Os 5 assuntos que vão movimentar esta “super quarta-feira” para os mercados

Fed, PIB e emprego nos EUA trazem cautela aos mercados, em meio à safra de balanços; no Brasil, mercado de olho em citação a Bolsonaro e Copom

Equipe InfoMoney

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O dia será movimentado hoje com os investidores acompanhando decisões de política monetária, dados de atividade econômica e balanços de grandes empresas. A “Super quarta”, que deixa os mercado internacionais cautelosos nesta manhã, especialmente no Brasil, ganhou ingrediente adicional: a citação do nome do presidente Jair Bolsonaro em investigação sobre o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco e de Anderson Gomes.

Segundo reportagem do Jornal Nacional, registros do porteiro do Condomínio Vivendas da Barra apontam que Élcio de Queiroz, suspeito do crime, esteve no local horas antes do assassinato, em 14 de março de 2018, pedindo para ir à casa de Jair Bolsonaro – o que teria sido autorizado. Em depoimento, o porteiro afirmou que identificou a voz que atendeu como a de “Seu Jair”. No entanto, Queiroz, na verdade, se dirigiu à moradia de Ronnie Lessa, acusado de fazer os disparos; que morava no mesmo condomínio do presidente.

A própria reportagem cita que no mesmo dia Bolsonaro estava em Brasília. Em resposta, o presidente fez uma live, diretamente do exterior, com duras críticas à Rede Globo e à imprensa, chamando a reportagem de “patifaria” e declarando que o governador do Rio, Wilson Witzel – que negou –, teria vazado as investigações, que correm sob sigilo. Diante da citação do presidente nas investigações, o Supremo Tribunal Federal (STF) deverá se pronunciar sobre o caso.

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Voltando à “Super Quarta”, os investidores vão monitorar a prévia do resultado PIB do terceiro trimestre nos Estados Unidos, às 9h30, que poderá trazer números que demonstrem uma desaceleração da atividade econômica na maior economia global. A expectativa do mercado, de acordo com a mediana do consenso da Bloomberg, aponta para um crescimento de 1,6%, ante um avanço do PIB americano, anualizado, de 2% do segundo trimestre.

Pouco antes, às 9h15, saem os dados de outubro do emprego privado – ADP – nos EUA, com previsão de criação de 110 mil vagas, ante 135 mil vagas de setembro, segundo a Bloomberg.

Ambos resultados antecedem a divulgação da decisão do Federal Open Market Committee (Fomc) sobre os juros americanos, às 15h00, com a aposta majoritária dos investidores no momento é de que haja um corte de 0,25 ponto percentual, para o intervalo entre 1,5% e 1,75%.

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Confira os destaques desta quarta-feira:

1. Bolsas Internacionais

Os futuros de Nova York operam com tendência de baixa nesta manhã, no aguardo da intensa agenda prevista para hoje. A lógica na cabeça dos investidores neste “Extreme Wednesday” – ou “quarta-feira extrema” – é a de que os dados de atividade (PIB e emprego nos EUA) podem influenciar ou dar maior tranquilidade aos integrantes do Federal Reserve decidirem sobre os juros, não só agora, como na próxima reunião.

Além disso, seguem as preocupações em relação às negociações comerciais sino-americanas, com as exigências do presidente Donald Trump de que a China compre até US$ 50 bilhões em produtos agrícolas se tornando um obstáculo, segundo a Reuters, que também informou, citando fontes, que a primeira fase do acordo pode não ser assinada, em meados de novembro, no Chile. Mesmo assim, se o acordo não assinado no Chile significaria, apenas que não está pronto, acrescenta a reportagem.

“Não sabemos ao certo se eles vão remover tarifas da China ou apenas talvez adiar algumas das tarifas impostas. E talvez a China simplesmente compre as coisas que compraria de qualquer maneira ”, disse Rob Carnell, economista-chefe e chefe de pesquisa da Ásia-Pacífico no ING, à quarta-feira na CNBC“ Squawk Box ”.

Os investidores vão monitorar ainda a safra de resultados corporativos, que trará os balanços das gigantes Apple, Facebook e Starbucks, após o fechamento das bolsas em Nova York.

Na Europa, os balanços de bancos movimentam os mercados, com o Deutsche Bank tendo prejuízo acima das expectativas, em meio à reestruturação, levando os papéis a queda de 5% no início do pregão.

