As 10 maiores altas e baixas de ETFs em janeiro; fundos de índices com bancos e commodities na cesta de ativos se destacam

FIND11 e PIBB11 tiveram os melhores desempenhos do mês, enquanto ETFs de criptomoedas lideraram as quedas

Katherine Rivas

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O movimento de rotação de carteira realizado em janeiro pelos investidores – que deixaram de lado as ações de crescimento, como as de empresas de tecnologia, em direção aos ativos de valor, como os de empresas da chamada “velha economia – refletiu nos ETFs, fundos de índices negociados no pregão da B3.

“O mercado apostou bastante na subida de juros em diversos países, principalmente nos Estados Unidos e tivemos um movimento global de rotação de mercados”, afirma Jennie Li, estrategista de ações da XP. O Ibovespa subiu 6,98%, puxado principalmente por ações ligadas a bancos e commodities.

Segundo um levantamento feito pela Economatica, a pedido do InfoMoney, os dez ETFs com as melhores rentabilidades em janeiro correspondiam a estas teses. Na sua maioria, eles replicavam índices como o Ibovespa. No topo, ficaram os fundos de índices de bancos, grandes empresas da Bolsa e dividendos. Confira:

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Os dez ETFs da B3 com melhor desempenho em janeiro:

ETF  Retorno em janeiro
FIND11 17,24%
PIBB11 7,67%
ECOO11 7,54%
DIVO11 7,32%
BOVB11 7,22%
BOVV11 7,14%
BOVA11 7,12%
BBOV11 6,98%
BOVX11 6,97%
XBOV11 6,96%

Fonte: Economatica 

FIND11: o melhor ETF de janeiro

O fundo de índice com maior retorno em janeiro foi o It Now IFNC Fundo de Índice (FIND11), que replica o Índice Financeiro (IFNC) – que, por sua vez, reúne empresas do setor financeiro, previdência e seguros.

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O ETF FIND11 teve um retorno de 17,24% no mês, superior ao do seu índice de referência. O Índice Financeiro (IFNC) avançou 17,12%, segundo a Economatica.

Olhando para a cesta de ativos do ETF FIND11, os principais componentes são as ações de Itaú (ITUB4) com 19,37%, B3 (B3SA3) com 18%, além de Bradesco (BBDC4), Itaúsa (ITSA4) e Banco do Brasil (BBAS3), com 16,54%, 10% e 9,63%, respectivamente.

Jennie Li, estrategista de ações da XP, explica que o bom desempenho do ETF se justifica no movimento de rotação global dos investidores, que deixaram empresas de crescimento e optaram por ativos de valor, principalmente bancos.

“Bancos também tem se beneficiado do movimento de subida de juros”, reforça Jennie, considerando um mercado que já precificava a Selic a 10,75% ao ano.

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Outras teses de valor

Esta rotação de carteiras não beneficiou apenas o ETF FIND11. Na segunda posição está o It Now PIBB IBrX-50 Fundo de Índice (PIBB11), que replica o Índice Brasil 50 (IBrX50).

O ETF PIBB11 teve um retorno de 7,67% em janeiro, levemente acima do índice de referência, que avançou 7,65% no mesmo período.

O índice IBrX50 reúne as 50 ações mais negociadas da bolsa brasileira. Segundo Jennie Li, este índice possui uma composição muito semelhante ao Ibovespa.

Olhando para a cesta de ativos do ETF PIBB11, os principais componentes são Vale (VALE3) com 22,60% de participação, seguida da Petrobras (PETR4;PETR3) com 7,89% e 7%, respectivamente. Na quarta e quinta posição estão Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), com pesos de 6,53% e 5,75%.

“Commodities e bancos puxaram a alta da Bolsa brasileira em janeiro. O PIBB11 se beneficiou por ter uma estrutura semelhante”, diz a estrategista da XP.

Outro que pegou carona nessa tese foi o iShares Índice Carbono Eficiente Brasil – Fundo de Índice (ECOO11), que em janeiro teve um retorno de 7,54%.

O ETF ECOO11 replica o Índice de Carbono Eficiente (ICO2), que reúne as empresas do IBrX 100 comprometidas com uma economia de baixo carbono e a transparência de suas emissões de gases efeito estufa.

A composição desse índice tem algumas semelhanças com o IBrX50. As principais ações da cesta são Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e B3 (B3SA3) com 8,11%, 7,24% e 6,20%, respectivamente.

Enquanto o ICO2 subiu 7,35% em janeiro, o ETF ECOO11 acumulou ganhos de 7,54%.

