Índice de ADRs brasileiros fecha em queda de 3,3% na NYSE com derrocada de 43% do WTI

Em dia de bolsa fechada no Brasil, índice de ADRs de empresas brasileiras registraram forte baixa na NYSE

Lara Rizério

Ações em queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – Em dia de feriado de Tiradentes no Brasil, em que a B3 não abriu, o principal índice de ADRs (na prática, as ações de empresas de fora dos EUA negociadas em Nova York) do Brasil fechou em expressiva queda na Bolsa de Valores Nova York (NYSE), acompanhando o mau humor visto nos índices americanos em meio à baixa sem precedentes do preço do petróleo, apesar do noticiário sobre medidas de flexibilização ao isolamento social adotadas no mundo todo.

O Dow Jones Brazil Titans 20 ADR fechou em queda de 3,31%, a 11.736 pontos. Já o ETF EWZ iShares MSCI Brazil Capped, que replica o Ibovespa em dólar, perdeu 3,21%, a US$ 24,12.

Entre os contratos mais líquidos, na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI para junho fechou em queda de 43,36%, a US$ 11,57, menor valor desde 1999, após ter sido negociado, ao longo do dia, abaixo da marca dos US$ 8. Na Internacional Exchange (ICE), o petróleo Brent para o mesmo mês encerrou a sessão em queda de 24,40%, a US$ 19,33 o barril, menor valor desde 2002.  Isso levou a uma baixa expressiva dos ADRs da Petrobras negociados na NYSE: os ativos PBR e PBR-A, equivalentes respectivamente aos papéis ON e PN, caíram cerca de 3%.

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Confira o desempenho dos ADRs no feriado e seus respectivos pesos no índice Dow Jones Brazil Titans 20 ADR:

Empresa Variação Peso no índice
Vale -2,50% 13,47%
Itaú -4,71% 10,73%
Bradesco -4,09% 8,55%
Petrobras PBRA (preferencial) -2,48% 7,20%
Telefônica Brasil -3,51% 7,03%
Ambev -0,45% 5,36%
Sabesp -1,50% 5,12%
Gerdau -2,73% 4,53%
Petrobras PBR (ordinária) -3,51% 4,43%
BRF -3,62% 4,24%
Ultrapar -2,99% 3,88%
TIM Participações -1,83% 3,77%
Pão de Açúcar -2,21% 3,70%
Cemig -3,70% 3,53%
Santander Brasil -4,13% 3,48%
Eletrobras -5,79% 2,97%
Embraer -7,13% 2,22%
Copel -2,97% 2,1%
CSN -1,50% 1,66%
Azul -9,56% 1,43%
Gol -8,57% 0,56%

Na véspera, o contrato do barril de petróleo americano WTI para maio, que registra vencimento nesta terça-feira (21), encerrou a última segunda-feira (20) cotado a um preço negativo pela primeira vez na história (veja mais clicando aqui).

O contrato WTI para maio desabou ontem 305,9% na Bolsa de Nova York e fechou cotado a US$ 37,63 negativos, o que significa que os produtores efetivamente pagariam aos comerciantes que tirassem o petróleo de suas mãos. Já nesta sessão, último dia de negociação do contrato, ele mostrou recuperação e subiu forte, em alta de 126,8%, a US$ 10,01 o barril.

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No entanto, à medida que os contratos se aproximam de expirar, o volume de negociação é geralmente reduzido. Portanto, os contratos de longo prazo podem ser mais indicativos de como Wall Street vê o preço do petróleo.

O movimento de forte baixa da commodity reflete a percepção do mercado de que o corte de 9,7 milhões de barris diários anunciados semana passada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não será suficiente para fazer frente à queda na demanda global por conta dos impactos econômicos do coronavírus, de cerca de 30%.

Donald Trump, presidente dos EUA, disse pelo Twitter que o governo está trabalhando em um plano para disponibilizar capital para a indústria de petróleo do país, de forma a evitar a perda de empregos após os preços mergulharem abaixo de zero.

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Já Arábia Saudita disse nesta terça-feira que está monitorando os mercados de petróleo e está pronta para tomar medidas adicionais para estabilizá-los junto a aliados da Opep+ e outros produtores de petróleo, informou a agência de notícias estatal SPA, ao citar uma declaração do gabinete.

Em meio à forte queda do petróleo, a sessão foi mais uma vez negativa para as bolsas mundiais: o S&P 500 fechou em queda de 3,07%, o Nasdaq teve baixa de 3,48%, enquanto o Dow Jones registrou baixa de 2,67%.