Já o Credit Suisse obteve ganhos acima do esperado, mas alertou que os ventos contrários do “ambiente geopolítico desafiador em curso” devem persistir até o último trimestre deste ano, principalmente por conta do Brexit e da disputa comercial EUA-China.

Dessa forma, os principais índices europeus operavam majoritariamente em queda. No Reino Unido, houve a confirmação da realização de uma eleição geral em 12 de dezembro, depois que o primeiro-ministro Boris Johnson obteve aprovação do Parlamento na noite de terça-feira.

O índice de sentimento econômico da zona do euro, que mede a confiança de setores corporativos e dos consumidores, caiu de 101,7 em setembro para 100,8 em outubro, atingindo o menor patamar desde janeiro de 2015, segundo dados publicados hoje pela Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia. O resultado ficou abaixo da expectativa de analistas consultados pelo The Wall Street Journal, que previam queda do indicador a 101,2.

Na Ásia, as bolsas fecharam em queda no aguardo do Fed e de avanços nas conversas comercias entre EUA e China.

Entre as commodities, os futuros do minério fecharam estáveis, enquanto os preços do petróleo oscilavam entre o positivo e negativo.

2. Agenda Econômica

No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulga, às 18h00, a nova taxa de juros. Logo cedo, às 8h00, a FGV publica o IGP-M de outubro. Já às 14h30, serão conhecidos números das contas do governo central de setembro e os dados semanais de fluxo cambial.

Entre os balanços, antes da abertura, saem os resultados do Banco Santander e de Gerdau. Após o fechamento, estão previstas as publicações do GPA, Lojas Americanas, B2W, BR Properties, Arezzo, Cesp, Odontoprev e Log.

Nos Estados Unidos, às 9h15, saem os dados de emprego privado, da ADP, e, em seguida, às 9h30, os números do PIB americano. Já as 15h00, o Fed anuncia decisão sobre juros.

No corporativo, General Eletric e Volkswagen são destaques antes da abertura, enquanto após o fechamento são aguardos os resultados de Apple, Facebook, Starbucks e AMD.

3. Bolsonaro

Os investidores devem acompanhar hoje com atenção a repercussão sobre a informação publicada ontem à noite no Jornal Nacional sobre uma citação ao presidente Jair Bolsonaro durante as investigações do assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco e de Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.

Durante transmissão nas redes sociais, direto da Arábia Saudita, onde está em visita oficial, o presidente Jair Bolsonaro, bastante irritado, criticou a TV Globo. E disse que não perseguiria a emissora, mas que só aprovaria a renovação de sua concessão se o processo estivesse “enxuto”.

“Isso é uma patifaria, TV Globo! TV Globo, isso é uma patifaria!” “É uma canalhice o que vocês fazem. uma ca-na-lhi-ce, TV Globo. Uma canalhice fazer uma matéria dessas em um horário nobre, colocando sob suspeição que eu poderia ter participado da execução da Marielle Franco, do PSOL.”

“Temos uma conversa em 2022. Eu tenho que estar morto até lá. Porque o processo de renovação da concessão não vai ser perseguição, nem pra vocês nem para TV ou rádio nenhuma, mas o processo tem que estar enxuto, tem que estar legal. Não vai ter jeitinho pra vocês nem pra ninguém”.

Em nota, a emissora afirmou que “não fez patifaria nem canalhice”. “Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade. Revelou a existência do depoimento do porteiro e das afirmações que ele fez. Mas ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações”, destaca o G1.

Na transmissão, Bolsonaro afirmou que “não deve nada a ninguém” e que “não tem o menor motivo para matar quem quer que seja”. O presidente reclamou ainda da quebra de sigilo nas investigações. “Se vocês tivessem o mínimo de decência, por saber que o processo correm em segredo de Justiça, não poderiam divulgar”, afirmou, acrescentando: “Eu não deveria perder a linha, sou presidente da República, mas confesso que estou no limite com vocês (Globo)”.

Diante da citação do presidente nas investigações, o Supremo Tribunal Federal (STF) precisará se pronunciar sobre o caso. Segundo o JN, representantes do Ministério Público foram a Brasília no dia 17 de outubro fazer uma consulta ao presidente do SRF, ministro Dias Toffoli.

Já na polêmica do vídeo postado nas redes sociais de um leão, que seria o presidente, sendo atacado por hienas, entre elas o STF, ONU, OAB, PSL e outros partidos, Bolsonaro afirmou: “Me desculpo publicamente ao STF, a quem por ventura ficou ofendido. Erramos e haverá retratação”, afirmou, segundo o jornal O Estado de S.Paulo.

