Um dos maiores investidores da Bovespa, Luiz Barsi volta a apostar na Cemig

O megainvestidor diz que comprou papéis da empresa após o governo de MG indicar que não vai mais “massacrar” a política de dividendos da companhia

João Sandrini

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(SÃO PAULO) – No post desta semana, gostaria de repassar uma análise de investimento de Luiz Barsi, um dos maiores investidores da Bovespa. Recentemente o megainvestidor voltou a comprar as ações da empresa de energia Cemig (CMIG4) após o governo de Minas Gerais, que controla a estatal, dar sinais de que não vai mais fazer bruscas alterações em sua política de dividendos. Em relatório encaminhado ao InfoMoney, Barsi afirma que a ação voltou a ser uma de suas favoritas para a constituição de um portfólio que vise garantir a aposentadoria de um investidor.

A filosofia de investimento de Barsi é basicamente a de comprar ações de empresas que pagam polpudos dividendos em momentos de pessimismo no mercado. Ele tenta pagar pouco pelo papel e depois não se importa em esperar o tempo que for necessário para que o ativo volte a se valorizar. Enquanto isso não acontece, ele vai colhendo os dividendos, que reinveste na própria Bolsa. Nos últimos 50 anos, Barsi agiu dessa maneira para se tornar um dos maiores investidores do Brasil (clique aqui e saiba mais sobre Barsi).

Em setembro do ano passado, quando concedeu palestra aos assinantes da Revista InfoMoney, Barsi chegou a dizer que a estatal mineira era sua ação favorita para a constituição de uma carteira para a aposentadoria. Só que semanas depois, assessores do então candidato ao governo mineiro Fernando Pimentel (PT) sinalizaram que a estatal Cemig seria usada para beneficiar os consumidores-eleitores, com a redução das tarifas de energia elétrica, o que, segundo Barsi, “massacraria a filosofia de gerar bons retornos aos acionistas através da distribuição de juros e dividendos”. Como Pimentel venceu as eleições, o valor das ações da Cemig despencou de cerca de R$ 19 à época da palestra para a faixa de R$ 11 no início deste ano.

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Depois da assumir o governo, no entanto, Pimentel mudou o discurso. Durante a posse da nova diretoria da Cemig, ele disse: “Não vai faltar apoio do governo do Estado para que o principal objetivo que eu acho que está posto, que é conciliar o interesse legítimo dos acionistas, interesse pela produtividade, pelos resultados, pelo desenvolvimento, com o interesse bem legítimo dos trabalhadores, com condições seguras de trabalho e salários adequados, e o interesse dos consumidores de eficiência e qualidade.” Já o conselho de administração da companhia colocou como um de seus compromissos estabelecer uma “política de dividendos que atenda aos acionistas e à necessidade de crescimento para garantir participação de mercado”.

O compromisso do governo mineiro deu confiança para Barsi voltar a comprar as ações. “Quando caiu para R$ 11 e eles sinalizaram que não alterariam a política de dividendos, eu comprei o que pude. Se ainda estivesse R$ 11, estaria comprando mais. A R$ 14 não é mais tão interessante, mas ainda é um bom investimento. Acredito que o governo de Minas vai cumprir sua promessa porque ele é o maior acionista da Cemig. Eles estariam dando um tiro no próprio pé se usassem a Cemig para baixar as tarifas porque o governo de Minas recebe boa parte dos dividendos distribuídos pela empresa”, disse Barsi ao InfoMoney.

O megainvestidor acha que a Cemig é uma excelente opção para a aposentadoria devido a seu histórico de distribuição de polpudos dividendos, o que dá ao investidor a possibilidade de reaplicar os recursos que recebe para aumentar seu patrimônio ano a ano. Segundo Barsi, a Cemig tem distribuído proventos conforme a tabela abaixo:

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Ano Juros sobre capital próprio (por ação) Dividendos (por ação)
2007   R$ 4,99
2008   R$ 1,75
2009   R$ 1,90
2010   R$ 2,82
2011   R$ 3,00
2012 R$ 1,99 R$ 3,77
2013 R$ 0,55 R$ 1,43
2014 R$ 0,19 R$ 3,12
Total R$ 2,73 R$ 22,78
Total Geral R$ 25,52
Média por ano R$ 3,19
Fonte: Luiz Barsi

Além dos dividendos, a Cemig também concedeu uma série de bonificações que elevaram o retorno dos acionistas, conforme a tabela abaixo:

Ano Quantidade inicial de ações Bonificação Quantidade final de ações
2008 1.000 2,22% 1.022
2009 1.022 25% 1.277
2010 1.277 10% 1.404
2011 1.404 25% 1.755
2012 1.755 12,85% 1.980
2013 1.980 30,76% 2.589
2014 2.589 0% 2.589

Como resultado das bonificações, quem tinha 1.000 ações em 2008 e manteve a posição agora tem 2.589 ações, “mais que dobrando o recebimento de juros e dividendos”, segundo Barsi. “Vimos que as ações da Cemig possuem um histórico generoso em distribuições, situando-se entre as empresas do setor de energia que mais remuneram seus acionistas. Nota-se também que as distribuições de dividendos ocorrem geralmente em dois períodos, ou seja, em abril e em dezembro de cada exercício. Concluindo, ao preço de R$ 12 é opção muito atrativa pois representa um ‘yield’ [retorno em dividendos] médio de 26,75% anuais.” Mesmo considerando o preço atual de R$ 14, o retorno em dividendos seria de 22,8% ao ano considerando a média histórica – ou bem mais que a Selic de 12,75%.

Além do compromisso do governo mineiro, Barsi também está otimista com os dividendos futuros da Cemig porque as empresas de energia estão reajustando as tarifas em cerca de 40% neste ano. Como no ano passado a empresa lucrou R$ 3,137 bilhões, ele acredita que poderá haver crescimento do resultado em 2015. “Esse dinheiro vai ser distribuído [aos acionistas]”, afirma. Outro possível gatilho para a ação é a declaração do novo conselho de administração de que pode tentar renovar as concessões que a empresa havia decidido devolver à União há cerca de dois anos. A Cemig não renovou as concessões das usinas de Jaguara, São Simão e Miranda e partiu para uma disputa com o governo na Justiça. “Como agora é tudo PT [nos governos federal e mineiro], a solução pode ser melhor do que a gente imagina.”

Aos que costumam acusar Barsi de defender a compra de uma ação apenas quando quer vendê-la, ele manda um recado: “Nos últimos anos, a Cemig foi uma aplicação extraordinária. Isso é um fato real. Não sou instituição financeira que fica indicando um papel para outros comprarem para que eu mesmo possa vender. Até porque quando mais gente comprar, maior será o preço do papel. Eu gostaria que ainda estivesse R$ 11 porque, dentro da minha filosofia de investimento, isso seria uma oportunidade para que eu estivesse comprando mais”, diz ele.

Se você quer receber o relatório sobre a Cemig que Barsi enviou ao InfoMoney e entender como um grande investidor analisa uma ação da Bolsa, deixe seu e-mail abaixo que repasso o documento para você.

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