Índice de ADRs Brazil Titans volta a cair, em dia volátil nos mercados com Rússia-Ucrânia; Vale é destaque de alta, BRF e aéreas caem

Em dia de B3 fechada, investidores monitoram conversas entre Rússia e Ucrânia e reunião da ONU; petróleo sobe

Equipe InfoMoney

(Getty Images)

Publicidade

A segunda-feira (28) é de B3 fechada por conta do Carnaval, só voltando a reabrir na quarta-feira (28) a partir das 13h (horário de Brasília). Contudo, os investidores acompanham o movimento dos ADRs (ações de empresas de fora dos Estados Unidos negociadas em Nova York) brasileiros, em meio aos desdobramentos da invasão da Ucrânia pela Rússia, com diversos acontecimentos durante o fim de semana e nesta data.

Após abrir em queda, chegando a ter perdas de 1,48% na mínima do dia com os investidores monitorando a tensão geopolítica,  o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR, que reúne os papéis mais líquidos das empresas brasileiras negociados na Bolsa de Nova York, passou a oscilar entre leves ganhos e perdas no começo da manhã. O índice seguiu as bolsas de Wall Street, com os principais índices abrindo em queda de cerca de 1%, mas amenizando fortemente as perdas.

Contudo, por volta das 14h30 (horário de Brasília), o Dow Jones Brazil Titans 20 ADR voltou a ter perdas mais fortes, também acompanhando Wall Street, após chegar a subir 0,21% na máxima do dia. Às 14h45, o índice caía 0,76%, a 18.809 pontos.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Os destaques de queda no momento ficam para BRF (BRFS3), empresa bastante impactada pela alta nos preços de commodities agrícolas, usadas como alimentação para criação de frangos; os ativos tinham baixa de cerca de 5,20%. Aéreas também têm perdas, como Azul (AZUL4) e Gol (GOLL4) com queda de cerca de 4%, com a alta dos preços do petróleo impactando os custos para as companhias, além do noticiário de restrições de viagens em meio ao cenário geopolítico conturbado.

Enquanto isso, Vale (VALE3) ganhou força e passou a subir mais de 3% com a alta do minério. Os futuros de minério de ferro de referência na China e em Cingapura subiram nesta segunda-feira devido a preocupações de que um conflito armado prolongado entre a Rússia e a Ucrânia possa reduzir a oferta global do principal ingrediente da siderurgia.

O contrato de minério de ferro com vencimento em maio mais negociado na bolsa de commodities de Dalian, na China, encerrou as negociações diurnas em alta de 2,7%, a 705,50 iuanes (US$ 111,82) a tonelada, depois de tocar 712 iuanes no início da sessão.

Continua depois da publicidade

Já os ativos da Petrobras (PETR3;PETR4) operam em queda de mais de 1% mesmo com a alta do petróleo, que voltou a negociar acima de US$ 100, uma vez que os investidores também monitoram a pressão da alta de preços sobre a política da companhia. 

Os principais índices americanos, que abriram em queda de mais de 1%, com exceção do Nasdaq, diminuíram suas perdas no começo da tarde, mas logo voltaram a cair, acompanhando os últimos desdobramentos sobre Ucrânia-Rússia. O S&P500 chegou a zerar as perdas e o Nasdaq tinha virado para o positivo. Contudo, durante a tarde, Dow Jones tinha queda de 1,11%, S&P500 tinha baixa de 1,01%, enquanto o Nasdaq virou para perdas de 0,51%.

As  bolsas europeias fecharam em queda,  em meio ao temor do impacto das novas sanções à Rússia no fornecimento de commodities para o continente.

Continua depois da publicidade

“O que está acontecendo é sem precedentes, então a única coisa racional a dizer sobre ações é esperar que a volatilidade continue até uma resolução”, disse o estrategista da Raymond James, Tavis McCourt, em nota, segundo a CNBC.

ONU e negociações sobre cessar-fogo no radar

Os olhos dos investidores ficaram voltados para o encontro entre a delegação ucraniana, que foi para os arredores da fronteira com Belarus, com autoridades russas para negociação. As forças armadas da Ucrânia continuam a deter as tropas russas, defendendo e mantendo o controle de cidades-chave e retardando o avanço da Rússia em Kiev.

“As próximas 24 horas serão cruciais para a Ucrânia”, disse o presidente do país, Volodymyr Zelensky, logo no início do dia.

Publicidade

À CNBC, Dmytro Kuleba, ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, disse que o país estaria pronto para continuar buscando uma solução diplomática, mas não estaria pronto para se render ou capitular.

Mais tarde, segundo informou a agência de notícias estatal da Rússia TASS, citando uma fonte do governo, as conversas entre autoridades da Rússia e da Ucrânia se encerraram. Os representantes irão se reunir com seus governos para consultas antes de uma segunda rodada de negociações, como informou a agência russa RIA, que cita Mykhailo Podolyak, assessor da Presidência ucraniana.