4. Governo e Congresso

O governo deve pode apresentar hoje uma parte do pacote do ministro da Economia, Paulo Guedes, da fase pós-reforma Previdência – aquela relativa à liberação de recursos para Estados e municípios. De acordo com o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), a proposta será batizada como “Plano Mais Brasil”.

A apresentação do pacote, no entanto, ainda depende de um entendimento em torno da reforma tributária. O ministro Paulo Guedes, disse Bezerra, quer ver essa pauta avançar. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), vai tentar convencer senadores a aceitar a proposta de uma comissão mista de Câmara e Senado para fechar um texto comum.

Outros pontos do pacote de Guedes, como a PEC emergencial para cortar gastos obrigatórios e a reforma administrativa, ficarão para depois. O governo ainda não decidiu se apresentará uma PEC emergencial no Senado ou aproveitará a proposta já em tramitação na Câmara. A reforma administrativa, disse Bezerra, será apresentada na semana que vem.

Em nota, o Ministério da Economia esclareceu que para assegurar que a “agenda de transformação do Estado” em elaboração pelo governo manterá intactos a estabilidade, o emprego e o salário dos atuais servidores. Segundo o Estadão, o presidente Bolsonaro decidiu descartar mudanças na regra que garante o reajuste do salário mínimo pela inflação e na estabilidade dos servidores atuais.

Em nota, a pasta diz que prepara uma “ampla agenda de transformação do Estado brasileiro”, o que inclui uma proposta de um “Novo Serviço Público”, para ampliar a oferta de serviços públicos de qualidade. “É importante ressaltar que a proposta, que ainda não foi apresentada, tem como premissa a manutenção da estabilidade, do emprego e do salário dos atuais servidores”, diz o comunicado.

Segundo apurou o Estadão, a nota foi divulgada para evitar ruídos antes mesmo de a proposta chegar ao Congresso Nacional. “O objetivo do governo é, em debate contínuo com o Congresso Nacional, promover alterações estruturais que promovam a eficiência do Estado brasileiro e o equilíbrio orçamentário de todos os entes federados”, acrescenta a nota.

Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), reafirmou que a promulgação da reforma da Previdência será em novembro, podendo ser realizado em 5, 12 ou 19 do próximo mês. Mais cedo, o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), afirmou que a promulgação – condição para as mudanças começarem a valer – poderia ficar para 5 de dezembro.

Alcolumbre se surpreendeu com a declaração de Gomes e afirmou que, no próximo dia 6, o plenário do Senado poderá votar a PEC Paralela, incluindo Estados e municípios na reforma da Previdência, e um projeto de lei regulamentando a aposentadoria especial por periculosidade.

O Senado aprovou ontem ainda uma proposta que recupera um benefício tributário para construtoras do Minha Casa Minha Vida. O projeto garante a vigência de uma alíquota de 1% do Regime Especial de Tributação (RET) para unidades residenciais de até R$ 100 mil, compradas por pessoas de baixa renda, contratadas até o fim de 2018. Com o fim do regime, empresas passaram a pagar impostos maiores após esse período, mesmo tendo assinados contratos antes. O texto segue para sanção presidencial.

5. Noticiário Corporativo

A rede varejista Magazine Luiza registrou lucro líquido ajustado de R$ 136,3 milhões no terceiro trimestre, superando a melhor das projeções compiladas pela Bloomberg, que era de R$ 127 milhões. O resultado representa uma alta de 12,7% sobre o mesmo período de 2018. O valor ajustado considera a diluição das despesas financeiras e pagamento de juros sobre capital próprio.

A Multiplan registrou um lucro líquido de R$ 121,525 milhões no terceiro trimestre deste ano, desempenho 4,4% superior ao reportado no mesmo período do ano passado. A empresa informou que excluindo a conta de remuneração baseada em ações, o lucro líquido teria aumentado 12,0% chegando a R$ 132,2 milhões.

A Cielo teve lucro líquido de R$ 358,1 milhões entre julho e setembro, cifra 51,7% inferior à reportada no mesmo período do ano passado. Em IFRS, o lucro atingiu R$ 362,4 milhões, queda 54,3%.

A Smiles apresentou lucro líquido de R$ 149,5 milhões no terceiro trimestre deste ano, significando queda de de 29,5%. Desconsiderando efeitos extraordinários registrados há um ano, o lucro teria recuado 2,5%.

(Com Agência Estado, Agência Brasil, e Bloomberg)

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