45% dos brasileiros que pretendem se mudar e comprar imóvel não se planejam, aponta pesquisa

Porcentagem de quem se planeja financeiramente é maior nas classes A/B e entre quem tem filhos e quem mora em regiões metropolitanas, segundo Datafolha

Lucas Sampaio

Mudança de casa

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A maioria dos brasileiros que pretende mudar de casa quer comprar um imóvel próprio, mas grande parte deles não possui planejamento financeiro para isso, é o que revela pesquisa Datafolha encomendada pelo QuintoAndar e divulgada nesta quinta-feira (9).

Um terço dos brasileiros considera alta a chance de se mudar de casa nos próximos dois anos, e 57% deles querem comprar um imóvel (outros 25% preferem alugar, 9% não souberam responder e 8% deram outras respostas).

Entre quem mora de aluguel, a porcentagem de quem pretende se mudar sobe para 48%. Ela é maior também entre jovens entre 21 e 24 anos (47%), solteiros (39%) e quem mora em apartamento (38%).

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Mas, quando o assunto é se preparar para a compra, só 45% possuem planejamento financeiro para isso. Essa porcentagem sobe entre pessoas mais ricas (58% na classe A/B), com filhos (52%) e que moram em regiões metropolitanas (51%). Entre quem mora no interior, só 40% estão se planejando.

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A pesquisa Datafolha foi feita presencialmente, com 3.186 pessoas acima de 21 anos, em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

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Há amostra representativa das regiões metropolitanas de São Paulo, Rio e Belo Horizonte e dos macropolos da Baixada Santista e de Ribeirão Preto. Segundo a pesquisa, o planejamento financeiro é muito maior em Ribeirão Preto (77%), no interior de São Paulo, e menor no Rio (48%) e em BH (48%).

Entre os principais motivos para comprar um imóvel, 8 em cada 10 citam não ter que pagar aluguel (43%) ou realizar o sonho da casa própria (37%). Outros 13% afirmam que o intuito é ter estabilidade financeira e 11%, investir.

Como comprar?

Para concretizar o negócio, 52% pretendem fazer um financiamento e 25%, pagar à vista. Outros 9% disseram que vão pedir ajuda a familiares, 9% responderam consórcio e os demais deram outras respostas, não sabe ou não quis responder.

Jonas Marchetti, diretor de Crédito do QuintoAndar, ressalta a importância de reavaliar as finanças e preparar o bolso antes de comprar um imóvel. “As despesas costumam aumentar quando você deixa de ser inquilino e vira proprietário, com a manutenção do imóvel. Por isso, é preciso fazer uma reserva para gastos inesperados e não deixar tudo na transação”.

“Na casa nova, talvez sejam necessárias algumas melhorias. O ideal é até fazer um ‘test-drive’ alguns meses antes de comprar para ver a capacidade de arcar com todas as despesas [valor da parcela de um eventual financiamento, condomínio, IPTU etc.”, alerta Marchetti.

Entre os 52% que precisarão de um empréstimo, pouco mais da metade (52%) vão buscar um banco, 26% pretendem recorrer ao programa Casa Verde e Amarela (antigo Minha Casa Minha Vida) e 19%, a construtoras e incorporadoras.

O diretor de Crédito do QuintoAndar também destaca que é essencial estudar as formas de pagamento/financiamento. “A dica é sempre levar em conta o custo efetivo total: ou seja, analisar a forma de correção das parcelas, o custo do seguro. É preciso fazer contas. Se a pessoa não estiver segura com todos os cálculos para fazer um financiamento, o ideal é procurar ajuda, conversar com amigos, pesquisar mais”.

Dos 25% que pretendem comprar o imóvel à vista, 39% dizem que vão recorrer à poupança, 28% vão usar o dinheiro da venda de outros imóveis e 26%, da venda de outros bens. Outros 10% usarão o dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e 5% deram outras respostas/não sabem.

Financiamento x aluguel

Segundo o Datafolha, 7 em cada 10 brasileiros têm casa própria (62% moram em imóveis quitados e só 8%, em financiados), outros 27% moram em imóveis alugados e 3%, em imóveis cedidos/emprestados.

O financiamento imobiliário compromete 27% da renda familiar no Brasil, em média, e o valor médio gasto com a parcela mensal é de R$ 715. Já o peso do aluguel é de 31%, e o valor médio pago de aluguel é de R$ 686.

No financiamento, a região com o custo mais alto é a Sudeste (R$ 867), seguida por Norte (R$ 802), Sul (R$ 770), Nordeste (R$ 462) e Centro-Oeste (R$ 458). Nas regiões metropolitanas, ele mais caro é em São Paulo (R$ 1.206), no Rio de Janeiro (R$ 1.111) e em Belo Horizonte (R$ 827).

A região com o aluguel mais caro é também a Sudeste (R$ 824), à frente de Sul (R$ 791), Centro-Oeste (R$ 640), Nordeste (R$ 400) e Norte (R$ 579). Ao comparar as regiões metropolitanas, São Paulo (R$ 1.078) também lidera o ranking, seguida por Rio de Janeiro (R$ 876) e Belo Horizonte (R$ 834).

Opção pelo aluguel

Dos 33% dos entrevistados que pretendem se mudar, 28% disseram que devem alugar uma casa — e a falta de recursos é apontada por 70% deles como o principal motivo.

Para Marchetti, a pessoa precisa reflitir sobre o que compensa mais: alugar ou financiar. “Depende muito da fase da vida em que cada um está. Se a pessoa vai casar, é preciso pensar em um imóvel que caiba todo mundo — especialmente se pretende ter filhos ou um pet”.

“Como os custos de transação são caros, é essencial planejar o período que se espera ficar no imóvel. Se for pouco tempo, talvez seja melhor alugar que comprar”, afirma o diretor de Crédito do QuintoAndar.

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Lucas Sampaio

Jornalista com 12 anos de experiência nos principais grupos de comunicação do Brasil (TV Globo, Folha, Estadão e Grupo Abril), em diversas funções (editor, repórter, produtor e redator) e editorias (economia, internacional, tecnologia, política e cidades). Graduado pela UFSC com intercâmbio na Universidade Nova de Lisboa.