O que apontam as pesquisas na véspera da eleição nos EUA

Democrata Joe Biden segue com ampla vantagem sobre o republicano Donald Trump, mas disputa segue acirrada em estados importantes

Rodrigo Tolotti

Donald Trump e Joe Biden em debate presidencial (Foto: Mario Tama/Getty Images)

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SÃO PAULO – Faltando menos de 24 horas para a abertura oficial das urnas nos Estados Unidos – alguns estados permitem o voto presencial antecipado -, as principais pesquisas do país seguem apontando o democrata Joe Biden com uma boa vantagem sobre o republicano Donald Trump.

Apesar disso, o que se vê é uma queda nesta diferença, sendo que alguns dos estados mais importantes da disputa (veja aqui quais são) seguem bastante acirrados, indicando que esta será uma eleição bastante disputada.

Por ser uma eleição indireta, nos EUA, mais do que vencer no total de votos, um candidato precisa sair vitorioso nos chamados delegados para se tornar presidente. São 538 delegados em disputa e 270 necessários para a vitória, sendo que cada estado tem uma quantidade diferente, e proporcional, de delegados (entenda o processo eleitoral americano clicando aqui).

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E olhando para as últimas pesquisas estaduais, Biden segue com vantagem, mas com alguns dos principais estados ainda bem apertados. Com informações atualizadas em tempo real, os dados compilados pelo Financial Times, mostravam durante a manhã de segunda-feira (2), o democrata com 272, o que garantiria sua vitória.

Porém, durante a tarde, o cenário mudou e a Pensilvânia – considerado um dos estados mais importantes e em que a disputa deve ser mais acirrada – passou a ser considerado indefinido, deixando Biden com 252 delegados, sendo 203 em estados consolidados (em que as pesquisas dão ampla vantagem) e 49 em estados com tendência (onde ele lidera a pesquisas, mas sem grande vantagem).

Já Donald Trump registra até o momento 77 delegados em estados consolidados e 48 em tendência. Diante disso, ainda sobram 141 delegados indecisos, incluindo aí Texas e Flórida, dois dos maiores estados do país, que oferecem 38 e 29 delegados, respectivamente. Confira:

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(Reprodução Financial Times)

Uma das formas mais usadas de se acompanhar o cenário eleitoral é por meio dos chamados agregadores de pesquisas, que compilam milhares de levantamentos estaduais e nacionais de diferentes institutos e faz uma ponderação de importância e assertividade de cada um para então mostrar os dados compilados.

E um dos agregadores mais utilizados é o do site FiveThirtyEight. E nesta véspera de eleição ele aponta o candidato democrata com 8,4 pontos percentuais à frente: 51,7% para Biden e 43,3% para Trump.

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De acordo com o site, “neste ponto, o presidente Trump precisa de um grande erro das pesquisas a seu favor se quiser vencer – e como escreve o nosso editor-chefe Nate Silver, um erro como o de 2016 simplesmente não vai resolver”.

“Mas isso não significa que ainda não haja um caminho para Trump. Trump pode ser o azarão, mas erros de pesquisa maiores já aconteceram no passado”, diz o texto apontando que ele ainda tem uma chance de cerca de 10% de vencer o pleito.

Além disso, o agregador ainda afirma que diante das muitas pesquisas recebidas no fim de semana (e algumas e devem chegar nesta segunda), “há poucas evidências de que a disputa está ficando mais acirrada”.

(Reprodução FiveThirtyEight)

Outro agregador bastante importante é do site RealClearPolitics (RCP), onde apesar da ainda grande vantagem, Biden aparece com a menor diferença desde o dia 29 de setembro. Neste momento ele registra 50,7% contra 43,9% de Trump (6,8 pontos de vantagem).

Em um dos estados considerados mais decisivos para a disputa deste ano, a Pensilvânia, o candidato democrata também tem boa vantagem nesta véspera de eleição. São 4,3 pontos à frente: 49,8% para Biden e 45,5% para Trump.

Já na Flórida, o pleito está bastante indefinido, com o democrata com apenas 1 ponto de vantagem, enquanto no Texas o cenário é o oposto, Trump está 1,2 ponto na frente.

(Reprodução RealClearPolitics)

Além dos agregadores, algumas pesquisas específicas importantes também mostram que Biden tem ampla vantagem nesta reta final. Em sua última pesquisa antes da eleição a Wall Street Journal/NBC News, divulgada no domingo, colocou o democrata 10 pontos na frente de Trump.

Já no mais recente levantamento da Fox News, do dia 30 de outubro, a diferença entre os dois é de 7 pontos (51% a 44% para Biden).

Tensão na apuração

Apesar dos números, a expectativa é que haja uma demora para a divulgação do resultado final, isso porque deve ocorre contestações em diferentes estados, com a recontagem de votos e diversos deles.

Em especial, isso deve acontecer em estados onde Biden vencer por uma diferença pequena. Trump alega há meses que a votação por correio dá margem para fraudes e até o momento mais de 90 milhões de americanos votaram por esta modalidade, um recorde.

Analistas acreditam que o cenário na noite do dia 3 de novembro, nas primeiras horas de apuração, seja do atual presidente à frente nos números. Porém, conforme as horas – e dias – forem passando há uma grande chance de Biden virar o cenário, isso porque estudos apontam que a maior parte do eleitorado que votou por carta é democrata.

Nas últimas semanas, o presidente tem defendido que só seja permitida a contagem de votos no dia da eleição, em uma estratégia de tentar evitar que estas cédulas que chegarão depois por carta – e que provavelmente serão para Biden – sejam consideradas. “Eu acho que é terrível quando os estados podem contar votos por um longo período depois que a eleição acabou”, disse Trump em comício em Iowa.

“Assim que a eleição acabar, nós vamos entrar com nossos advogados. Se as pessoas queriam votar, deveriam ter enviado seus votos muito antes”, afirmou o presidente.

Essa estratégia de Trump ocorre ainda porque existem regras diferentes em cada estado. Alguns permitem que o eleitor deposite seu voto até o dia da eleição, ou seja, ele só chegará às autoridades alguns dias após o pleito. Na Pensilvânia, por exemplo, as cédulas recebidas por carta só podem começar a serem computadas após o fechamento das urnas, o que promete fazer a apuração demorar um prazo bem maior que o normal.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.