“Prévia do PIB” do Banco Central indica começo de ano fraco para economia brasileira e deve refletir em indicadores futuros

IBC-Br de janeiro caiu mais que o previsto e deixa carregamento estatístico negativo para o indicador do primeiro trimestre de 2022

Mitchel Diniz

(NatanaelGinting/Getty Images)

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A queda maior que a esperada do índice de atividade econômica do Banco Central, o IBC-Br, revelou um começo de ano devagar para a economia brasileira e trouxe preocupações sobre o desempenho dos próximos indicadores. O indicador recuou 0,99% em janeiro, na comparação com dezembro, e ficou abaixo do nível pré-pandemia.

Rodolfo Margato, economista da XP, diz que o IBC-Br de janeiro reforça a avaliação de que o ritmo de atividade doméstica permanece fraco, mas o dado deve ser avaliado com cautela, sobretudo em relação ao carrego estatístico “muito ruim” deixado para o indicador do primeiro trimestre de 2022. Esse efeito aponta para uma queda de 0,6% em relação ao quarto trimestre de 2021.

Contudo, a expectativa é de recuperação para o índice de atividade do BC em fevereiro. “Nossa projeção para o IBC-Br de fevereiro indica crescimento de 0,4% em comparação a janeiro, após ajusta sazonal”, afirma Margato. O cálculo da XP embute uma previsão de alta de 0,9% na produção industrial em fevereiro, de 0,6% nas vendas do varejo e de 0,5% nas receitas do setor de serviços.

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A XP calcula que o PIB do primeiro trimestre de 2022 deve crescer 0,5% em relação ao quarto trimestre do ano passado. Porém, projeta taxa de variação nula para o PIB do ano como um todo. “Mas reconhecemos um ligeiro viés altista para tal expectativa, tendo em vista o carrego estatístico um pouco mais alto, deixado pelo PIB de 2021[+4,6%])”, diz a análise de Margato. Esse viés também é reforçado pela alta das commodities, que beneficia setores exportadores, e medidas de estímulo fiscal que podem sustentar a demanda doméstica no curto prazo.

“Isto posto, as incertezas crescentes no cenário macro global (guerra da Ucrânia e risco de estagflação) combinadas ao aperto das condições monetárias e trajetória cadente dos salários reais explicam nossa postura cautelosa em relação às perspectivas de crescimento econômico este ano”, conclui o economista da XP.

O Goldman Sachs também prevê a renovação de estímulos fiscais, que, em conjunto com progressos em relação à Covid, ajudem na recuperação de alguns dos segmentos de serviços nos próximos meses.

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“No entanto, inflação elevada, juros subindo (apertando as condições de financiamentos domésticos), altos níveis de endividamento das famílias, ruído político persistente, confiança fraca do consumidor e empresas devem gerar ventos contrários à atividade no curto prazo”, diz o relatório do economista Alberto Ramos.

Para o Bank of America, o índice mostra que 2022 começou devagar e reforça o cenário de desaceleração de outros indicadores. O banco lembra que a produção industrial de janeiro sofreu uma queda mensal de 2,4% em janeiro, praticamente apagando a alta de 2,9% que registrou em janeiro, com novos problemas na cadeia de suprimentos. O setor de serviços também recuou no começo do ano, em 0,1% frente a dezembro, afetado pelo aumento de casos da variante Ômicron no período. Por fim, apenas o varejo surpreendeu positivamente, com um avanço mensal de 0,8% em janeiro.

“A atividade econômica de fevereiro deve ser beneficiada pela dispersão da onda da Ômicron mas, por outro lado, fatores negativos devem ser substanciais. Em um primeiro momento, a instabilidade geopolítica deve contribuir com disrupções na cadeia global de suprimentos, que afetará, sobretudo, a produção industrial”, diz a análise do banco, assinada pelo estrategista David Beker. O BofA destaca também a visão mais pessimista do Banco Central sobre a inflação e a perspectiva de um ciclo de aperto mais longo.

“Nossa previsão preliminar para o IBC-Br de fevereiro é de outra queda, de 0,1%, na comparação com janeiro. Para o primeiro trimestre de 2022, continuamos a ver o IBC-Br positivo em 0,2%, na comparação com o trimestre anterior”, diz o texto de Beker.

O BofA ressalta que os riscos permanecem altos para o restante de 2022. Ainda que o Brasil consiga ganhar algum poder de barganha no comércio exterior com o conflito na Ucrânia, haverá aumento de ruídos políticos, com a proximidade das eleições, em meio a ciclo de aperto monetário. “O PIB brasileiro deve crescer 0,5% em 2022”, conclui o relatório.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados