Quer surfar o “boom” de preços das commodities? Confira cinco alternativas para investir nelas com ETFs

Os fundos de índice permitem apostar diretamente em metais, como a prata, e até em uma carteira com 31 ativos. Conheça as melhores opções

Katherine Rivas

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As commodities começaram 2022 com o pé direito, recuperando níveis máximos de preços logo nas primeiras semanas do ano.

O minério de ferro voltou a ser negociado no patamar de US$ 138 a tonelada, enquanto a China flexibiliza a sua política monetária, que deve gerar um aumento no consumo das commodities. Já o petróleo, tipo Brent, renovou máximas superando os US$ 90 por barril na quarta-feira (26), fato que não acontecia desde 2014.

Especialistas consultados pelo InfoMoney sugerem que as commodities podem ser alternativas importantes para as carteiras em 2022. Mas elas são consideradas ativos cíclicos e, por isso, escolher o momento adequado para montar uma posição pode ser uma tarefa complicada, especialmente para os investidores individuais.

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Commodities costumam ser ativos voláteis, que reagem a fatores econômicos e até políticos, como é o caso do petróleo. Para o investidor que busca se expor globalmente a esse tipo de investimento, diversificando o risco, há a opção de aplicar por meio de ETFs, fundos que replicam índices focados neste segmento.

Na Bolsa brasileira, existem atualmente três ETFs do setor de commodities. Já nos Estados Unidos, é possível encontrar um leque muito maior, com 104 ETFs do segmento.

Quais são as melhores opções? O InfoMoney listou os prós e contras de cada ETF disponível. Confira quais são as alternativas mais indicadas para investir em 2022, segundo analistas:

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Quais commodities são as principais apostas para 2022?

O aperto monetário nos Estados Unidos e no Brasil, com previsão de elevação das taxas de juros para conter a inflação, pode causar impacto negativo sobre as commodities. Mesmo assim, há motivos para ter o setor na carteira de investimentos. Segundo Daniel Santos, analista de commodities do TC, o primeiro é o dólar, que deve se manter apreciado ao longo de 2022, beneficiando os resultados de empresas de matérias-primas, em comparação a setores como consumo, por exemplo, que dependem da economia doméstica.

Felipe Paletta, sócio-fundador e analista da Monett, aponta também um ciclo de recuperação da economia global puxado pela China, que flexibilizou sua política monetária para fazer frente à desaceleração.

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Há, ainda, a perspectiva de transição da matriz energética global, que deve acelerar até 2030, favorecendo várias commodities energéticas que podem apresentar valorização no médio e no longo prazo. “No curto prazo temos uma sazonalidade maior, mas existe muita oportunidade para as commodities em 2022”, defende Paletta.

Ao escolher commodities para investir, William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, destaca a importância de avaliar os preços, procurando identificar se o momento é adequado para montar uma posição. Esse é um cuidado importante especialmente quando o investimento é diretamente no ativo, e não em uma empresa que explora a matéria-prima para gerar resultados. Nesse caso, há exposição também a outras variáveis.

Alves explica que o minério de ferro e o petróleo tiveram valorização logo no começo do ano, o que pode precipitar solavancos nos próximos meses, embora sejam ativos com um cenário favorável para 2022. Além deles, o estrategista também enxerga oportunidade:

Quais são os ETFs de commodities listados na B3?

Na Bolsa brasileira, é possível se expor a commodities por meio de três ETFs: o It Now IMAT Fundo de Índice (MATB11), o BTG Pactual Teva Ações Commodities Brasil (CMDB11) e o Trend ETF LBMA Ouro (GOLD11).

Diferentemente dos Estados Unidos, onde a maioria dos ETFs investem diretamente em commodities como petróleo ou metais, os ETFs brasileiros apresentam peculiaridades. O MATB11 e o CMDB11 investem em empresas que exploram matérias-primas, e apenas o GOLD11 investe diretamente no metal.

Danilo Gabriel, sócio-gestor de fundos indexados da XP Asset, destaca que é importante o investidor observar esta diferença. Ao comprar um ETF cuja cesta de ativos é formada por ações de empresas, o investidor fica exposto também ao risco das companhias.

“Olhando para os principais componentes do CMBD11, vemos empresas como Vale e Petrobras, que já passaram por eventos como a tragédia de Brumadinho e troca de CEO da petroleira”, diz. “Esses acontecimentos impactam as empresas e também o ETF que as replica”.

Sem Petrobras, ETF MATB11 é considerado mais “defensivo”

Criado em 2012, o It Now IMAT Fundo de Índice (MATB11) é o mais antigo entre os ETFs de commodities brasileiros. Ele replica o Índice de Materiais Básicos (IMAT). A taxa de administração é de 0,50% ao ano.

