Azar e sorte: quebra do SVB vira oportunidade de negócio para fintechs brasileiras

Com lacuna deixada pelo banco norte-americano, fintechs se movimentam na tentativa de conquistar empreendedores de startups

Wesley Santana

(Shutterstock)

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A falência do Silicon Valley Bank, na semana passada, pegou muita gente de surpresa, pois deu fim a uma das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos. Apesar disso, diversos negócios estão surgindo no mercado financeiro, encabeçado por fintechs, para tentar ocupar a brecha deixada pelo SVB, principalmente na atenção às startups.

Um exemplo disso é a conta empresarial Meridian, anunciada nesta quarta-feira (15), pela Latitud, plataforma de empreendedorismo voltada para startups. O novo produto financeiro tem o objetivo de oferecer um serviço de câmbio diferenciado, permitindo o envio e regimento de recursos entre países, e a possibilidade dos gestores administrarem o caixa pela plataforma.

Segundo a Latitud, esse serviço se destaca para startups de estágio inicial que levantam recursos no exterior e, por isso, precisam de uma estrutura jurídica internacional. Por enquanto, o serviço ainda está na fase beta, disponível apenas para brasileiras, e os interessados devem se inscrever na lista de espera.

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Outra empresa que surfou na crise do SVB foi a Trace Finance, que lançou uma solução global com foco em atender startups da América Latina. O serviço seria lançado oficialmente no final de abril, mas foi antecipado para esta semana e já conta com US$ 3 bilhões na fila de espera.

O banco digital diz que, nos cinco primeiros dias de operação do novo serviço, registrou o interesse de 65 empresas, que conseguiram finalizar seus cadastros em até 3 horas.

Esses serviços surgiram a partir da constituição de estruturas jurídicas fora do país, mais especificamente nas Ilhas Cayman ou no estado de Delaware, nos EUA. Esse é um dos caminhos usados pelas startups para fugir da dupla tributação ao receber os recursos captados em rodadas de investimentos ou -em muitos casos- o seu próprio caixa.

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Os serviços também são uma alternativa aos requisitos que alguns dos principais bancos norte-americanos mantêm para abertura de contas empresariais, como saldo inicial mínimo de milhões de dólares.

Na análise de Junior Borneli, fundador da escola internacional de negócios StartSe, as empresas precisam entender essa nova dinâmica de imprevisibilidade do mercado. Ele comenta que é o que há de mais importante atualmente é equilíbrio, ambidestria e capacidade de adaptação.

“O Silicon Valley Bank nasceu como uma instituição que sabia -e queria- fazer negócios com startups. Esse espaço ficou vazio no mercado e isso gera oportunidades”, pontua. “As empresas que não entenderem que a mudança faz parte do processo vão continuar tentando navegar em um mar calmo, mas vão ser atropeladas pelas fortes ondas que vêm em sequenciais curtas e intensidades cada vez maiores”.