Dividendos no radar

O quarto melhor ETF de janeiro foi o It Now IDIV Fundo de Índice (DIVO11), que valorizou 7,32% no mês.

O DIVO11 replica o Índice Dividendos (IDIV), que reúne boas pagadoras de proventos na Bolsa e teve um retorno de 7,47% em janeiro, superior ao DIVO11.

Entre os maiores pesos da cesta de ativos do DIVO11 é possível encontrar companhias como Telefônica (VIVT3) com 6,04% de participação, Taesa (TAEE11) com 4,48%, e Santander (SANB11) e Isa Cteep (TRPL4) com participação na cesta de 4,31% e 4,20%, respectivamente.

Para Jennie, a boa performance do ETF DIVO11 foi puxada pelos bancos e também pela valorização das empresas do setor elétrico. Ela cita ainda outras notícias que beneficiaram o desempenho de algumas empresas que integram a cesta de ativos do ETF, como Copel (CPLE6), que valorizou com notícias de potencial aquisição da Rio Energy.

Ainda entre os 10 ETFs com melhores desempenhos em janeiro, os fundos de índice que também integram a lista replicam o índice Ibovespa.

Os piores ETFs de janeiro

Enquanto os melhores desempenhos foram puxados por bancos e commodities, na contramão, os juros americanos e a rotação de carteiras acabaram pesando para os ETFs que se saíram mal em janeiro. Lideravam a lista dos piores retornos dois ETFs criptomoedas: o QR ETHER (QETH11) e o Hashdex Nasdaq Ethereum Reference (ETHE11), que recuaram 31,32% e 30,81%.

Ambos os ETFs replicam o desempenho da criptomoeda Ethereum (ETH).

Na terceira posição entre as maiores baixas, está o IT Now S&P® Kensho® Moonshots (SHOT11), com queda de 29,31%.

O ETF tem como tese de investimento a inovação disruptiva e replica o índice S&P® Kensho® Moonshots, que reúne 50 ações negociadas nos Estados Unidos, com alto nível de inovação. Confira a lista completa:

Os dez ETFs da B3 com pior desempenho em janeiro:

ETF Retorno em janeiro
QETH11 -31,32%
ETHE11 -30,81%
SHOT11 -29,31%
HASH11 -25,18%
QBTC11 -22,69%
BITH11 -22,36%
DNAI11 -22,29%
BTEK11 -20,14%
HTEK11 -15,81%
TECK11 -15,07%

Fonte: Economatica 

Para Luiz Felippo, sócio e analista de fundos da Nord Research, o desempenho ruim destes ETFs está relacionado à nova postura do Federal Reserve (Fed) em relação a alta dos juros americanos.

Ele avalia que houve uma mudança abrupta na comunicação do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) com o mercado, antecipando essa possível alta dos juros ainda no primeiro semestre de 2022. Com uma política monetária mais dura nos EUA, ativos relacionados a tecnologia, inovação e até mesmo criptomoedas sofreram.

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“Empresas de inovação têm grande parte do seu valor no longo prazo, e toda vez que os juros aumentam isso reduz o preço das ações. Já as criptomoedas são vistas pelo mercado da mesma forma, apesar de não se tratar de ativos iguais”, explica o analista.

Olhando para a frente, Felippo acredita que o impacto nestes ETFs dependerá da inflação e da postura do Fed para contê-la. Na lista dos piores desempenhos, é possível encontrar outros ETFs de criptomoedas, alguns do segmento de tecnologia e até mesmo de biotecnologia.

O que esperar?

Jennie, da XP, enxerga que para fevereiro segmentos como commodities podem se beneficiar pelo movimento de rotação de carteiras e forte demanda. “Para o curto prazo é uma boa alternativa, embora o preço possa moderar no médio prazo”, afirma.

Já em relação aos bancos, a estrategista recomenda cautela, porque apesar da alta dos juros, muitas instituições financeiras têm a sua carteira de crédito atrelada ao consumo, que em um cenário de baixo crescimento, juros e inflação elevada pode representar um fator de risco.

Olhando para os segmentos de tecnologia e criptomoedas ela acredita que ainda devem continuar sofrendo pela alta dos juros americanos, embora exista um ponto de entrada para investidores que busquem comprar ativos baratos.

Apesar de bem recomendados, ETFs de commodities ainda não estão no seu melhor desempenho. Segundo dados da Teva Índices, no mês de janeiro, os três ETFs do setor listados na B3 apresentaram um retorno menor do que o Ibovespa.

O CMDB11 avançou 3,6%, enquanto seus pares MATB11 e GOLD11 apresentaram retornos de 0,5% e -6,4%, respectivamente.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.