Contrato de petróleo WTI despenca mais de 300% nos EUA e fecha no negativo pela 1ª vez na história

Investidores tentam se desfazer dos papéis, mas não encontram compradores em um cenário de forte redução na demanda pela commodity

Anderson Figo

Preço do petróleo WTI para maio (Twitter Bloomberg/Reprodução)

SÃO PAULO — O contrato do barril de petróleo americano WTI para maio, que vence nesta terça-feira (21), chegou a recuar mais de 300% e encerrou o dia cotado a um preço negativo pela primeira vez na história.

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Segundo analistas, o movimento reflete a percepção do mercado de que o corte de 9,7 milhões de barris diários anunciados semana passada pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) não será suficiente para fazer frente à queda na demanda global por conta dos impactos econômicos do coronavírus, de cerca de 30%.

“O preço negativo mostra que os produtores estão dispostos a pagar para ter seu petróleo estocado, num momento em que há uma grande oferta e uma demanda baixa”, explica Gabriel Fonseca, analista da XP Investimentos especializado em petróleo.

A Administração de Informações sobre Energia dos Estados Unidos informou que as reservas de petróleo subiram 19,25 milhões de barris na semana passada.

Assim, como o vencimento do contrato de barril de WTI para entrega em maio termina amanhã, aqueles investidores que o assinaram têm de encontrar compradores físicos — uma tarefa quase impossível no atual cenário se não abaixarem os preços.

Os operadores de contratos futuros geralmente conseguem passar com tranquilidade do contrato vencido para o próximo, mas dessa vez estão encontrando poucos compradores dispostos a receber os barris do vencimento maio.

A corrida para se desfazer dos papéis a qualquer custo gerou o crash no preço observado hoje. O contrato WTI para maio caiu 171,70%, para US$ 13,10 negativos. Ele chegou a recuar mais de 300% durante a sessão. Já o contrato para junho teve queda de 15,22%, para US$ 21,22.

Enquanto isso, o contrato mais negociado do petróleo tipo Brent, que opera em Londres e tem vencimento em junho, chegou a cair mais de 5% durante a sessão, mas inverteu a tendência no final do dia e fechou em alta de 1,56%, para US$ 25,97.

Segundo Gabriel Fonseca, é importante ressaltar a diferença entre o horizonte dos contratos futuros. Para se planejar, as empresas costumam mirar a curva mais longa do petróleo, para seis, doze ou dezoito meses. Nesses prazos, espera-se que a situação do mercado de petróleo esteja estabilizada.

“A lei da oferta e da demanda deveria agir e levar produtores a fecharem poços, de modo a reduzir a oferta, o que equilibraria os preços”, diz o analista. “É importante notar que a negociação dos contratos de junho do Brent e do WTI está normal. Não há a disfunção do contrato mais curto”, o que indica que os investidores acreditam que a situação vai voltar a normal.

Os analistas Vicente Falanga e Gustavo Sadka, do Bradesco BBI, dizem que esperam que o cenário do mercado de petróleo melhore em maio, com a Opep+ implementando seu corte de 9,7 milhões de barris de petróleo por dia.

Para eles, o preço do Brent deve encerrar 2020 em média de US$ 32, subindo para US$ 43 em 2021. “Um ponto de inflexão viria apenas no primeiro trimestre do ano que vem, pois o impacto da Covid-19 na demanda diminuirá.”

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Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.