12 ações pagam dividendos acima da Selic de 13,75%; quanto rendem R$ 10 mil e R$ 50 mil investidos nelas?

Levantamento exclusivo da Levante Investimentos aponta cenários com e sem reinvestimento

Katherine Rivas

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A Selic, taxa básica de juros, permanece estagnada em 13,75% ao ano após nova decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nesta quarta-feira (26). Diante deste cenário, apenas 12 ações negociadas na Bolsa de Valores podem entregar um retorno em dividendos (dividend yield) superior à Selic nos próximos 12 meses, segundo levantamento da Economatica para o InfoMoney.

Foram consideradas empresas que integram o índice Ibovespa e o índice Small Cap, que apresentam boa liquidez.  O levantamento considerou o retorno em dividendos projetado para os próximos 12 meses, desde que a empresa tenha lucro igual ou superior ao dos últimos 12 meses e mantenha a mesma política de distribuição de dividendos.

Você confere a seguir:

Entre os destaques está a Syn Prop Tec (SYNE3), a antiga Cyrela Commercial Properties, com um dividend yield  projetado de 175,67% para os próximos 12 meses.

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Na sequência, estão as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras (PETR4;PETR3) com um dividend yield projetado de 48,58% e 44,43%, respectivamente. A Petrobras se tornou a maior pagadora de dividendos do mundo no segundo trimestre, segundo dados da gestora britânica Janus Henderson.

Para o terceiro trimestre, embora o mercado se encontre dividido em relação a petrolífera, a expectativa ainda é de dividendos bilionários. A XP estima dividendos de cerca de US$ 6 bilhões (R$ 2,40 por ação, equivalente a 7% de yield para PETR4 no trimestre). Enquanto o Credit Suisse espera dividendos entre US$ 6 bilhões e US$ 9 bilhões (7-10% de rendimento) no mesmo período, mas reforça visão cautelosa.

O levantamento também apresentou o retorno em dividendos destas ações nos últimos 12 meses.

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Confira a lista completa abaixo:

Ação Dividend yield projetado para os próximos 12 meses  Dividend yield realizado nos últimos 12 meses
Syn Prop Tech SYNE3 175,67% 72,19%
Petrobras PETR4 48,58% 61,22%
Petrobras PETR3 44,43% 59,64%
Bradespar BRAP4 30,34% 14,80%
Bradespar BRAP3 29,48% 14,34%
Braskem BRKM5 27,37% 16,83%
Marfrig MRFG3 23,13% 10,30%
Gerdau Metalúrgica GOAU4 19,90% 18,74%
Metal Leve LEVE3 16,25% 10,96%
CSN Mineração CMIN3 16,05% 9,02%
Unipar UNIP6 14,98% 22,13%
BrasilAgro AGRO3 14,07% 15,48%

Fonte: Economatica. Obs: levantamento considera o preço dos ativos no fechamento de 24 de outubro. O dividend yield projetado é válido desde que a empresa tenha lucro igual ou maior ao dos últimos 12 meses e mantenha a mesma política de distribuição de dividendos e JCP dos últimos 12 meses.

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Quanto rendem R$ 10 mil aplicados nestas ações?

Um levantamento realizado por Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos, a pedido do InfoMoney, revela quanto rendem R$ 10 mil investidos nas ações que pagam dividendos acima da Selic.

Para este propósito foi considerado o dividend yield médio dos últimos cinco anos destas ações, que apresentaram um retorno mais realista ao investidor, sem distribuições atípicas ou exorbitantes.

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O levantamento considerou dois cenários: no primeiro cenário consta o investimento necessário sem o reinvestimento dos dividendos – ou seja, simula a situação em que o investidor recebe e gasta os proventos das ações.  Foi calculado também o retorno mensal, que é a divisão do ganho anual em doze meses.

Já o segundo cenário, foi o de reinvestimento dos dividendos ganhos no ano. Ou seja, o investidor alocou estes proventos em novas ações da mesma empresa. Desta forma, no começo do segundo ano, além da evolução do seu capital inicial, foram investidos também os dividendos pagos durante o primeiro ano.

Foram feitos cálculos também para um investimento de R$ 50 mil nas ações que pagam dividendos acima da Selic.

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No caso da Petrobras (PETR4), por exemplo, R$ 10 mil investidos renderiam R$ 1.992,65 em dividendos, caso o investidor opte por usufruir os proventos. Mas, caso prefira reinvestir o valor durante 1 ano, receberia R$ 2.389,72 em dividendos.

