Ibovespa sobe em meio a alívio fiscal e dados fortes dos EUA; dólar avança a R$ 5,68

Bolsa engata um desempenho positivo que estende o otimismo da véspera depois da aprovação da PEC Emergencial

Ricardo Bomfim

(Shutterstock)

Publicidade

SÃO PAULO – O Ibovespa opera em alta nesta sexta-feira (5) com o alívio fiscal da véspera somando-se a dados fortes do Relatório de Emprego dos Estados Unidos, que revelou a criação de 379 mil vagas em fevereiro, contra uma expectativa mediana de geração de 182 mil empregos, de acordo com dados da Refinitiv.

As bolsas americanas chegaram a subir na abertura em meio ao dado, mas voltam a cair diante da disparada nos juros dos títulos do Tesouro dos EUA. O rendimento desses ativos reage desde ontem às falas de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve. Powell não se mostrou tão preocupado com o avanço nos juros das treasuries e disse que a economia americana ainda tem um longo caminho para a recuperação.

Com o tom das declarações, o rendimento dos títulos com vencimento em 10 anos chegou a 1,61% hoje, batendo a máxima da semana, que havia sido de 1,6%.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Por aqui, o pregão anterior foi de alta, descolando-se da queda do exterior na véspera em meio à aprovação em dois turnos da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) Emergencial com as despesas relacionadas ao auxílio emergencial excluídas do teto de gastos até o limite de R$ 44 bilhões, porém o Bolsa Família dentro das regras orçamentárias.

Entre os indicadores, a produção industrial brasileira cresceu 0,4% em janeiro na comparação com dezembro, em linha com a mediana das expectativas dos economistas compilada pela Refinitiv. Após nove meses de alta, o setor acumulou crescimento de 42,3%, eliminando a perda de 27,1% registrada entre março e abril, que havia levado a produção ao nível mais baixo da série.

Às 13h05 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha alta de 1,4%, a 114.269 pontos.

Continua depois da publicidade

Enquanto isso, o dólar comercial opera em alta de 0,42% a R$ 5,6807 na compra e a R$ 5,6817 na venda. Já o dólar futuro com vencimento em abril registra ganhos de 0,26% a R$ 5,687.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2022 sobe quatro pontos-base a 3,87%, o DI para janeiro de 2023 tem alta de dois pontos-base a 5,55%, o DI para janeiro de 2025 opera estável a 7,15% e o DI para janeiro de 2027 registra variação negativa de quatro pontos-base a 7,79%.

Voltando ao exterior, a União Europeia planeja ampliar o seu controle sobre exportações de vacinas contra a Covid, após bloquear um carregamento de imunizantes da farmacêutica AstraZeneca à Austrália. As informações são da agência internacional de notícias Reuters, a partir de duas fontes cujos nomes não foram identificados.

Além disso, o primeiro-ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholtz, afirmou que a maior economia europeia precisará de um orçamento suplementar em 2021 para financiar custos adicionais devido à pandemia.

Já a China determinou uma meta considerada modesta para o crescimento econômico anual, de mais de 6%, e prometeu criar mais empregos em cidades do que no ano passado, conforme planeja uma trajetória cautelosa para sair de um ano prejudicado pela Covid-19.

Em 2020, a China descartou a meta de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) pela primeira vez desde 2002 depois que a pandemia devastou sua economia. O PIB da China cresceu apenas 2,3% no ano passado, ritmo mais fraco em 44 anos mas que fez do país a única grande economia a ter expansão.

“Como meta geral, a taxa de crescimento da China foi determinada em mais de 6% para este ano”, disse o primeiro-ministro, Li Keqiang, em seu relatório de trabalho de 2021.

PEC emergencial avança

O Senado aprovou ontem à tarde, em votação de segundo turno, a proposta de emenda constitucional emergencial, incluindo o dispositivo que limita em R$ 44 bilhões os gastos com o novo auxílio emergencial, ponto que sofreu oposição do PT mas foi defendido pelo governo como importante para enviar a mensagem de responsabilidade fiscal ao mercado.

