Vale (VALE3): resultado foi abaixo, mas analistas seguem otimistas; ação sai de queda de quase 3% para alta de mais de 5%

Bradesco BBI, XP e Itaú BBA seguem com recomendação de compra para ação; BBI vê que lucros provavelmente aumentarão nos próximos trimestres

Lara Rizério

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Assim como a blue chip Petrobras (PETR3;PETR4), que divulgou seus números referentes ao quarto trimestre de 2021 na quarta-feira, a Vale (VALE3) apresentou na véspera dados que decepcionaram o mercado, apesar de um lucro líquido recorde de R$ 121,2 bilhões registrado em 2021.

Os dados de lucro antes juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) foram abaixo do que diversos analistas esperavam. Contudo, a maior parte deles segue positivo com o papel.

A sessão pós-resultado foi de forte volatilidade para o ativo. Na abertura, por volta das 10h10 (horário de Brasília), as ações caíam 2,27%, a R$ 85,55, chegando a uma mínima de 2,79%. Os papéis viraram para ganhos no final da manhã e, às 11h52, subiam 1,01%, a R$ 88,42. Os ganhos se intensificaram na reta final do pregão e os ativos fecharam com salto de 5,41%, a R$ 92,28, também seguindo a melhora geral do ânimo do mercado, que levou o Ibovespa a fechar com ganho de 1,39%.

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O Itaú BBA aponta que o Ebitda ajustado que exclui despesas de Brumadinho e Covid-19, em US$ 6,9 bilhões, ficou 7% abaixo da sua estimativa,  principalmente pelos preços mais baixos do minério de ferro, que mais do que compensaram as fortes vendas da commodity e os custos de caixa mais baixos.

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A geração de fluxo de caixa livre foi fraca, prejudicada por provisões e capital de giro. A empresa registrou US$ 1,1 bilhão em provisões adicionais para indenizações relacionadas à Samarco (em linha com as suas expectativas), mas também US$ 1,7 bilhão para descaracterização de barragens, o que os analistas viram como uma surpresa negativa.

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Já a XP aponta que o dado do Ebitda ficou em linha com a sua estimativa. Mas os destaques (negativos) foram a geração de caixa abaixo do esperado, negativa em US$ 175 milhões, em função do aumento do capital de giro, investimentos em capital, pagamentos de Brumadinho e outros. Além disso, houve nova rodada de provisões relacionadas à descaracterização de barragens, no valor de US$ 2,1 bilhões.

“Vemos esses resultados como ligeiramente negativos, pois o recorrente ficou em linha com nossas estimativas, no entanto as provisões mais altas e a geração de caixa mais fraca foram decepcionantes”.

O Bradesco BBI, por sua vez, avaliou que os dados abaixo do esperado vieram também de maiores despesas com vendas, gerais e administrativas) alocadas no nível corporativo (US$ 183 milhões acima da estimativa) e Ebitda de carvão mais fraco (US$ 102 milhões versus US$ 193 milhões estimados pelo BBI).

Porém, os analistas do banco apontaram que a qualidade dos resultados da Vale foi realmente boa, pois as principais
divisões (minério de ferro e metais básicos) apresentaram números operacionais sólidos. O aumento das despesas gerais e administrativas  no nível corporativo foi uma surpresa negativa, mas é sazonal e deve reverter nos próximos trimestres.

“Acreditamos que os investidores podem não gostar da fraca geração de fluxo de caixa no trimestre (embora parcialmente explicada por impactos temporários de capital de giro e saídas de caixa acima do normal relacionadas ao acordo de Brumadinho), enquanto as provisões podem ter pego alguns investidores desprevenidos (embora esperado pelo BBI)”, avaliam os analistas do banco.

Os dividendos foram menores do que o geralmente esperado, principalmente porque a base de dividendos (Ebitda menos capex de manutenção) foi afetada pelas provisões relacionadas a Brumadinho.  A mineradora informou que distribuirá US$ 3,5 bilhões aos seus acionistas por meio de dividendos, sendo US$ 1,25 bilhão desses extraordinários. Ao total, cada papel dará direito ao seu detentor o saque de US$ 0,73 ou R$ 3,701.

Os analistas destacaram, antes da abertura do pregão, que esperavam uma reação negativa aos números de hoje, principalmente por conta das provisões e do fluxo de caixa mais fraco, mas avaliaram que o impulso dos lucros provavelmente aumentará nos próximos trimestres, apoiado por preços mais altos do minério de ferro.

Assim, os analistas mantiveram a recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, ou equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 108 para o papel (potencial de alta de 23,37% em relação ao fechamento da véspera). Para os ADRs (na prática, ações da companhia negociadas nos EUA), o preço-alvo é de US$ 20, ou potencial de alta de 17%.

“Esperamos que os preços do minério de ferro permaneçam dentro da faixa de US$ 130 a US$ 150 a tonelada no curto prazo, o que pode levar a revisões para cima dos lucros”, avalia o BBI.

Os analistas da XP também têm recomendação de compra no nome, com preço-alvo de R$ 97, potencial de valorização de 10,8% em relação ao fechamento de R$ 87,54 da véspera. Na mesma linha, o BBA também possui recomendação outperform, com preço-alvo de US$ 19 para o ADR, ou potencial de alta de 11,3% em relação ao fechamento do papel na véspera, de US$ 17,07.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.