Airbnb pode adiar seu IPO para 2021 graças à crise com o coronavírus

O Airbnb tem permitido que hóspedes e anfitriões cancelem reservas na China - epicentro do vírus - sem penalidade até 1º de abril

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – O recente surto da Covid-2019, popularmente chamada de novo coronavírus, está afetando boa parte dos setores da economia mundial. E, depois de derrubar mercados ao redor do mundo e infectar mais de 80 mil pessoas, o vírus pode ter feito outra vítima: o IPO do Airbnb.

Em setembro de 2019, a startup de aluguel de casa compartilhada anunciava por meio de um comunicado à imprensa que realizaria sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) ainda em 2020. Após cerca de cinco meses do anúncio, esses planos parecem ter sido frustrados.

Segundo informações da Bloomberg, agência de notícias americana, o Airbnb estava avançando nas negociações e planejava realizar o IPO da companhia entre março e abril deste ano. Mas, segundo afirmações que fontes anônimas deram à Bloomberg, é provável que a ideia seja abortada graças ao avanço do coronavírus pelo mundo e o impacto da doença nos números da companhia.

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O surto da Covid-2019 já infectou mais de 80 mil pessoas ao redor do mundo, com cerca de 3 mil mortes e chegou a 67 países diferentes.

Fundado em 2008, o Airbnb fornece uma plataforma que conecta pessoas dispostas a alugar suas casas a hóspedes que procuram acomodações baratas, cobrando uma taxa de cerca de 15% de hóspedes e anfitriões. Até o momento, possui mais de 7 milhões de anúncios em cerca de 100 mil cidades de 200 países diferentes.

O impacto do coronavírus

Ainda que o Airbnb não seja a única grande empresa que contempla atrasos no IPO induzidos pelo coronavírus, especialistas acreditam que a situação da companhia é a mais delicada e preocupante, já que seu negócio é baseado em um dos setores mais afetados pela epidemia: o setor de turismo.

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“O surto de coronavírus está causando restrições de viagens e outras interrupções que afetam diretamente o setor de viagens e turismo”, disse o porta-voz do Airbnb, Nick Papas, em um comunicado oficial no blog da companhia.

O Airbnb tem permitido que hóspedes e anfitriões cancelem reservas na China – epicentro do vírus – sem penalidade até 1º de abril.

Tal decisão – somada ao isolamento da China como um todo desde a propagação internacional do Covid-19 – deve reduzir os negócios da companhia no mercado chinês em cerca de 80% em comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com relatos de funcionários da empresa à Bloomberg.

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O setor de viagens está entre os mais atingidos desde que o vírus começou a dominar os noticiários internacionais. As companhias aéreas suspenderam os voos, centenas de hotéis fecharam e eventos mundiais estão sendo ameaçados, enquanto outros foram completamente cancelados.

“Se as Olimpíadas forem canceladas, pode dar uma boa indicação para que o Airbnb pense seriamente em adiar sua oferta pública inicial para o próximo ano,” diz o professor Arun Sundararajan, da Universidade de Nova York, especialista em ofertas públicas de ações, em entrevista à Bloomberg.

“Não é uma boa ideia que eles [Airbnb] se tornem empresas de capital aberto enquanto uma pandemia ainda está em andamento, ainda mais levando em consideração o setor da companhia. Ainda há muita incerteza para precificar realisticamente o papel “, complementa.

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Outras crises

Além da crise com o coronavírus, o Airbnb enfrentou outras dificuldades ultimamente. A startup teve um prejuízo de US$ 322 milhões entre janeiro e setembro de 2019, um resultado muito ruim em comparação com o lucro de US$ 200 milhões no mesmo período do ano anterior.

Ainda que o faturamento da companhia tenha atingido US$ 1,65 bilhão, o aumento das despesas fez com que a companhia fechasse o terceiro trimestre de 2019 no vermelho.

O Airbnb gastou cerca de US$ 150 milhões na melhoria da segurança de sua plataforma, após a descoberta de centenas de anúncios de fraudes e questões sensíveis envolvendo roubo e outros crimes entre usuários da plataforma.

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Também incorreu um aumento de despesas gerais e custos de vendas e marketing. Além disso, os gastos administrativos da companhia mais que dobraram no último ano.

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.