Petrobras: após “susto” com Lira, falas de CEO mostraram clareza sobre rumos da estatal, apontam analistas

Segundo o Bradesco BBI, o CEO da Petrobras foi firme em audiência na Câmara e enfatizou que a empresa estava pronta para retribuir por meio de dividendos

Lara Rizério

Joaquim Silva e Luna e Arthur Lira (Foto Cleia Viana/Câmara dos Deputados)

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SÃO PAULO – A ação da Petrobras (PETR3;PETR4) fechou a sessão da última terça-feira (14) em queda, ainda em meio às falas na noite da última segunda-feira (13) do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).

Lira criticou a gestão da estatal em mensagem publicada no Twitter, após a Casa confirmar que o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, participaria de audiência na Casa na terça-feira (14) para falar sobre os preços dos combustíveis.

“Tudo caro: gasolina, diesel, gás de cozinha. O que a Petrobras tem a ver com isso? (…) O plenário vira Comissão Geral para questionar o peso dos preços da empresa no bolso de todos nós. A Petrobras deve ser lembrada: os brasileiros são seus acionistas”, escreveu o presidente da Câmara, o que foi entendido por investidores como um sinal de disposição para eventuais intervenções.

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O posicionamento de Lira ocorreu na sequência de ataques feitos à política de preços da Petrobras diante da alta da inflação. Após as declarações do presidente da Câmara, o ADR da Petrobras em Nova York mergulhou mais de 2% na sessão estendida de segunda-feira, fechando em baixa de 1,16%. Já nesta quarta, o dia é de ganhos para a ação da companhia, também refletindo a alta do preço dos principais contratos do petróleo.

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O debate de Silva e Luna durou mais de quatro horas na última terça-feira, com o dirigente da estatal dando algumas sinalizações sobre os rumos da companhia que, a princípio, geraram tranquilidade aos investidores.

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Raphael Pacheco, da Guide Investimentos, apontou que as falas do CEO vieram comedidas e não ameaçaram a política de preços da empresa.

Cabe ressaltar que, conforme aponta a Levante Ideias de Investimentos, o debate sobre a atual política de preços da companhia já vem ocorrendo desde a implantação do mecanismo de precificação seguindo as cotações de mercado, em 2017. Esse foi “o período inicial da transformação da Petrobras, após prejuízos multibilionários devido ao controle de preços no período de 2013 a 2015, principalmente após as paralisações dos caminhoneiros que afetou fortemente a cadeia de suprimentos nacional por alguns dias em maio de 2018”, apontam os analistas.

Eles destacam que a pauta é complexa e envolve um dos produtos mais estratégicos para o país (os combustíveis) e envolve diversos setores da economia, além de ter grande influência na arrecadação de tributos por parte dos estados e municípios, envolvendo muitos “interessados” em várias pontas, cada um com seu interesse e reivindicações a respeito do assunto.

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Silva e Luna disse durante a audiência na Câmara que nem todas as alterações de preços de combustíveis têm relação direta com atuações da estatal. “Quando há flutuação dos preços, não quer dizer que a Petrobras teve alguma atuação sobre o preço”, apontou.

Segundo ele, a parte que corresponde à estatal é de aproximadamente R$ 2, considerando um preço de R$ 6. “O que impacta é o ICMS e outros impostos federais, como PIS e Cofins”, comentou.

A formação do preço dos combustíveis é composta pelo preço cobrado pela Petrobras nas refinarias (a maior margem), mais tributos federais (PIS/Pasep, Cofins e Cide) e estadual (ICMS), além do custo de distribuição e revenda. Há ainda o custo do etanol anidro na gasolina, e o diesel tem a incidência do biodiesel.

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Ele ainda enalteceu o trabalho da petroleira, lembrando que a companhia teve três momentos de superação. Para o general, a empresa continua a ser importante e supera a produção de 2 milhões de barris de óleo por dia. “É uma empresa muito, mas muito bem controlada”.

Luna afirmou que a empresa contribui para o Brasil, principalmente nestes tempos desafiadores e salientou que, em dois anos, a estatal pagou R$ 546 bilhões em tributos.

E, após ouvir muitas críticas sobre a alta dos preços dos combustíveis, o presidente da Petrobras salientou que o dólar forte torna todas as commodities mais caras.

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O presidente da Petrobras disse também ter pressa de que as reservas brasileiras se transformem em riqueza. “Vamos produzir cada vez mais”, previu. Segundo o general, a estatal teve momento difícil, mas já saiu dessa fase e, direto aos brasileiros afirmou: “orgulhe-se da Petrobras”.

Silva e Luna salientou ainda que duas vendas de refinarias foram frustradas, mas que a empreitada será retomada. Além disso, destacou que outras quatro estão em curso.

Por fim, pontuou que seguirá no comando da estatal para finalizar a missão dada pelo presidente Jair Bolsonaro. “Sigo no comando da Petrobras, e com muito orgulho. Durmo com a consciência tranquila”, disse. Ele também afirmou que o presidente Jair Bolsonaro nunca interveio diretamente na empresa desde que assumiu o comando da estatal e que sua atuação é feita apenas por meios já previstos em lei.

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Segundo o Bradesco BBI, o CEO da Petrobras foi muito firme em suas respostas e enfatizou que, após vários anos de recuperação financeira, a empresa estava pronta para retribuir à sociedade por meio de dividendos.

“Ele também destacou que a Petrobras paga cerca de R$ 20 bilhões em dividendos anuais ao governo (em linha com nossa estimativa) e também por volta de R$ 540 bilhões em royalties, e que o governo deve saber o que fazer com esses recursos. O CEO destacou ainda que a paridade do combustível é um pilar importante para que a empresa continue investindo em plataformas e evite o declínio da produção. No geral, acreditamos que o CEO estava muito claro em relação aos caminhos à frente da companhia”, destacou o BBI.

Cabe ressaltar que o Bradesco BBI tem recomendação equivalente à compra para a ação da companhia, mas recentemente mudou a ordem de preferência das ações no setor em meio ao cenário mais volátil no Brasil (saiba mais clicando aqui).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.