Veja a seguir:

Empresa Dividend Yield médio nos últimos 5 anos (%) Rendimento anual de R$ 10 mil investidos (Sem reinvestimento de dividendos)  Rendimento mensal de R$ 10 mil investidos (Sem reinvestimento de dividendos)  Rendimento anual de R$ 10 mil investidos (Com reinvestimento de dividendos)  Rendimento mensal de R$ 10 mil investidos (Com reinvestimento de dividendos) 
Petrobras PETR4  19,9% R$ 1.992,65 R$ 166,05 R$ 2.389,72 R$ 199,14
Petrobras PETR3 18,3% R$ 1.826,56 R$ 152,21 R$ 2.160,19 R$ 180,02
Bradespar BRAP4 12,8% R$ 1.284,83 R$ 107,07 R$ 1.449,91 R$ 120,83
Braskem BRKM5 12,3% R$ 1.228,96 R$ 102,41 R$ 1.380,00 R$ 115,00
Marfrig MRFG3 7,6% R$ 758,70 R$ 63,22 R$ 816,26 R$ 68,02
Gerdau Metalúrgica GOAU4  9,6% R$ 960,24 R$ 80,02 R$ 1.052,45 R$ 87,70
CSN Mineração CMIN3  12,5% R$ 1.253,60 R$ 104,47 R$ 1.410,75 R$ 117,56
Syn Prop Tech SYNE3  50,3% R$ 5.033,13 R$ 419,43 R$ 7.566,38 R$ 630,53
Bradespar BRAP3 12,8% R$ 1.280,11 R$ 106,68 R$ 1.443,98 R$ 120,33
Metal Leve LEVE3  7,3% R$ 725,93 R$ 60,49 R$ 778,63 R$ 64,89
Unipar UNIP6 23,2% R$ 2.317,33 R$ 193,11 R$ 2.854,34 R$ 237,86
BrasilAgro AGRO3  8,3% R$ 828,18 R$ 69,01 R$ 896,77 R$ 74,73

Fonte: Enrico Cozzolino, da Levante Investimentos. O levantamento considera os preços dos ativos em 24/10/22.

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Quanto rendem R$ 50 mil aplicados nestas ações?

Empresa Dividend Yield médio nos últimos 5 anos (%) Rendimento anual de R$ 50 mil investidos (Sem reinvestimento de dividendos)  Rendimento mensal de R$ 50 mil investidos (Sem reinvestimento de dividendos)  Rendimento anual de R$ 50 mil investidos (Com reinvestimento de dividendos)  Rendimento mensal de R$ 50 mil investidos (Com reinvestimento de dividendos) 
Petrobras PETR4  19,9% R$ 9.963,26 R$ 830,27 R$ 11.948,59 R$ 995,72
Petrobras PETR3 18,30% R$ 9.132,78 R$ 761,07 R$ 10.800,94 R$ 900,08
Bradespar BRAP4 12,80% R$ 6.424,15 R$ 535,35 R$ 7.249,55 R$ 604,13
Braskem BRKM5 12,30% R$ 6.144,82 R$ 512,07 R$ 6.899,99 R$ 575,00
Marfrig MRFG3 7,60% R$ 3.793,48 R$ 316,12 R$ 4.081,29 R$ 340,11
Gerdau Metalúrgica GOAU4 9,60% R$ 4.801,21 R$ 400,10 R$ 5.262,24 R$ 438,52
CSN Mineração CMIN3  12,5% R$ 6.268,00 R$ 522,33 R$ 7.053,75 R$ 587,81
Syn Prop Tech SYNE3  50,3% R$ 25.165,67 R$ 2.097,14 R$ 37.831,88 R$ 3.152,66
Bradespar BRAP3 12,80% R$ 6.400,56 R$ 533,38 R$ 7.219,91 R$ 601,66
Metal Leve LEVE3   7,3% R$ 3.629,66 R$ 302,47 R$ 3.893,14 R$ 324,43
Unipar UNIP6 23,20% R$ 11.586,66 R$ 965,56 R$ 14.271,68 R$ 1.189,31
BrasilAgro AGRO3 8,30% R$ 4.140,90 R$ 345,07 R$ 4.483,84 R$ 373,65

Fonte: Enrico Cozzolino, da Levante Investimentos. O levantamento considera os preços dos ativos em 24/10/22

Ações dividendeiras para estratégias de médio e longo prazo

A maioria das empresas que integram a lista de ações que pagam dividendos acima da Selic pertencem a setores cíclicos, relacionados a commodities metálicas, agrícolas e produtos químicos – que nem sempre apresentam constância nos seus resultados.

Bradespar (BRAP4)

Na visão de Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos, a Bradespar (BRAP4) seria uma das poucas companhias que se encaixaria em uma estratégia de renda passiva no médio e longo prazo.

