Klabin (KLBN11) detalha os impactos da guerra Rússia e Ucrânia no mercado de papel e celulose

Klabin diz ter alto percentual de combustível de fontes renováveis em seu processo industrial, minimizando o impacto da alta do petróleo

Augusto Diniz

Marcos Ivo _ Klabin _ Divulgação

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O diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Klabin (KLBN11), Marcos Ivo, já projeta os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia, no mercado de papel e celulose, sobretudo por conta da disparada do preço do petróleo. Segundo ele, é preciso avaliar a questão em três frentes.

“Temos os derivados de petróleo que geram produtos químicos e alguns desses são utilizados em processo industrial. Temos o combustível utilizado para o transporte de madeira, matéria-prima e produto final. E tem o uso do combustível na queima do processo industrial”, disse em entrevista ao InfoMoney.

“No caso da Klabin, esse último componente é pouco relevante, mas que para outros players e geografias pode ser muito relevante”, afirma.

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O combustível no processo industrial é derivado do petróleo na forma de gás, óleo BPF e outros tipos de óleo. “Nesse aspecto, a Klabin tem alto percentual de combustível de fontes renováveis dentro de seu processo industrial. Aí, minimiza o impacto para gente”, conta. 

“O impacto que acontece, que não é só para papel e celulose, mas de qualquer mercadoria, é no transporte. Aumentando o preço do petróleo, tem uma questão temporal, mas afeta o preço de vários tipos de combustíveis, como diesel, combustível usado em navios. E isso afeta o custo do frete”, ressalta.

Sobre os resultados da Klabin (KLBN11)

O executivo destacou os resultados recordes da Klabin em 2021, incluindo volume de vendas, receita líquida, Ebtida e lucro líquido. “A empresa cresceu com rentabilidade. A própria margem Ebtida de 42% é o melhor que nós temos no histórico dos últimos 10 anos”, afirma.

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Marcos Ivo destacou ainda que o Ebidta cresceu pelo 12º ano seguindo, mesmo com as variações do período em câmbio, PIB, juros, preços, entre outros itens. 

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O gargalo na logística e a inflação elevada

Tanto as questões globais de logística como a inflação dominaram as apresentações em fevereiro, para analistas de mercado, dos resultados do ano passado das empresas da indústria de papel e celulose.

Sobre a inflação, Marcos Ivo da Klabin explicou que o movimento pós-pandemia ocorreu uma reorganização nos mercados, que trouxeram pressões inflacionárias em todos os países. 

“Você teve nos Estados Unidos a inflação rodando 7%. Aqui no Brasil, a mais alta comparada à histórica recente e o mesmo na Europa”, diz. “A cadeia de commodities, incluindo os químicos e combustíveis, seguiram essa tendência”. 

Portanto, algumas matérias-primas utilizadas pela indústria de papel e celulose tiveram aumento de preço. 

Leia também: Klabin não vê normalização de curto prazo na logística

Em outra vertente, em consequência da pandemia, o executivo ressalta a desorganização logística no mundo, especialmente nos navios que transportam contêineres e que têm colocado desafios e dificuldades para diversos setores. 

“Ainda assim, temos sido atingidos menos pela questão da nossa gestão de fretes”, ressalta. “Chamo a atenção para a margem do Ebtida. Nós continuaremos preservando as margens, repassando custos aos preços dos produtos”.

A questão logística vem desde o começo da pandemia, diz ele. “Na última parte do ano passado, vimos um momento mais acentuado da desorganização logística. Ela trouxe atrasos de navios, mudanças de escala e aumento no custo do frete. Isso continua bastante tensionado. Difícil de fazer uma projeção quando se normalizará, mas levará ainda alguns meses”, afirma.

Leia também: Como a dificuldade de logística e de custos devem afetar Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) em 2022?

O futuro do papel ondulado

O modo de negócios da Klabin é integrado e diversificado, com três tipos de papéis: cartão, kraft (papel ondulado usado principalmente para fazer caixa de papelão) e embalagens. 

“A combinação nos dá flexibilidade”, garante, podendo direcionar o produto dependendo do mercado interno e a se adaptar aos diversos cenários econômicos.

Especificamente sobre o papel ondulado, que cresceu no primeiro ano da pandemia devido ao seu uso para embalagens usadas no comércio eletrônico e entregas, o diretor explicou que 2021 ele já voltou a acompanhar a expansão do PIB, que é a sua característica no mercado. “Mas o crescimento do e-commerce continuará ocorrendo”, lembrando  tratar-se uma tendência global. 

Fábrica Klabin Divulgação

Sobre o projeto Puma 2, que colocou em funcionamento na unidade paranaense da empresa, em agosto último, uma nova linha de produção, a M27 de papel kraft, o destaque é por tratar-se da primeira empresa do mundo a produzir esse tipo de papel 100% feito de fibra curta. A máquina tem capacidade de 450 mil toneladas de papel por ano. 

“A produção desse equipamento será muito maior do que foi em 2021 por que teremos 12 meses de produção”, ressalta.

A outra linha de produção do projeto Puma 2, a M28, Marcos Ivo informou o início da produção no segundo trimestre do ano que vem. A máquina poderá fazer papel kraft ou papel cartão. 

“Nós direcionaremos a produção dele para o papel cartão. Ela terá uma capacidade de produzir 460 mil t do produto”, finalizou.

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