Ibovespa zera ganhos pressionado por ações de varejistas e elétricas; dólar opera perto da estabilidade

Bolsa não sai do zero a zero em um pregão de muita disputa entre comprados e vendidos

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa zera ganhos nesta segunda-feira (10) pressionado pelas ações de varejistas e de elétricas, que caem em bloco e acabam ofuscando a alta de papéis de commodities. Lá fora, os índices americanos operam em sentidos diversos, conforme big techs se desvalorizam e empresas como a Chevron aumentam seu valor de mercado.

Na sexta, o Relatório de Emprego fraco dos Estados Unidos adiou quaisquer apostas de retirada de estímulos pelo Federal Reserve, o que incentiva os investidores de Wall Street a ficarem comprados. O índice Dow Jones sobe 0,6%.

Por aqui, as ações de Lojas Americanas (LAME4), Via (VVAR3), B2W (BTOW3), Magazine Luiza (MGLU3), Assaí Atacadista (ASAI3) e Carrefour (CRFB3) todas registram perdas entre 1% e 3,5%. Juntos, esses papéis respondem por 5,4% da carteira teórica do Ibovespa.

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As elétricas Eletrobras (ELET3; ELET6), Taesa (TAEE11), Eneva (ENEV3), Equatorial (EQTL3), Energisa (ENGI11), EDP Energias do Brasil (ENBR3), Engie (EGIE3), Copel (CPLE6), Cemig (CMIG4) e CPFL (CPFE3) também se encontram na ponta negativa. Elas acumulam em torno de 5,6% de participação no mais importante índice acionário da B3.

Já Petrobras (PETR3; PETR4) e Vale (VALE3) avançam entre 1,3% e 2,6%. As ações somam 21,81% do benchmark. A petroleira divulga seu resultado do primeiro trimestre na quinta-feira (13).

Hoje houve uma disparada de 10% nos preços do minério de ferro, o que mostra mais uma vez como as commodities são o fator de maior otimismo para o mercado nacional. Para mais destaques de ações, clique aqui.

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No noticiário político, durante o fim de semana, o presidente Jair Bolsonaro, pressionado no Congresso pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia, reiterou que indicará um nome “terrivelmente evangélico” para o Supremo Tribunal Federal (STF) e novamente apoiou o voto impresso.

Às 12h07 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha leve variação negativa de 0,09%, a 121.930 pontos.

Enquanto isso, o dólar comercial opera em leve variação positiva de 0,06% a R$ 5,231 na compra e a R$ 5,231 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em junho registra desvalorização de 0,24% a R$ 5,236.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 opera estável a 4,84%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de um ponto-base a 6,63%, o DI para janeiro de 2025 avança dois pontos-base a 8,08% e o DI para janeiro de 2027 registra variação positiva de dois pontos-base a 8,64%.

Voltando ao exterior, um ataque hacker forçou a paralisação do maior duto de transporte de combustível dos Estados Unidos, o Colonial Pipeline, que opera um sistema de 5.500 milhas.

A empresa afirmou que foi forçada a paralisar o transporte de combustível da Costa do Golfo à área metropolitana de Nova York após derrubar certos sistemas para conter a ameaça. Ainda não está clara a extensão do ataque ou sua duração.

O destaque entre as commodities fica novamente para o minério de ferro, cujo contrato futuro disparou 10% na Bolsa de Dalian (confira o impacto da alta no resultado das empresas e o cenário para ela clicando aqui e aqui).

Relatório Focus e mais revisões

Os economistas do mercado financeiro elevaram suas projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2021, mostrou o Relatório Focus do Banco Central.

De uma expectativa mediana de 3,14% de crescimento na semana passada, agora há uma estimativa de expansão de 3,21% para a atividade econômica este ano. Para 2022, as projeções oscilaram de avanço de 2,31% para 2,33% no PIB.

Já em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) as projeções oscilaram de 5,04% para 5,06% em 2021, mas se mantiveram em 3,61% para 2022.

A previsão para o dólar, por sua vez, é de que a moeda dos EUA encerre o ano valendo R$ 5,35, valor menor que os R$ 5,40 estimados na semana anterior. Em 2022 espera-se que o dólar termine o ano em R$ 5,40.

Por fim, a mediana das expectativas para a taxa básica de juros, Selic, continuou em 5,50% ao ano para 2021 e em 6,25% ao ano para 2022.

Ainda sobre projeções, o Credit Suisse elevou sua previsão para o PIB brasileiro de 3,2% para R$ 3,6% em 2021, destacando que a recuperação do lado da oferta, assim como uma demanda externa muito robusta, devem ser os principais catalisadores de crescimento para o ano.