Para reverter a situação, a expectativa é por anúncio por um corte de produção no estado americano do Texas a qualquer momento. Entre outras notícias do setor, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse hoje em seu Twitter que tem a intenção de estabelecer um plano para disponibilizar fundos à indústria americana de petróleo e gás.

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Vale destacar que o presidente dos Estados Unidos anunciou que vai assinar uma ordem executiva para suspender temporariamente a imigração ao país em meio à pandemia de Covid-19.

Ainda no radar americano, o plano de reabertura dos EUA, divulgado pelo presidente, requer testes em massa da população, no entanto, os governadores estão alegando que não possuem estrutura para fazê-los. A capacidade dos EUA de testar o coronavírus “não chega” a um nível adequado que permita facilitar as medidas de distanciamento social, apontou Leana Wen, professora de saúde pública na Universidade George Washington.

Na agenda de indicadores, a venda de imóveis residenciais usados no país caiu 8,5% em março na comparação mensal e ficou em 5,27 milhões, ante estimativa de 5,25 milhões, segundo Associação Nacional de Corretores dos EUA. As estimativas variavam de 4,00 milhões a 5,89 milhões, segundo consenso Bloomberg.

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Ainda em meio ao impacto do coronavírus, Trump informou pelo Twitter que assinará um termo provisório para realizar um pacote de alívio em meio ao impacto do coronavírus, de forma a fornecer empréstimos adicionais para pequenas empresas.

Europa também tem fortes perdas

As bolsas de valores europeias também registraram um dia com fortes quedas: entre os índices de referência, o FTSE 100, de Londres, caiu para 5.641,03 pontos (-2,96%); o CAC 40, de Paris, recuou para 4.357,46 pontos (-3,77%); o DAX, de Frankfurt, cedeu para 10.249,85 pontos (-3,99%); o IBEX 35, de Madri, baixou para 6.634,90 pontos (-2,88%); o FTSE Mib, de Milão, terminou em 16.450,85 pontos (-3,59%); e o PSI 20, de Lisboa, encerrou em 4.035,94 (-2,27%).

O descasamento entre oferta e demanda de petróleo acabou acendendo o alerta no mercado de ações. Isso porque muitas das petroleiras têm peso considerável nos principais índices acionários, como no FTSE de Londres, e o preço muito baixo pode inviabilizar suas operações. Segundo pelo temor de causar deflação, fenômeno que pode retardar ainda mais a recuperação econômica pós-pandemia de coronavírus.

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Cabe ressaltar que o governo da Itália deve anunciar nesta quarta-feira (22) um plano de reabertura gradual do país, como parte da segunda fase do combate ao novo coronavírus (Sars-CoV-2), a partir do dia 4 de maio. Sem citar datas, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, informou através de sua conta no Facebook que a decisão será anunciada “antes do fim de semana” e prometeu dar todos os detalhes do “articulado programa” que está sendo feito.

Na Ásia, o japonês Nikkei tem baixa de 1,97%, Shangai teve queda de 0,90%, enquanto o Hang Seng teve perdas de 2,20%. Na China, mesmo com o país começando a retomar a atividade, analistas ainda estão cautelosos sobre esse processo e o Nomura projetou ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) chinês recue 0,5% no segundo trimestre, com recuperação mais lenta do que o previsto.

Atenção ainda para os ativos da Coreia do Sul: a moeda won teve queda de 0,74% frente o dólar, enquanto o índice Kospi caiu 1%. Desde a noite da véspera, ganharam forças na imprensa americana os rumores de que o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-Un, estaria em estado grave após uma cirurgia cardiovascular.

Nesta manhã, um comunicado oficial o governo da Coreia do Sul, negou os rumores de que o líder norte-coreano estaria em estado crítico de saúde. De acordo com a declaração, divulgada nesta terça o serviço de inteligência sul-coreano não detecta “nenhuma atividade diferente” em Pyongyang, capital da Coreia do Norte, e não há nenhum relato sobre a saúde do ditador. Kim está “governando normalmente”, destacou.

Radar corporativo nacional

Já no radar corporativo brasileiro, atenção para as mudanças em Conselhos de Administração. Michael Klein deixará a presidência do conselho de administração da Via Varejo (VVAR3), informou a companhia na noite de segunda.

O ressegurador IRB Brasil Re (IRBR3) também anunciou mudanças. A partir da renúncia de executivos indicados por acionistas da companhia como Bradesco e Itaú Unibanco, selecionou, com o auxílio da consultoria Korn Ferry, novos membros que incluem a ex-S&P Regina Nunes, além de especialistas nas áreas de seguros, contabilidade e governança corporativa.

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(Com Agência Estado e Ansa)

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.