Felipe Vella, analista de renda variável da Ativa Investimentos, explica que na cesta de ativos do MATB11 é possível encontrar 17 ações de setores como papel e celulose, mineração, siderurgia, petroquímicos, entre outros. As mais representativas são Vale (VALE3) com 21,80%, Suzano (SUZB3) com 18,93% e Gerdau (GGBR4) com 14,11%, considerando a cesta de 26 de janeiro de 2022.

Em 2021, o ETF MATB11 teve uma valorização de 11,83%, frente a uma alta de 13,12% do IMAT, seu índice de referência, segundo dados da Economatica.

Vale a pena? Por ter uma composição mais concentrada em celulose, minério de ferro e siderúrgicas, sem a presença dos papéis da Petrobras (PETR3; PETR4), o ETF MATB11 está menos sujeito a risco político, diz Santos, do TC. Isso o que o torna um ETF mais defensivo para 2022.

No entanto, entre as desvantagens está a exposição maior à China, pela sua alta concentração em empresas de minério de ferro. Por ter uma grande exposição à Vale, Gabriel, da XP Asset, lembra que o MATB11 também sofre com os riscos inerentes à companhia.

Para maior diversificação, ETF CMBD11 é opção

O BTG Pactual Teva Ações Commodities Brasil (CMDB11) chegou ao mercado apenas em novembro de 2021. Ele replica o índice Teva Ações Commodities Brasil e tem taxa de administração de 0,50% ao ano.

Vella, da Ativa Investimentos, explica que o CMDB11 possui atualmente uma cesta de ativos formada por 31 ações dos setores de papel e celulose, mineração, siderurgia, óleo, gás, proteína animal, soja, entre outros. Os papéis mais relevantes são Vale (VALE3) com 21,20%, Petrobras (PETR4) com 10,33%, e JBS (JBSS3) com 9,7%, considerando a cesta de 26 de janeiro de 2022.

“É o índice mais abrangente de commodities, cobrindo mais de 97% da cesta de exportações e commodities brasileiras”, explica o analista. O índice considera empresas do segmento com capitalização de mercado superior a R$ 500 milhões. Desde o início das negociações na B3, em novembro de 2021, o índice acumula alta de 12,60%, segundo a Economatica. No mesmo período, o índice Teva Ações Commodities Brasil acumulou uma valorização de 15,42%.

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Vale a pena? Entre as vantagens do ETF, Santos, do TC, cita a diversificação entre vários segmentos. O ETF também possui uma exposição menor à economia doméstica, sobre a qual existem muitas dúvidas quanto ao desempenho em 2022.

O analista também destaca a posição do ETF em Gerdau (GGBR4), de 6,36%, diante da perspectiva de que a indústria de aço vá bem neste ano.

A exposição de quase 20% do fundo em Petrobras, considerando PETR3 e PETR4, traz vantagens e desvantagens. O lado positivo é ela permitir acompanhar a alta do petróleo Brent, diz Santos. O negativo é o risco político, principalmente em função do ano eleitoral. Além de Petrobras, existem também os riscos relacionados à Vale, que representa 21,20% da cesta de ativos.

“Queridinho” em tempos de crise, ETF GOLD11 investe diretamente em ouro

Criado em 2020, o Trend ETF LBMA Ouro (GOLD11) é o único ETF local que possui exposição direta ao metal – o ouro. Ele replica a performance do ETF iShares Gold Trust (IAU), que por sua vez acompanha o índice LBMA Gold Price, referência mundial para o preço do ouro.

Segundo Felipe Vella, da Ativa, a política de investimento do GOLD11 estabelece que o ETF deve investir no mínimo 95% do seu patrimônio em cotas do IAU, enquanto os 5% restantes podem ser aplicados em outros ativos financeiros. Em 26 de janeiro de 2022, apenas 0,02% do ETF estava alocado no fundo BNP Soberano II. Todo o resto estava direcionado ao IAU.

O GOLD11 acompanha a variação cambial, dando uma exposição em dólar aos seus investidores, e possui uma taxa de administração de 0,30% ao ano. Desde a sua criação, o ETF GOLD11 acumula ganhos de 6,47%, segundo dados da Economatica.

Vale a pena? Por se tratar de ouro, um ativo de proteção, o GOLD11 é o “queridinho” entre os diversos analistas ouvidos pelo InfoMoney. Danilo Gabriel, da XP Asset, destaca que o GOLD11 é uma ótima opção para se expor a commodities, por estar posicionado em um ativo de proteção frente a crises, além de ter uma parcela da carteira dolarizada.

