Airbnb capta US$ 1 bilhão em financiamento diante dos prejuízos causados pela Covid-19

O valor permitirá a empresa enfrentar melhor os impactos causados pela pandemia

Pablo Santana

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SÃO PAULO – O Airbnb, plataforma de estadias e atividades turísticas, anunciou nesta segunda-feira (6) ter levantado US$ 1 bilhão em uma nova rodada de financiamento liderada pelas empresas de private equity Silver Lake e Sixth Street Partners.

Em comunicado, a empresa afirmou que o investimento ajudará a fortalecer a comunidade global de anfitriões e convidados dos mais de 220 países em que atua. O valor será investido numa combinação de dívida e patrimônio que apoiarão o trabalho contínuo do Airbnb para investir a longo prazo.

A empresa não divulgou os termos do acordo, nem disse quanto do investimento é dívida ou patrimônio, mas fontes próximas afirmaram à CNBC que a transação é atraente para o Airbnb – acrescentando que a aplicação não depende do seu desempenho financeiro e da necessidade de abrir capital em uma data específica.

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A angariação de fundos acontece em um momento crítico para companhia e todo setor de turismo, que segue sendo impactado com a diminuição drástica da demanda de viagens em virtude da pandemia e da necessidade de isolamento social para conter a disseminação do novo coronavírus.

No caso do Airbnb, a situação ainda é um pouco mais delicada, pois a empresa já vinha registrando prejuízos antes do novo coronavírus paralisar o mundo inteiro. A companhia perdeu US$ 322 milhões nos primeiros 9 meses de 2019, em comparação com o lucro de US$ 200 milhões durante o mesmo período do ano anterior.

Em setembro de 2019, a startup anunciou que realizaria sua oferta inicial de ações ainda em 2020. Após cerca de cinco meses do anúncio e diante do cenário, os planos parecem ter sido frustrados.

Segundo a Bloomberg, o Airbnb estava avançando nas negociações e planejava realizar o IPO da companhia entre março e abril deste ano. Mas, segundo afirmações de fontes anônimas, a ideia provavelmente foi abortada graças ao avanço do coronavírus pelo mundo e o impacto da doença nos números da companhia.

Na semana passada, o Financial Times informou que a empresa reduziu sua avaliação interna para US$ 26 bilhões, por conta da queda acentuada nas reservas. Isso representa um recuo de 16% em relação à avaliação de US$ 31 bilhões que o Airbnb recebeu em sua mais recente rodada de captação de recursos privados, de acordo com o PitchBook.

O CEO do Airbnb, Brian Chesky, disse que os negócios da empresa se recuperarão após a pandemia de coronavírus, já que não é a primeira crise que a empresa enfrenta.

“Vamos enfrentar esta tempestade”, disse Chesky em sua mensagem em vídeo. “Nós vamos resolver isso juntos. Haverá uma quantidade enorme de negócios do outro lado”.

Dados da empresa de pesquisa de mercado AirDNA mostraram que as reservas do Airbnb em Pequim caíram 96% de janeiro a março, enquanto o vírus se espalhou por toda a China. Já as reservas em Roma,  e Seul registraram quedas de 41% e 46%, respectivamente, – e as consequências econômicas podem continuar por meses.

Para ajudar os anfitriões, a empresa anunciou a criação de um fundo de US$ 250 milhões destinados à cobrir 25% da receita perdida devido a reservas canceladas como resultado da pandemia.

Um outro fundo ajudará os ‘Superhosts‘ – anfitriões mais experientes e bem avaliados da plataforma – a pagar seu aluguel ou hipoteca. Criado inicialmente com US$ 10 milhões, o Superhost Relief Funde receberá mais US$ 5 milhões com o novo aporte anunciado hoje.

A empresa ainda informou que se concentrará em estadias de longa duração como estratégia de negócio de olho nas mudanças sociais e na adoção da economia compartilhada. “Desde estudantes que precisam de moradia durante a escola, até pessoas em tarefas de trabalho prolongadas, o Airbnb é um local onde muitos encontraram moradia de longo prazo. No futuro, os sonhos de morar em outra comunidade se tornarão uma realidade crescente”, afirmou o comunicado.

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Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios