Ibovespa ganha força e atinge os 130 mil pontos pela primeira vez puxado por Wall Street; dólar cai a R$ 5,04

Interpretações de manutenção de juros baixos por mais tempo impulsiona Wall Street enquanto o dólar se aproxima dos R$ 5

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa passou a ganhar força durante a tarde desta sexta-feira (4), superando a marca dos 130 mil pontos, com a alta das bolsas em Wall Street contrabalanceando o desempenho dos ADRs, na prática as ações de empresas brasileiras negociadas na Bolsa de Nova York, no dia anterior, em que a B3 estava fechada por conta do feriado de Corpus Christi. O índice Dow Jones Brazil Titans e o ETF EWZ registraram quedas de 1,05% e 0,99% respectivamente.

Lá fora, os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq sobem depois do Relatório de Emprego dos Estados Unidos frustrar expectativas. O famoso “payroll” mostrou a criação de 559 mil empregos em maio, enquanto os economistas esperavam pela geração de 650 mil vagas.

Esse resultado veio na contramão do que foi divulgado pelo Relatório ADP ontem. Aquele indicador havia trazido a geração de 978 mil vagas no setor privado americano no mês passado, bem acima das 650 mil que os economistas estavam projetando segundo dados compilados pela Refinitiv.

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Um dado de emprego negativo, apesar de colocar no horizonte alguma dose de preocupação com a saúde financeira da maior economia do mundo, também traz consigo interpretações de que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, manterá sua política monetária ultraestimulativa por mais tempo. Isso significa mais liquidez e dinheiro no bolso dos investidores para aplicar na renda variável, o que impulsiona ativos de risco mundo afora.

O presidente dos EUA, Joe Biden, comemorou o resultado do payroll e disse que era “uma boa notícia para a economia e o povo do país. O democrata se classificou como alguém “extremamente otimista” com o futuro da economia americana.

Por aqui, na véspera, o presidente Jair Bolsonaro falou em live sobre a crise hídrica, que qualificou como a maior da história do país. “Não se tem notícia de quando é que passamos tanto tempo sem chover no Brasil”.

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Também no radar, a revista The Economist estampou o Brasil em sua capa pela quarta vez em sua história e enfatizou o papel do governo Bolsonaro sobre a crise atual. “Seus comparsas substituíram funcionários de carreira. Seus decretos têm forçado freios e contrapesos em todos os lugares”, afirma a publicação.

Às 16h05 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha alta de 0,34%, a 130.044 pontos, próximo de sua máxima do dia.

Enquanto isso, o dólar comercial opera em baixa de 0,82% a R$ 5,042 na compra e a R$ 5,043 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em julho registra variação negativa de 0,61% a R$ 5,056.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 cai cinco pontos-base a 5,05%, o DI para janeiro de 2023 tem queda de 10 pontos-base a 6,59%, o DI para janeiro de 2025 recua 14 pontos-base a 7,67% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de 14 pontos-base a 8,21%.

Voltando ao exterior, na quinta-feira, “ações-meme” continuaram a passar por grandes oscilações de preços, em especial a operadora de rede de cinemas AMC Entertainment, que vem sendo foco de compras coordenadas de ações por usuários da rede de fóruns on-line Reddit.

A empresa afirmou que pretendia vender 11,5 milhões de ações. Mas, horas depois, anunciou que já havia completado a sua oferta de ações, levantando US$ 587,4 milhões em capital. Os papéis fecharam com baixa de 20,4%. Outras “ações-meme”, como a Blackberry, também passaram por volatilidade na quinta.

Já as bolsas asiáticas fecharam com resultados variados entre si na sexta-feira, após o banco central da Índia manter suas taxas de juros estáveis.

Covid no Brasil

Na quinta (3), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 1.882, queda de 5% em comparação com o patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia, foram registradas 2.082 mortes. As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 65.713, alta de 1% em relação ao patamar de 14 dias antes. Em apenas um dia foram registrados 83.415 casos.

Chegou a 47.718.573 o número de pessoas que receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 22,53% da população. A segunda dose foi aplicada em 22.739.521 pessoas, ou 10,74% da população.

Na quinta, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, considerou que a presença do ex-ministro da Saúde, general da ativa Eduardo Pazuello, em ato político no Rio de Janeiro no fim de maio não configurou prática de transgressão disciplinar. Assim, ele decidiu arquivar o procedimento administrativo contra o colega.

Pazuello participou, ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de evento com apoiadores e chegou a fazer discurso ao microfone. Tanto Pazuello quanto Bolsonaro não utilizavam máscaras de proteção e havia concentração de apoiadores. O regulamento disciplinar do Exército considera transgressão a manifestação de militares da ativa a respeito de assuntos de natureza político-partidária, sob pena desde uma advertência oral até prisão em quartel, passando por repreensões.

Segundo o jornal O Globo, a decisão do Exército ocorreu sob a pressão de Bolsonaro. A Folha de S. Paulo afirma que o presidente pressionou diretamente o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, afirmando que queria ver o aliado isento de quaisquer sanções. A alegação de Pazuello, aceita pelo comando do Exército, era de que não se tratava de ato político-partidário.