A expectativa para 2022 também foi revista de 2,4% para 2,5% em função do carry over (herança estatística do ano anterior).

Já o UBS destacou que a atividade econômica brasileira pode se normalizar no mais tardar em outubro, a depender do ritmo de vacinação.

De acordo com os economistas Alexandre de Azara e Fabio Ramos, a economia do Brasil pode começar a se normalizar antes que a clássica “imunidade de rebanho” seja alcançada – e, portanto, antes do esperado.

“Achamos que a distribuição de idade da população permitirá ‘imunidade de rebanho efetiva’ e um retorno ao normal ocorrerá quando os brasileiros 30 anos ou mais forem vacinados”, apontam.

CPI da Covid

No domingo (9), a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 2.092, queda de 15% em comparação com o patamar de 14 dias antes, e a menor média desde 17 de março. Em apenas um dia foram registradas 934 mortes.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h, o avanço da pandemia em 24 h.

A média móvel de novos casos em sete dias foi de 61.177, alta de 9% em relação ao patamar de 14 dias antes. Assim, o país rompe a trajetória de queda de novos casos que vinha sendo observada nos últimos dias. Em apenas um dia foram registrados 31.591 casos.

35.327.845 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a Covid no Brasil, o equivalente a 16,68% da população. A segunda dose foi aplicada em 17.744.038 pessoas, ou 8,38% da população.

Nesta semana começa a distribuição de um lote de 1,1 milhão de doses de vacinas da Pfizer. A primeira dose deverá ser usada nas capitais para vacinar pessoas com comorbidades, mulheres grávidas e que tiveram bebê recentemente.

Na sexta, o governo brasileiro afirmou que ainda não tem a confirmação da data de embarque da China para o Brasil de um novo lote do IFA (insumo farmacêutico ativo) da vacina CoronaVac, desenvolvida pela farmacêutica Chinovac e produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. A informação foi divulgada pelo secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz.

Na semana passada tanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) quanto o ministro da Economia, Paulo Guedes, insinuaram que o vírus teria sido criado propositalmente pela China. Bolsonaro chegou a afirmar que o vírus seria parte de uma “guerra bacteriológica”. Na quinta, Dimas Covas, presidente do Butantan, afirmou que a postura do governo Bolsonaro pode estar atrasando o envio de insumos pela China.

Em entrevista coletiva, o secretário do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, afirmou: “A gente está sempre conversando, quer seja com a embaixada brasileira em Pequim, quer seja com o embaixador chinês aqui no Brasil sempre com o objetivo de garantir que esse IFA chegue ao país”. “Não temos ainda a confirmação de embarque do IFA”, acrescentou.

Rodrigo Cruz afirmou que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reuniu-se com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, para tratar do envio do IFA para o envase do imunizante pelo Instituto Butantan.

Segundo o presidente do Butantan, Dimas Covas, instituto já envasou todo IFA da CoronaVac que tinha disponível e agora espera pela chegada de um novo lote de matéria-prima, esperado para o dia 18 deste mês, no máximo.

“O IFA que estava disponível foi processado na primeira fase que é o envase. Ele continua no controle de qualidade até a liberação”, afirmou Covas em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, ao qual o Butantan é vinculado.

Até o momento o Butantan entregou 43 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde. O contrato do instituto com a pasta prevê 100 milhões de doses da vacina até o final de setembro.

Além disso, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) afirmou na sexta-feira que documentos adicionais enviados pelos governos de Bahia, Maranhão e Sergipe para apoiar o pedido de autorização para importação da vacina russa contra Covid-19 Sputnik V são insuficientes. Assim, a agência segue aguardando os esclarecimentos necessários para realizar uma nova análise do imunizante.

“Após avaliação, verificou-se que os novos documentos apresentados não cumprem o requisito alusivo à apresentação do relatório técnico de análise da autoridade sanitária estrangeira”, disse a Anvisa em nota. Na semana retrasada, a agência havia rejeitado o pedido de governos estaduais para importar a Sputnik V.

Os desenvolvedores russos da vacina, assim como os Estados brasileiros que buscam a importação, negam que haja qualquer problema com a Sputnik V, que já está em aplicação em diversos países.
Na terça-feira, a CPI da Covid no Senado terá continuidade. Os senadores pretendem questionar por que o governo Bolsonaro não aceitou 70 milhões de doses de imunizantes oferecidas em agosto de 2020 pela Pfizer, que poderiam ter adiantado a vacinação e reduzido o patamar de mortes.