Já o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou na véspera a convocação da assembleia geral extraordinária da ONU sobre o tema, em encontro realizado nesta segunda. Essa é apenas a 11ª vez que a reunião é convocada em 70 anos de história da ONU. O placar da votação foi o mesmo do debate do Conselho na última sexta-feira (25), com 11 votos a favor, um contra (da própria Rússia) e três abstenções (China, Emirados Árabes Unidos e Índia).

Continua depois da publicidade

O quinto dia do ataque da Rússia contra a Ucrânia foi marcado por menos ataques militares. Segundo as autoridades ucranianas, as tropas russas estão “diminuindo o ritmo da ofensiva” com militares que permanecem a cerca de 30 quilômetros do centro da capital Kiev.

Mas, os russos pedem que seja reconhecida “sua supremacia aérea” na Ucrânia, algo não feito pelos ucranianos. Em um segundo pronunciamento, Zelensky fez dois apelos contundentes. O primeiro foi político para a União Europeia. O mandatário quer que seu país tenha uma “adesão imediata” ao bloco, que vem se movimentando intensamente para aplicar duras sanções contra Moscou e para fazer um inédito fornecimento de armas e equipamentos militares a um país em guerra.

O fim de semana foi de aumento das sanções de diversos países contra a Rússia em meio ao avanço das tropas pela Ucrânia.
Já nesta segunda-feira, os EUA anunciaram mais uma rodada de sanções, proibindo que cidadãos do país façam qualquer transação envolvendo o Banco Central russo, o Fundo Nacional de Riqueza e o Ministério das Finanças da Rússia, em mais uma etapa das sanções impostas a Moscou diante da invasão da Ucrânia.

As sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos e seus aliados ao Banco Central da Rússia e outras fontes importantes de riqueza provavelmente aumentarão a inflação russa, prejudicarão seu poder de compra e reduzirão os investimentos, disseram autoridades norte-americanas nesta segunda, quando as novas medidas foram anunciadas.

Antes disso, na véspera, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já havia anunciado um novo pacote de sanções e confirmou que os 27 Estados-membros fecharão o espaço aéreo para aviões da Rússia. Há punições também contra a mídia russa, os bancos e a confirmação do inédito envio de armas.
Os EUA, aliados europeus e Canadá concordaram no sábado em remover os principais bancos russos do Swift, sistema de transferências internacionais que conecta bancos em todo o planeta.

Leia também:

“Alguns bancos russos sendo removidos do Swift (transações de energia isentas) e o congelamento do acesso do banco central russo às suas reservas em moeda estrangeira mantidas no Ocidente aumentam claramente o risco econômico”, disse à CNBC Dennis DeBusschere, da 22V Research.

No entanto, ele acredita que a Rússia ainda pode vender petróleo e pode haver “brechas” nos ativos congelados da Rússia, o que “pode limitar o desastre nos mercados por alguns dias”.

O banco central da Rússia na segunda-feira mais que dobrou a taxa de juros do país de 9,5% para 20%, com sua moeda, o rublo, atingindo um recorde de baixa em relação ao dólar, devido à série de novas sanções e penalidades impostas no fim de semana. O aumento da taxa, disse o banco central, “foi projetado para compensar o aumento do risco de depreciação e inflação do rublo”.

Isso segue a ordem do banco central de interromper as ofertas de estrangeiros para vender títulos russos em um esforço para conter as consequências do mercado. O rublo chegou a cair até 119,50 por dólar, uma baixa de 30% em relação ao fechamento de sexta-feira.

“Os traders estarão atentos a quaisquer sinais de resolução da crise russa (negociação de paz ou sinais de uma vitória de curto prazo para qualquer um dos lados) ou sinais de que as tensões podem estar piorando, aumentando a chance de uma guerra mundial envolvendo membros da Otan”, disse. Jim Paulsen, estrategista-chefe de investimentos do Leuthold Group. “À medida que as notícias se espalham apoiando qualquer tese, espere que o mercado de ações permaneça volátil.”

Após a imposição das sanções, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, chamou o Ocidente de “Império das Mentiras” ao discutir a economia com autoridades de alto escalão. “(O primeiro-ministro Mikhail Mishustin) e eu discutimos este tópico, naturalmente tendo em mente as sanções que a chamada comunidade ocidental – como chamei em meu discurso, o ‘império das mentiras’ – está agora tentando implementar contra nosso país”, disse Putin, segundo uma transcrição da reunião.

(com Ansa Brasil e Reuters)

Procurando uma boa oportunidade de compra? Estrategista da XP revela 6 ações baratas para comprar hoje.