Para Santos, do TC, a vantagem do GOLD11 é a baixa volatilidade. Já entre as desvantagens ele cita o cenário macroeconômico, com alta dos juros e aperto monetário nos Estados Unidos. Um cenário de juros em alta não costuma ser benéfico para o ouro.

Como escolher entre as três alternativas?

Dentre as três alternativas, qual é o melhor ETF para investir em commodities neste ano?

Para Santos, analista de commodities do TC, o ETF CMDB11 é uma boa opção pela sua exposição mais equilibrada a commodities que prometem bom desempenho em 2022, além de ter uma carteira com 97% das empresas que representam a pauta de exportações brasileiras. “O ETF serve como uma espécie de hedge para investimentos exclusivamente brasileiros”, diz.

Vella, da Ativa, concorda que o CMDB11 é uma alternativa para investidores iniciantes que buscam exposição a commodities. Já o GOLD11 poderia ser utilizado como proteção na carteira, já que o ouro é uma reserva de valor cotada em dólar.

Entre os favoritos de Paletta, da Monett, estão os MATB11 e GOLD11. Para Gabriel, da XP Asset, a melhor alternativa é o GOLD11, principalmente por ser o único ETF na B3 que permite uma exposição direta à commodity.

BDRs de ETFs: dá para investir em commodities com eles?

Além de investir em commodities por meio de ETFs, o investidor tem a alternativa de acessar alguns fundos de índices listados no exterior por meio de BDRs (Brazilian depositary receipts) de ETFs – valores mobiliários emitidos no Brasil, mas que tem lastro em cotas de ETFs emitidos no exterior.

No segmento de commodities, é possível encontrar dois BDRs de ETFs listados na B3: o BIAU39 e o BSLV39.

O BIAU39 é o BDR que replica o iShares Gold Trust (IAU), um ETF que investe em ouro, listado na bolsa americana NYSE (bolsa de Nova York). Já o BSLV39 é um BDR do iShares Silver Trust (SLV), um ETF que investe em prata, também listado na NYSE.

Paulo Gitz, head de ações na XP Advisory nos Estados Unidos, aponta que metais preciosos como ouro e prata têm uma dinâmica diferente a outras commodities, por ter uma caraterística de proteção patrimonial. Em cenários de risco, com inflação elevada, ativos como ouro e prata se beneficiam.

Entre os pontos negativos estão a alta de juros global, que tende a ser ruim para estas commodities. “O custo de oportunidade de carregar um ativo que não produz renda aumenta”, afirma.

Nos EUA, investidor encontra 104 ETFs de commodities

Para o investidor que busca ainda mais possibilidades, existe a alternativa de se posicionar comprando ETFs diretamente no exterior. Nos Estados Unidos, por exemplo, o número de fundos de índices de commodities chega a 104. Dentre tantos, quais são os mais indicados?

Paulo Gitz, da XP, sugere ETFs de duas naturezas. Para quem busca capturar o ciclo de alta por meio da exposição às commodities em si, duas opções são interessantes:

  • ETF United States Oil Fund LP (USO), que oferece exposição ao petróleo, segue o índice Front Month Light Sweet Crude Oil e possui uma taxa de administração de 0,79% ao ano;
  • Invesco Optimum Yield Diversified Commodity Strategy (PDBC), que investe em contratos futuros das commodities mais negociadas do mundo. Seu índice de referência é o DBIQ Opt Yield Diversified Comm Index ER, composto por futuros de 14 commodities dos setores de energia, metais preciosos, metais industriais e agricultura. A taxa de administração é de 0,59%.

Já para o investidor que busca se expor às commodities por meio das ações de empresas produtoras, Gitz cita duas alternativas:

  • ETF iShares Global Materials (MXI), que busca acompanhar o desempenho de um índice composto por ações globais no setor de materiais. Sua taxa de administração é de 0,43% ao ano;
  • ETF iShares Global Energy (IXC), para quem se interessa por ações globais do setor de energia e petróleo. A taxa de administração é de 0,43% ao ano.

Além destes, Alves, da Avenue, cita os tradicionais ETFs que permitem investir em ouro e prata: o iShares Gold Trust (IAU) e o iShares Silver Trust (SLV), com taxas de administração de 0,25% e 0,40% ao ano, respectivamente.

Já para quem busca se expor a uma cesta de commodities agrícolas, ele cita o Invesco DB Agriculture Fund (DBA), com taxa de administração de 0,93%.

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Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.