Three Arrows Capital: documentos revelam detalhes por trás da falência do fundo cripto

Documento revela que cofundadores são também credores do hedge fund, e podem ser compensados em processo de recuperação judicial

CoinDesk

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Um total de 2.319 Bitcoin (BTC) e 31.177 Ethereum (ETH), equivalentes a cerca de US$ 80 milhões, compõem a dívida da exchange de criptomoedas Deribit, que desencadeou a liquidação do Three Arrows Capital (3AC), o outrora poderoso hedge fund cripto com quase US$ 10 bilhões sob gestão, de acordo com um trechos de um processo de recuperação judicial nas Ilhas Virgens Britânicas.

De acordo com a Deribit, o Three Arrows fez um empréstimo denominado em BTC e ETH em março de 2020, no ponto de negociação mais baixo das criptomoedas. Em 11 de junho deste ano, a Three Arrows não conseguiu atender às chamadas de margem e, dois dias depois, a Deribit ordenou a liquidação do fundo.

Normalmente isso não aconteceria, pois era uma conta sem liquidação (ao contrário do que a maioria dos investidores de varejo têm acesso em exchanges), mas esses foram tempos excepcionais. Em 15 de junho, a conta foi encerrada e a Deribit solicitou o pagamento do déficit que totalizou US$ 80 milhões.

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A maior parte dessa história já foi contada, mas há ainda outros aspectos interessantes que não ganharam destaque.

Proteção de ativos

Um exemplo é o juiz que ordenou que os liquidatários “salvaguardem o valor dos ativos da empresa da volatilidade do mercado”. Em outras palavras, o magistrado mandou a Deribit converter qualquer criptomoeda em dólares, ou em stablecoins como o Tether (USDT) – desde então, portanto, indo na contramão de muitos entusiastas, que apontam o Bitcoin como uma reserva de valor.

O documento do tribunal também lista os cofundadores Su Zhu e Kyle Davies, além de Kelly Kaili Chen, esposa de Davies, como credores da empresa – o que significa que eles podem ser pagos antes dos demais credores. Tal arranjo indica que os dois emprestaram dinheiro ao 3AC, talvez durante seus primeiros anos.

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Apesar de ser um movimento comum para startups, é curioso para uma empresa que existe há pouco menos de uma década e era altamente lucrativa até pouco tempo.

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Considerando as perdas em cascata causadas pelo fracasso do fundo, assim como a forte queda recente no preço do Bitcoin e demais ativos digitais, a ideia de Su Zhu ser pago como credor durante o processo de liquidação do Three Arrows pode não agradar a quem tem dinheiro preso na empresa, mas é verdadeira.

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Quanto e o porquê disso são questões que deverão ser exploradas posteriormente, à medida que esse processo avança nos tribunais.

Operação em Singapura

A próxima pergunta é como isso afetará a operação do Three Arrows em Singapura. Até o fechamento dos negócios em 7 de julho na Ásia, não havia registro de um pedido de liquidação do 3AC junto às autoridades dos país. Uma possibilidade é que a empresa pode estar esperando a conclusão do processo nas Ilhas Virgens Britânicas antes de prosseguir com a mesma providência em outro local.

Mas, o que acontecerá com os outros ativos da empresa, como a TPS Capital? Isso será algo para os tribunais decidirem, e pode haver uma batalha particularmente feroz se alguns credores sentirem que não estão recebendo uma quantia justa enquanto uma subsidiária independente da empresa segue gerando retorno.

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TPS Capital nega ingerência do 3AC

Na quarta-feira (6), a Tai Ping Shan (TPS) Capital, que já se descreveu no LinkedIn como uma operação de balcão (OTC) do Three Arrows, afirmou que é uma empresa independente, com administração separada.

Entretando, além da página na rede social, que já foi alterada, uma série de documentos oficiais de Singapura apontam para diversas ligações entre as empresas nas Ilhas Cayman e Ilhas Virgens Britânicas.

Em comunicado, a TPS disse que “é uma entidade legal independente e suas operações são separadas e distintas das da 3AC”. “A TPS é administrada por uma equipe de gerenciamento separada e opera seus principais negócios sem o envolvimento da 3AC ou de seus diretores.”

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Na publicação, feita no Twitter, a empresa disse que o 3AC era apenas um cliente e que a cooperação das duas entidades estava mais dentro de uma “capacidade de referência”, com a TPS atuando como “agente” ou “intermediária” em transações financeiras.

Segundo a empresa, tanto Su Zhu quanto Kyle Davis, cofundadores do 3AC, tinham participações indiretas na TPS, mas eram “investidores passivos e não administram ou têm controle direto sobre as operações diárias da TPS”.

Além disso, a TPS diz que ajudou o 3AC a coordenar acordos de empréstimo com vários credores, mas apenas a pedido dela.

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Assim como BlockFi, Genesis Global Trading e Voyager, a TPS defende que também foi prejudicada pelo colapso do Three Arrows e que agora é um dos credores da empresa. “Estamos no mesmo barco que muitos outros credores do 3AC, com nossos próprios ativos expostos à empresa e operando sem informações adicionais”, disse a TPS Capital.

Ao CoinDesk, Timothy Chan, CEO da TPS Capital, disse que não tem mantido conversas com a 3AC. “Meu foco está nos negócios e nos integrantes da minha equipe no momento”, disse.

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