Santander Brasil (SANB11) mostra melhora, mas ainda tem longo caminho a percorrer: como os analistas viram o balanço do 2º tri

Combinação de balanço saudável com uma margem financeira melhor pode ser indicador para resultados melhores no futuro, diz XP

Lara Rizério Mitchel Diniz

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Com algumas tendências de melhora, mas resultados ainda modestos, o Santander Brasil (SANB11) inaugurou a temporada dos “bancões” na Bolsa brasileira nesta quarta-feira (26). Com isso, o desempenho das units SANB11 foi volátil durante toda a sessão, alternando entre leves perdas e ganhos e fechando em queda de 0,34%, a R$ 29,35.

A filial do banco espanhol reportou lucro líquido recorrente de R$ 2,309 bilhões no segundo trimestre de 2023 (2T23), montante 45% inferior ao reportado no mesmo intervalo de 2022.

Houve, no entanto, alguns pontos positivos, já que as provisões para perdas com empréstimos caíram 11,6% no trimestre, para R$ 5,98 bilhões, o que, segundo a gestão da companhia, refletiu sua estratégia de tentar ser mais seletivo na concessão de empréstimos em meio à deterioração das condições de crédito.

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“Começamos a sentir os efeitos positivos da maior seletividade de crédito aplicada a partir do final do quarto trimestre de 2021”, disse o presidente-executivo do Santander Brasil, Mario Leão, em um comunicado.

Contudo, na comparação anual, houve alta na despesa com provisão para crédito de liquidação duvidosa em 4,1%.

A carteira de crédito do Santander Brasil ficou praticamente estável no segundo trimestre em relação aos três meses anteriores, em R$ 499,3 bilhões.

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A XP destaca que o lucro líquido contábil (R$ 2,1 bilhões) semelhante ao lucro líquido recorrente (R$ 2,3 bilhões), apesar dos efeitos não recorrentes registrados no trimestre, como: i) reversão de R$ 1,4 bilhão em PDD; ii) contingências tributários de R$ 2,7 bilhões; e iii) R$ 1,1 bilhão pela venda da Webmotors.

“No geral, embora ainda pressionados por provisões mais altas e ajudados pelo imposto de renda positivo, vemos a combinação de um balanço saudável com uma margem financeira (NII) melhorada como indicadores antecedentes para melhores resultados no futuro”, avaliam Bernardo Guttmann, Matheus Guimarães e Rafael Nobre, analistas da casa que assinam o relatório.

Para eles, a divulgação de resultados não deveria provocar nenhuma reação relevante do mercado e reiteram visão conservadora para o ativo, com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 34 para a unit.

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As tarifas continuaram pressionadas (+2% frente o 1T23, -1% frente o 2T22 e 3% abaixo da projeção da XP), puxadas por Cartões, Seguros e Serviços de Cobrança. Além disso, o índice de inadimplência aumentou marginalmente para 3,3% no trimestre (+17 pontos-base frente o 1T23).

O índice de cobertura caiu para 214%, no trimestre, refletindo não só o aumento marginal da inadimplência, mas também a reversão de R$ 1,45 bilhão em provisão para créditos de liquidação duvidosa, que os analistas da XP ainda veem como saudável.

O Citi , que tem recomendação de venda para os ativos SANB11, afirmou que os resultados confirmam essa visão mais negativa. O banco reforçou um lucro antes de impostos (Ebt) de R$ 2 bilhões, 34% abaixo das suas projeções, ainda que o lucro líquido tenha ficado apenas 2% abaixo do que projetava, principalmente devido a uma reversão fiscal positiva.

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As principais tendências operacionais continuam a ser desafiadoras, com declínio de NIM (Net Interest Margin, ou margem líquida de juros) em queda de 20 pontos-base, além do aumento da inadimplência.

Para o Citi, o banco ainda está se ajustando. “A formação de NPL ainda mostra o longo caminho a ser percorrido pelo banco para ajustar seu perfil de risco, com um crescimento moderado dos empréstimos no trimestre e uma contração sequencial do NIM”, aponta.

O Bradesco BBI, que tem recomendação underperform (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para SANB11, com preço-alvo de R$ 25, também não viu os números com bons olhos.

“Em nossa opinião, o Santander Brasil apresentou tendências predominantemente negativas no 2T23, com destaque para provisões e qualidade de ativos. O índice de cobertura do banco caiu substancialmente no trimestre, já que o índice de inadimplência acima de 90 dias teve outra deterioração, apesar da venda da carteira ativa de R$ 1,9 bilhão, enquanto o custo do risco caiu no trimestre”, avalia o BBI.

O banco aponta, por outro lado, que o crescimento mais lento do NII está em linha com a estratégia do Santander de ser mais seletivo com os clientes, enquanto reconhece as melhorias nos ganhos de tesouraria.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.