Na terça falará o diretor da Anvisa, Antonio Barra Torres. Na quarta (12), o ex-secretário de comunicação, Fábio Wajngarten, que vem culpando o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, pelo fracasso das negociações. Na quinta haverá o depoimento dos representantes da Pfizer. Pazuello deve falar no dia 19.

Declarações de Bolsonaro

Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, a alta dos preços de commodities deve ampliar de 40% para 45% a participação das cadeias de commodities sobre o Produto Interno Bruto, considerando da extração até serviços finais. Mas, segundo analistas, a retomada da economia como um todo em 2021 ainda depende de fatores como o ritmo de vacinação, que determinará a reabertura da economia.

Ainda causa preocupação a inflação, impulsionada pelo câmbio desvalorizado, e o quadro fiscal.

Além disso, no sábado o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a afirmar que nomeará um nome “terrivelmente evangélico” para a cadeira no STF que ficará vaga em julho com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello.

A um grupo de apoiadores evangélicos no Palácio da Alvorada, Bolsonaro voltou também a defender a hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19. O remédio, indicado para malária e doenças autoimunes, já se mostrou ineficaz contra a Covid-19 em estudo científico.

“Quem indica vagas pro Supremo passa por mim. A palavra final não é minha, é do Senado, tem uma sabatina lá. Mas vocês sabem que o dia 5 de julho, 4 de julho, vai ter um terrivelmente evangélico”, disse Bolsonaro na conversa, transmitida ao vivo em sua conta no Facebook.

“Tem um cotado aí, por enquanto é ele, mas não tá batido o martelo ainda”, disse o presidente.
Um dos nomes cotados para ser nomeado por Bolsonaro a uma vaga na corte é o do ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, que também é pastor da Igreja Presbiteriana Esperança em Brasília.

Sem usar máscara, o presidente Jair Bolsonaro voltou a provocar aglomerações no domingo. Ao lado do ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, voltou a defender o voto impresso e a afirmar que o Exército não irá às ruas para cumprir medidas de restrição contra o coronavírus. Novamente, referiu-se à instituição como “meu Exército”.

“Com toda certeza nós aprovaremos isso no Parlamento e teremos uma maneira de auditar o voto por ocasião das eleições de 2022”, disse Bolsonaro, que fez um passeio de motocicleta por Brasília, junto a dezenas de pessoas. Ao contrário das afirmações do presidente, e como já esclareceu o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), a votação eletrônica existente no Brasil é auditável.

Já o jornal O Estado de S. Paulo destaca que esquema de um orçamento secreto montado pelo presidente Jair Bolsonaro para garantir apoio no Congresso atropela a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e posições assumidas por ele na campanha e já no exercício do mandato. Na liberação sigilosa de R$ 3 bilhões para serviços de obras e compras de tratores e máquinas agrícolas indicados por um grupo escolhido a dedo de deputados e senadores, no final ano passado, o governo atropelou ao menos três exigências da legislação.

No que tange à LDO de 2020, as autorizações de repasses de recursos do Ministério do Desenvolvimento Regional deixaram de estabelecer critérios para definição das localidades beneficiadas e não apresentaram indicadores socioeconômicos ao distribuir os recursos. Além disso, não priorizaram a continuidade de obras iniciadas.

Radar corporativo

A M. Dias Branco registrou lucro líquido de R$ 15 milhões no primeiro trimestre de 2021, forte queda de 89% em relação ao mesmo período do ano passado, quando a chegada da pandemia da Covid-19 gerou uma corrida por produtos no varejo. Neste ano, o aumento de custos relacionado à valorização do dólar ante o real e aos preços de alguns de seus principais insumos, como o trigo, pressionou as margens da empresa.

A Gol informou que a demanda por seus voos em abril foi 36% menor do que em março, para 739 mil assentos, com os setor aéreo sendo afetado por uma segunda onda de infecções pela Covid-19 no Brasil.

A petroleira brasileira PetroRio produziu em abril 31,55 mil barris de óleo equivalente por dia (boe/d), queda de 6,4% ante março, com impacto de paradas para manutenção.

Já a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou na sexta-feira que vendeu 56 milhões de ações preferenciais da Usiminas, reduzindo sua fatia para 10,07% desta classe de papéis.

O grupo hospitalar Rede D’Or anunciou na sexta que fechou acordo por meio do qual terá 20 de seus hospitais e um centro oncológico para atender clientes de plano de saúde da Amil. Segundo fato relevante, as unidades da Rede D’Or passarão a atender cerca de 1,3 milhão de beneficiários da Amil do Distrito Federal e dos Estados de Rio de Janeiro e São Paulo a partir de 10 de maio.

Confira a agenda corporativa prevista para a semana:

(com Reuters, Bloomberg e Estadão Conteúdo)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.