Yduqs (YDUQ3): CEO diz que retomada do Fies seria uma “grande alavanca” para o crescimento do segmento presencial

Companhia aponta captação de alunos no presencial no primeiro semestre mais fraca que em 2022, mas que isso "não preocupa"

Augusto Diniz

Publicidade

A Yduqs (YDUQ3) apresentou os resultados do quarto trimestre de 2022 (4T22) a analistas de mercado, em teleconferência realizada nesta quinta (16), e as discussões se centraram no futuro da educação superior presencial, que teve enorme queda por conta da pandemia.

Eduardo Parente, CEO da empresa, diz “que vê interesse de muita gente” em realizar a graduação no modelo presencial e que “está esperando momentos melhores para fazê-lo”. O executivo aponta que a retomada do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) poderia ser também uma alavanca importante para o segmento.

“A gente vê o presidente [Lula] falando disso, vê grupos de trabalho montado (pelo governo) para isso. Uma retomada de demanda (do Fies) será uma segunda grande alavanca do presencial”, disse Parente. A primeira alavanca seria o alto interesse existente no ensino superior presencial. Cabe destacar que, no último dia 8, as ações do setor tiveram forte alta após o Ministério da Educação criar um grupo de trabalho para avaliar o Fies, aumentando as expectativas sobre ampliação do programa.

Continua depois da publicidade

O CEO ressaltou ainda que a previsão da Yduqs para o segmento presencial em 2023 é maior do que o primeiro semestre de 2021 e menor do que no mesmo período de 2022.

“Ano passado foi uma captação (do segmento presencial) extraordinária, muito acima do mercado. Vamos ficar abaixo (em 2023), mas sem grandes preocupações, por que o tíquete médio está vindo muito bem”, comentou.

“Vamos ter uma captação pior do presencial no primeiro semestre. Isso não é algo que preocupe, pois 2022 foi um ponto fora da curva”, avaliou.

Continua depois da publicidade

“A margem do presencial não é uma margem que consideramos confortável (hoje está em 20%). A gente entende que no médio prazo precisa de números diferentes e de forma positiva”, destacou. “O que acontece é que a gente tinha um sistema desbalanceado, nós e o mercado, onde se vê uma queda de demanda no presencial como um todo”, afirmou.

O executivo explica que o lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) do presencial já teve margem de mais de 30% no passado, o que “não é visto hoje”. Ele crê em retomada da margem de mais 4% a 6% no médio prazo.

“Hoje, estamos numa situação mais confortável em termos de base. Tem capacidade ociosa para absorver a demanda, o que geraria uma alavancagem operacional bastante interessante”, complementou ainda sobre o segmento presencial.

Continua depois da publicidade

A empresa tem visto o ensino a distância (EAD) também com comportamento pré-pandemia. Eduardo Parente avalia que o EAD tem espaço para crescimento por muitos anos e não vê “saturação” do segmento. “Tem um estoque muito grande de pessoas e o EAD é a ferramenta de inclusão”, disse.

Baseado nos resultados já captados nesse início de ano, a empresa prevê crescimento do Ebitda ajustado em dois dígitos no 1T22 comparado com o mesmo período do ano passado.

Visões divergentes sobre o resultado

As ações da Yduqs alternam entre leves perdas e ganhos após a divulgação do resultado na noite da véspera. A companhia de educação registrou prejuízo líquido de R$ 84,3 milhões no quarto trimestre de 2022, após resultado negativo em R$ 74,3 milhões no mesmo período do ano anterior, impactado, entre outros pontos, pela piora na linha financeira.

Continua depois da publicidade

A XP aponta que os números foram neutros, sendo destaques: (i) o segmento premium, que continuou ganhando relevância, com novas vagas e a maturação de vagas existentes impulsionando a receita; (ii) a empresa conseguiu aumentar as captações no segmento digital, indicando uma abordagem mais disciplinada na precificação; e (iii) o presencial apresentou alguma expansão de margem, apesar de ser um negócio já maduro.

“Apesar de considerar os resultados neutros, o guidance da empresa aponta para uma possível recuperação em 2023”, avaliam os analistas. A companhia publicou estimativa de investimentos para este ano de R$ 450 milhões, bem como projeção de crescimento de dois dígitos percentuais no Ebitda ajustado do primeiro trimestre de 2023 contra igual etapa do ano passado.

O Itaú BBA, por sua vez, apontou que a companhia registrou tendências no quarto trimestre semelhantes às do trimestre anterior, com crescimento de receita sustentado por uma boa performance nos segmentos digital e premium. No entanto, para os analistas do banco, também houve sinais iniciais de um fraco desempenho de captação no segmento presencial para o ciclo do primeiro semestre de 2023.

Continua depois da publicidade

“Assim, mantemos nossa recomendação neutra para YDUQ3, com preço-alvo de R$ 11 ao fim de 2023”, apontam.

A rentabilidade (margem) bruta da empresa atingiu 54,0%, aumento de 5,7 pontos porcentuais em relação ao mesmo período do ano anterior, principalmente devido a custos menores de pessoal no segmento digital e custos de aluguéis mais baixos.

A rentabilidade operacional (margem Ebitda) ajustada, por sua vez, foi de 28,5%, praticamente em linha com a estimativa do BBA e um aumento de 3,8 pontos porcentuais em base anual, devido ao efeito positivo da rentabilidade bruta e à redução das despesas com PDD (provisão para devedores duvidosos), que também foi ajudada por um ajuste não recorrente de R$ 28,5 milhões, apesar do aumento das despesas com vendas.

Com uma visão mais otimista, o Bradesco BBI vê os números como positivos, dado que o risco potencial de queda em 2023 para as receitas no campus pode ser mais do que compensado pelas receitas premium/digitais e pela expansão de sua margem Ebitda. “Mantemos assim nossa recomendação de compra com preço-alvo de R$ 14,00, com base no valuation, uma vez que a ação é negociada em 4,6x o múltiplo EV/Ebitda para 2023”, afirma.