“Estamos dispostos a estudar e tentar viabilizar passagens a R$ 200”, diz CFO da Azul

Ao InfoMoney, Alex Malfitani também falou sobre renegociação do pagamento de aluguel de aeronaves, que trouxe alívio ao balanço da companhia

Anderson Figo

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A Azul (AZUL4) está disposta a estudar e tentar viabilizar passagens aéreas a R$ 200 para estudantes do Fies, aposentados e pensionistas do INSS e servidores municipais, estaduais e federais que ganham até R$ 6,8 mil, segundo Alex Malfitani, CFO e co-fundador da companhia aérea. O desconto faz parte do programa “Voa, Brasil”, anunciado nesta semana pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB).

Ao InfoMoney, Malfitani disse que a empresa se beneficiaria com o aumento no número de brasileiros viajando de avião, já que o maior custo para uma companhia aérea é assento vazio. O executivo, no entanto, ressaltou que o programa precisa de um desenho bem pensado, já que as aéreas também lucram com a venda de última hora de bilhetes por um valor bem maior que o normal.

O CFO também falou sobre a renegociação que a Azul fez com empresas que alugam aeronaves para a companhia. O acordo fez com que a empresa tivesse lucro no último trimestre do ano passado, revertendo prejuízo visto no mesmo período do ano anterior. Segundo ele, isso vai permitir que a empresa apresente sua maior geração de caixa da história em 2023, acima dos R$ 5 bilhões. O melhor desempenho do Ebitda anual da Azul até então foi em 2019, no pré-pandemia, com R$ 3,6 bilhões.

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“Quando saiu a notícia do caso Americanas, o mercado ficou receoso. As agências de risco deram downgrade na Azul, deram downgrade na concorrência também, mas aí por outros motivos também. Isso criou um clima de que a Azul não fosse ter apoio dos ‘lessores’ [empresas que fazem leasing, como um aluguel de aeronaves, à Azul], mas a gente sempre esteve confiante de que iríamos ter. 80% da nossa dívida nominal vem dos ‘lessores’ e os ‘lessores’ não dependem de crédito de banco brasileiro para se financiar”, disse.

Ele participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

Sobre a recente crise do Credit Suisse e o temor de que isso possa se espalhar para outros bancos internacionais, Malfitani disse que ainda é cedo para dizer que isso possa afetar futuras negociações da Azul com os “lessores”. “Diretamente no nosso negócio, a gente não vê muita implicação. Tem que olhar para o lado da demanda. No quarto trimestre e isso continua até hoje, a demanda está muito forte, trazendo um volume muito bom, com tarifas altas também”, disse.

Em relação aos preços das passagens, o CFO da Azul disse que ainda há espaço para novas altas. “Vamos continuar tentando achar o nível de tarifa que o mercado aceita. Há uma demanda das companhias aéreas para recompor margem, mas é o cliente que vai determinar qual é o limite”, afirmou.

O executivo falou ainda sobre o aumento da malha, com um novo voo para Paris e aumento da operação no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. “Isso vai ser ótimo inclusive para o Tudo Azul, nosso programa de fidelidade, pois aumenta a comodidade para os clientes. Nem todos os clientes que moram em São Paulo querem voar de Guarulhos ou Campinas”, destacou.

A respeito da operação de transporte de cargas, Malfitani se mostrou otimista e disse que há espaço para crescer, aproveitando a maior oferta de voos de passageiros. “O custo para adicionar uma carga em um voo de passageiro é muito baixo”, disse. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.