Paralisação de servidores do BC pode atrasar (ainda mais) lançamento do Pix Automático

BC confirmou lançamento da nova tecnologia nesta semana e já considera revés na agenda

Giovanna Sutto

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Mayara Yano, associada sênior do Banco Central, afirmou que apesar da confirmação recente de previsão de lançamento do Pix Automático para abril de 2024, a data pode ser adiada devido à paralisação dos servidores que o BC enfrenta.

“O Banco Central está vivendo uma crise de recursos humanos. São dez anos sem concurso público para a entrada de mais profissionais. E está acontecendo um forte movimento em prol da valorização e correção de assimetrias. Por isso, esse cronograma [do Pix Automático] pode mudar a depender do movimento dentro do BC”, afirmou Yano, durante um painel sobre Pix e Cashless Economy, na Febraban Tech 2023, nesta terça-feira (27).

Os servidores do BC vêm compartilhando sua insatisfação com a situação de forma pública nos últimos dias com protestos em lives e fórum da autoridade monetária.

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Reportagem recente já tinha mencionado que a paralisação poderia afetar o cronograma do Pix, além da regulamentação do mercado de criptoativos, que também é uma das candidatas a andar a passos lentos, sem corpo funcional suficiente.

O Pix automático, que estava previsto para setembro deste ano, foi adiado para abril de 2024 recentemente (o recurso é uma espécie de “débito automático”, que viabilizará pagamentos recorrentes automatizados, mediante uma única autorização prévia do pagador).

A agenda é considerada importante pelo BC para aumentar a competição, já que hoje o débito automático depende de convênios bilaterais entre empresas e instituições — o que favorece os “bancões”, que têm uma base maior de clientes.

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Ela reforçou esse perfil mais democrático da versão recorrente do Pix. “Diferentemente do débito automático, com o Pix o modelo vai ser mais acessível. Serviços de streamings, condomínios, academias, e qualquer empresa que precise desse tipo de pagamento vai conseguir ofertá-lo”.

Yano não detalhou mais informações e deixou e aberto atrasos para outros produtos da esteira de lançamentos do Pix.

Pix Garantido e Pix internacional

Apesar dos riscos de mais atrasos por falta de pessoal, Yano reforçou que o BC vem trabalhando no desenvolvimento de novos recursos como o Pix Garantido, que vai permitir parcelamento no modelo de pagamento instantâneo, e o Pix Internacional, que vai permitir transferências entre países.

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Ainda sem data de lançamento, os recursos são discutidos há algum tempo. No painel durante o evento, Yano detalhou o Pix Internacional e as intenções do BC com o produto.

Ela contou que o projeto do Pix Internacional envolve cooperação técnica. “Nós estamos compartilhando a expertise do Pix com várias jurisdições. Países da América Norte, Europa, África, além das jurisdições da América Latina, entraram em contato conosco”, explica.

“Como BC temos papel de fomentar [o desenvolvimento do Pix] entre mais países e compartilhar erros e acertos para preparar o ambiente para no futuro termos conexões entre sistemas de pagamentos de diversos países”, complementa.

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Ela explica que há duas abordagens em análise: multilateral por meio de plataformas, uma medida mais indireta; e a bilateral direto com um outro país, via conexão direta.

“Estamos acompanhando iniciativas e vamos adotar padrões internacionais, como as chaves, APIs, mensageria que são caminhos que vão facilitar Pix Internacional no futuro”, diz Yano.

Ela citou o Bank for International Settlements (BIS), instituição conhecida como o “Banco Central dos bancos centrais”, como uma iniciativa que o BC acompanha, mas reforçou que o BC ainda não trabalha com datas.

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O InfoMoney fez uma reportagem que detalha o projeto Nexus, uma plataforma global do BIS que promete conectar vários países. Veja o vídeo abaixo:

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.