De acordo com a Folha, o Alto Comando do Exército queria punir Pazuello, mas concordou com a decisão de Nogueira sob temor de uma nova crise militar dois meses após a troca da cúpula das Forças Armadas.

Segundo O Globo, parlamentares, magistrados e mesmo militares veem o ato como um risco para a disciplina militar. De acordo com a Folha, há temor de que o episódio estimule a insubordinação nas Forças e nas Polícias Militares, que registraram casos de apoio ao presidente nos atos do sábado passado.

Segundo O Estado de S. Paulo, generais da ativa ouvidos pelo jornal avaliaram que a decisão não foi bem recebida, e gerou desgaste à instituição. Porém, afirmam que uma punição a Pazuello seria como uma reprimenda ao presidente.

Em nota, a instituição afirmou: “Acerca da participação do general de Divisão Eduardo Pazuello em evento realizado na cidade do Rio de Janeiro, no dia 23 de maio de 2021, o Centro de Comunicação Social do Exército informa que o Comandante do Exército analisou e acolheu os argumentos apresentados por escrito e sustentados oralmente pelo referido oficial-general. Desta forma, não restou caracterizada a prática de transgressão disciplinar por parte do General Pazuello. Em consequência, arquivou-se o procedimento administrativo que havia sido instaurado”.

Na terça-feira, Bolsonaro havia nomeado Pazuello secretário de Estudos Estratégicos da SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) da Presidência da República, meses após substituí-lo como ministro da Saúde.

Brasil na capa da Economist e aportes em startups

A revista britânica The Economist divulgou a capa de sua nova edição, com destaque para o Brasil. Na capa, aparece a manchete “A década sombria do Brasil” sobre a imagem do Cristo Redentor com uma máscara ligada a um tubo de oxigênio. É a quarta vez que o Brasil aparece em uma capa da revista em 12 anos.

A reportagem enfatiza o papel do governo de Jair Bolsonaro sobre a crise atual, e afirma que o país precisa se livrar do presidente nas próximas eleições, em 2022. A revista destaca a estagnação econômica, polarização política e problemas ambientais. “Seus comparsas substituíram funcionários de carreira. Seus decretos têm forçado freios e contrapesos em todos os lugares”, afirma a revista.

A Economist avalia que outros quatro anos sob Bolsonaro poderiam devastar a Amazônia, levando parte da floresta a se transformar em uma savana seca. A revista reconhece que o Brasil vinha passando por problemas políticos e econômicos havia uma década. Mas afirma que, com Bolsonaro como médico, agora está “em coma”.

A reportagem ressalta a morte de 87 mil brasileiros por Covid em abril, desemprego recorde em 14,4%, falta de vacinas e a influência dos militares sobre o governo.

“Os generais que se juntaram ao seu governo esperavam fazer avançar a agenda do Exército. Em vez disso, prejudicam sua reputação. Eles foram cúmplices na administração incorreta da pandemia por Bolsonaro, que levou a dezenas de milhares de mortes desnecessárias. Eles não conseguiram fazê-lo assinar contratos para aquisição de vacinas ou impedi-lo de cumprimentar apoiadores quando pegou covid-19 no ano passado”, diz a reportagem.

Por outro lado, dados da empresa Distrito reproduzidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, startups brasileiras receberam US$ 3,2 bilhões em investimentos nos primeiros meses de 2021, o equivalente a 90% dos aportes de 2020. Fintechs ficaram com a maior parte, seguidas por empresas do ramo imobiliário.

Dados da Transactional Track Record que englobam grandes operações, não apenas envolvendo startups, indicam que fundos de venture capital aportaram R$ 15,2 bilhões em em empresas de tecnologia no Brasil entre janeiro e maio. Entre 115 transações está um aporte de US$ 400 milhões recebido pelo Nubank em janeiro, e outro, de US$ 525 milhões, recebido pela Loft entre março e abril.

Radar Corporativo

A JBS (JBSS3) informou na quinta-feira que todas as suas instalações globais estão totalmente operacionais depois que um “ataque cibernético criminoso” em 30 de maio provocou a suspensão de muitas de suas operações nos Estados Unidos e na Austrália. Na quarta, a empresa havia anunciado que pretendia retomar as operações nesta quinta.

Um famoso grupo hacker ligado à Rússia está por trás do ataque, que interrompeu a produção de carne da companhia na América do Norte e na Austrália, segundo uma fonte familiarizada com o assunto ouvida pela agência internacional de notícias Reuters. A secretária de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, disse na quarta que o caso deverá ser discutido em uma cúpula com o presidente russo, Vladimir Putin, em meados de junho.

A processadora de carnes Marfrig Global Foods (MRFG3) elevou sua participação na empresa de alimentos BRF (BRFS3) para aproximadamente 31,66%, conforme fato relevante divulgado na quinta. No mês passado, a Marfrig havia comprado cerca de 24,23% no capital da BRF.

A empresa brasileira de energia Raízen comunicou na quinta que protocolou pedido de registro para a realização de uma oferta inicial pública de ações. No começo da semana, a joint venture entre o grupo brasileiro de infraestrutura Cosan e a petroleira anglo-holandesa Shell havia divulgado a intenção de entrar com o pedido.

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.