tem respondido em público: que a obstrução parte da base do governo.

Mais tarde, no Twitter, Maia disse que recebeu uma ligação do presidente do BC afirmando que ele não divulgou a conversa à imprensa. “Diante da palavra do presidente, o vazamento certamente foi provocado por terceiros. Deixo aqui registrado a ligação e a confiança que tenho nele”, defendeu o presidente da Câmara.

Atenção ainda para o noticiário corporativo, com a repercussão dos números reportados por Petrobras, Vale, Bradesco, Ambev, entre outras companhias.

Quadro internacional

Na cena externa, os investidores monitoraram dados econômicos nos Estados Unidos e o avanço do coronavírus no mundo.

De acordo com o Departamento de Comércio dos EUA, o país registrou um crescimento de 33,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2020, na comparação com o trimestre anterior em termos anualizados.

O resultado veio levemente acima do esperado pelos economistas consultados pela Bloomberg, de avanço de 32%.

Ainda entre os indicadores americanos, o país somou 751 mil novos pedidos por seguro-desemprego na semana passada. O número veio menor do que a mediana das expectativas dos economistas consultados pela Bloomberg, que apontava para 770 mil requisições do benefício no período.

Na Europa, as atenções recaíram sobre o anúncio da França e da Alemanha de novos lockdowns para conter o avanço da Covid-19, o que levou investidores a projetarem um desempenho pior para a economia global em 2020.

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