Ele destaca que a Bradespar é uma holding com atuação exclusiva na mineradora Vale (VALE3), o que faz com que seu risco esteja somente atrelado ao outro ativo. Segundo Cozzolino, a Bradespar possui bons múltiplos, como preço sobre lucro de 1,6 vezes e EV/Ebitda de 1,6 vezes. “A Bradespar já traz o desconto da holding e, portanto, é uma boa maneira de se expor a Vale com um menor custo”, destaca o analista que reforça que a companhia tem baixo endividamento.

A Levante estima um dividend yield (retorno em dividendos) de 15,96% para 2023, se considerada a evolução da empresa nos 8 últimos resultados trimestrais e o payout (parcela do lucro destinada a proventos) no mesmo período.

Luan Alves, head de equity da VG Research, também gosta da Bradespar como alternativa para dividendos, contudo, não para o longo prazo. Ele acredita que a alocação na holding deve ser “tática”, enquanto o ciclo de commodities, com destaque para o minério de ferro, se mantenha interessante.

Alves ainda acredita na possiblidade de dividendos altos para Bradespar nos próximos anos. Para 2023, a projeção da VG Research é de um dividend yield de 11%. “A Vale [empresa investida pela Bradespar] tem se tornado uma forte geradora de caixa nos últimos anos, com balanço saudável e baixa necessidade de investimento”, destaca. Segundo o analista, o principal risco de investimento na Bradespar seria a desaceleração da China, que impactaria no preço das commodities.

Para Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf Research, a Bradespar também serve para uma alocação estratégica, com foco em 2023, mas sempre com atenção ao preço do minério de ferro. O analista projeta um dividend yield de 10% para a empresa no próximo ano. “Na nossa visão, a Bradespar já apresenta um valuation (avaliação) excessivamente descontado que já embute uma forte desvalorização do preço do minério de ferro”, aponta.

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Petrobras (PETR4)

De olho ainda em 2023, a VG e a Benndorf Research, ainda permanecem otimistas com a Petrobras. Segundo Tahara, a oferta e demanda de petróleo deve continuar apertada nos próximos anos, e com o barril de petróleo Brent se mantendo em torno de US$ 90, a companhia pode ter resultados interessantes.

Para a Benndorf Research, a companhia pode entregar ainda dividendos na casa dos 12% em 2023, o que justificaria a permanência no ativo pelo menos no próximo ano. Já para a VG Research, a projeção é de dividendos de 15%. “O principal risco em 2023 é que a companhia mude a sua estratégia comercial e de investimentos, especialmente no que se refere ao programa de desinvestimento das refinarias”, destaca Alves.

Segundo o analista, no terceiro trimestre de 2022, a companhia pode entregar um dividend yield de 7%.

A Levante não enxerga fundamentos na Petrobras para uma carteira de dividendos, mas acredita que a companhia possa entregar um retorno em dividendos de 24,26% em 2023, se observado os últimos 8 resultados trimestrais.

BrasilAgro (AGRO3)

Outra preferência de Cozzolino, da Levante, para uma carteira de dividendos no longo prazo é a BrasilAgro, empresa que atua na produção de commodities agrícolas e na venda de imóveis rurais e fazendas. Segundo o analista, a companhia foi consistente em ambas as operações nos últimos resultados, o que facilitou um bom retorno em dividendos.

Em 2022, a companhia tem como meta distribuir R$ 520 milhões em dividendos, o que representa 100% do lucro líquido, e dividendos de R$ 5,26 por ação. A companhia já pagou R$ 2,02 em abril. Em entrevista exclusiva ao InfoMoney, André Guillaumon, CEO da BrasilAgro, apontou que a meta e sonho da companhia é ser uma pagadora de dividendos, de no mínimo 5% de dividend yield, no longo prazo.

Segundo Cozzolino, a empresa não possui endividamento, e embora a projeção seja de resultados menores por conta de menos venda de fazendas e maior enfoque na produção de commodities agrícolas, a companhia deve se manter consistente. A casa de análise espera um dividend yield de 9,18% para AGRO3 em 2023.

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Ainda entre as preferências da Levante, a Marfrig (MRFG3) tem dividend yield projetado de 10,33% para 2023.

Já na visão da Benndorf Research, Unipar (UNIP6) ainda poderia ser uma alternativa para uma carteira de dividendos no longo prazo, por conta do seu sólido histórico de pagamento nos últimos anos. Tahara destaca ainda a Gerdau Metalúrgica (GOAU4), holding que investe na Gerdau, como alocação tática para o curto e médio prazo, a expectativa é de um dividend yield de 15% em 2023.

Katherine Rivas

Repórter de investimentos no InfoMoney, acompanha ETFs, BDRs, dividendos e previdência privada.