No ‘balanço dos balanços’, o saldo foi mais lucrativo no 4º trimestre, aponta a XP

Ano passado foi da virada para neobanks, enquanto construtoras tiveram números positivos

Camille Bocanegra

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Com o fim da temporada de resultados do quarto trimestre, chegou a hora de fazer o “balanço dos balanços”. E ele foi mais positivo do que negativo, segundo relatório da XP, compilando do universo de empresas de sua cobertura.

De acordo com o levantamento, em relação ao lucro líquido reportado, 53% das empresas superaram as estimativas, 15% ficaram em linha e 33% ficaram aquém das expectativas dos analistas.

Enquanto isso, os resultados revelam que 39% das empresas superaram as estimativas de receita, 42% atingiram as projeções e 19% ficaram aquém. Em termos de Ebitda, por sua vez, 30% superaram, 47% ficaram em linha e 24% terminaram abaixo.

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Dentre dos setores cobertos, se destacaram os chamados “neobanks” como Inter e Nubank –, que apresentaram ponto de virada em 2023, e construtoras, que reportaram números positivos, tanto no segmento de média e alta renda quanto de baixa renda, com alta robusta de receita. Ainda assim, a XP ressalta que há cenário misto para lucratividade e que algumas companhias ainda estão em processo de recuperação.

A temporada também foi marcada por números mistos em alguns setores, como de companhias elétricas, de saneamento e de bens de capital. No primeiro caso, a Eletrobras (ELET3) e a Sabesp (SBSP3) apresentaram bons resultados e, do lado negativo, a Serena (SRNA3) e a Engie (EGIE3) desapontaram.

O setor educacional reportou balanços vistos de neutros a positivos, especialmente considerando que o quarto trimestre reflete captações do 1º e 3ºs trimestres. Assim, os dados do 4T23 apresentaram continuação do ciclo positivo dos nove meses anteriores, com melhores taxas de evasão e tickets saudáveis.

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Recuperação para bancos, agro e alimentos e bebidas

A recuperação foi tema para as empresas do agro e do setor de alimentos e bebidas; Para as primeiras, a recuperação de margens esteve presente, com maior produtividade e diluição maior de custos. A marca negativa veio do etanol, que continua arrastando os resultados, na visão da corretora.

Para alimentos e bebidas, os volumes e margens apresentaram recuperação, sugerindo que a tendência positiva seguirá em 2024. A geração de caixa também apresentou perspectivas animadoras no trimestre.

O setor financeiro apresentou tendências diversas de acordo com o segmento. Enquanto companhias do mercado de capitais apresentam sinais de melhora, de acordo com a XP, com bons números em 2023 apesar de taxas de juros elevadas e eventos no cenário de crédito. O ponto principal para uma virada é a recuperação consiste de volumes de negociação na bolsa de valores.

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Para os neobanks, a virada aconteceu no ano passado e as companhias entregaram os esperados resultados positivos. A corretora destaca que a tese de alavancagem operacional defendida desde o IPO foi provada e o momento de ganhos deve continuar em 2024. “O apetite e a precisão na originação de crédito serão as principais variáveis para a longevidade do atual ciclo virtuoso. Gerenciar as expectativas dos investidores também será importante, especialmente em relação aos movimentos do preço das ações”, reforça a análise.

Balanços de commodities

Em commodities, o desempenho foi considerado melhor para mineradoras em comparação com as siderúrgicas. A alta do minério de ferro foi responsável pelos números melhores para o segmento, assim como a melhor sazonalidade. No caso das siderúrgicas brasileiras, o ambiente de preços desafiador se somou a maior penetração de aço importado para enfraquecer os dados. Ainda assim, Usiminas (USIM5) e CSN (CMIN3) apresentaram números melhores na comparação com o 4T22.

Para papel e celulose, as duas principais companhias do setor foram destaque positivo, de acordo com a análise. A Suzano (SUZB3) apresentou melhores preços e menores custos caixa, com bons resultados no trimestre assim como a Klabin (KLBN11), que mostrou crescimento no volume de vendas.

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Em petróleo e gás, os resultados reportados foram vistos como sólidos e em linha com as expectativas. Para a Petrobras (PETR4), o que chamou atenção não foram os dados – vistos praticamente em linha com a expectativa – mas sim o anúncio da manutenção dos dividendos em fórmula mínima, com o redirecionamento do lucro para alocação em reserva de remuneração de capital.

“As empresas de E&P apresentaram resultados fracos por alguns motivos, além da queda no preço médio do Brent (que moldou o número para todas as empresas do setor). A PRIO (PRIO3) foi afetada por menores offtakes no trimestre, enquanto a 3R e a PetroReconcavo (RECV3) foram impactadas por paralisações na UPGN e na refinaria no Rio Grande do Norte, causando restrições”, pontuam os analistas.

Saúde e varejo

O setor de saúde ainda se apresenta sob pressão, com resultados positivos para serviços de saúde, como Hapvida (HAPV3), mas prestadores ainda pressionados por pagadores. As melhorias nos tickets e expansão de receita foram pontos fortes e nomes como Fleury (FLRY3) e Odontoprev (ODPV3) reportaram dados ligeiramente positivos. Entre farmacêuticas e distribuição, os resultados foram negativos.

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Por fim, o varejo continua negativamente afetado pelo contexto macroeconômico e apostou em diluição de despesas e planos de corte de custos para manutenção das margens. Os indicadores para o próximo trimestre foram considerados positivos. Dentre os destaques, está o Grupo Soma (SOMA3), que reportou crescimento de receita líquida em linha e melhor rentabilidade, e a C&A (CEA3), que segue se beneficiando de iniciativas internas como o sistema push-and-pull e a expansão do C&A Pay.