Agora, a PEC segue para a Câmara dos Deputados, que deve analisá-la na terça e na quarta-feira. A PEC foi aprovada no Senado sem os pontos que suspendiam o reajuste de salários de servidores públicos e a criação de cargos por até dois anos, em casos em que fosse decretado estado de calamidade pública.

Com as alterações, essas regras terão vigência apenas durante a calamidade. Municípios que não cumprirem todas as medidas previstas na PEC não poderão ter acesso a empréstimos ou aval da União para contratação de recursos.

Em reportagem, o jornal O Estado de S. Paulo destaca que, poucas horas antes da votação, foi incluído um ponto na PEC que blinda receitas de “interesse à defesa nacional” e “destinadas à atuação das Forças Armadas”, em um aceno aos militares que mantém o engessamento das contas públicas nestes casos.

Na quinta, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou que, respeitando o limite de R$ 44 bilhões imposto pela PEC, o Congresso vai buscar o valor mais digno para o pagamento dos beneficiários do auxílio emergencial, que deverá ser retomado.

“Dentro da responsabilidade fiscal, das limitações agora impostas pela PEC, obviamente o objetivo do Congresso Nacional é sempre ter o valor mais digno para as pessoas”, disse ele, em entrevista coletiva após o Senado aprovar, em segundo turno, a PEC.Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o projeto de lei que propõe um novo marco legal para o setor de gás natural, a chamada Lei do Gás, será votado na quinta-feira da próxima semana.

Deputados também devem tratar na quinta dos demais itens da pauta, que inclui uma medida provisória que aumenta a margem de crédito consignado dos titulares de benefícios de aposentadoria e pensão do Regime Geral de Previdência Social durante o período da pandemia de Covid-19.

Recorde de mortes e propagação de variante

Pelo sexto dia seguido, o país bateu seu recorde na média móvel de mortes em 7 dias, com a marca de 1.361, alta de 30% em comparação com a média de 14 dias atrás.

As informações são do consórcio de veículos de imprensa que sistematiza dados sobre Covid coletados por secretarias estaduais de Saúde no Brasil, que divulgou, às 20h de quinta, o avanço da pandemia em 24 h no país. Em apenas 24h, o Brasil registrou 1.786 mortes.

Segundo o consórcio de veículos de imprensa, a média móvel de novos casos em sete dias foi de 57.517, alta de 27% em relação ao patamar de 14 dias antes. Apenas em um dia houve 74.285 diagnósticos.

Até a terça, 7.671.525 pessoas receberam a primeira dose da vacina contra a covid no Brasil, o equivalente a 3,62% da população. A segunda dose foi aplicada em 2.463.894 pessoas, ou 1,16% da população. Analistas vêm apontando a velocidade da imunização como um dos fatores a influenciarem a retomada da economia.

Em nota, o Observatório Covid-19 da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) alertou que a análise de mil amostras de testes indica que a mutação E484K, uma das alterações da variante brasileira P.1 da Covid, está presente na maioria dos pacientes de seis dentre oito estados analisados.

Essa mesma mutação está presente na variante B.1.1.7, identificada inicialmente no Reino Unido, e na B.1.351, identificada na África do Sul. Há suspeita de que ela contribua para que o vírus se torne mais transmissível, e seja mais resistente a anticorpos gerados contra ele.

A análise foi realizada em Alagoas, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Apenas no Paraná e no Ceará, o índice de prevalência da mutação não superou 70% das amostras.

Segundo informações de bastidores publicadas pelo jornal Valor, a cúpula do Ministério da Saúde projeta mais de 3.000 mortes por dia nas próximas semanas com a circulação de novas variantes do coronavírus, o colapso do sistema hospitalar, a lentidão da vacinação e a baixa adesão da população às medidas de isolamento social no Brasil.

Na quinta, a cidade do Rio de Janeiro retomou restrições mais rígidas, fazendo com que bares e restaurantes passem a fechar às 17h. Academias e shoppings passarão a fechar às 20h.

Em carta enviada ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na quinta, governadores de 14 estados pediram que o governo federal adote medidas e procure organismos internacionais para adquirir mais doses de vacinas. A Confederação Nacional dos Municípios também publicou uma nota pedindo urgência na vacinação.

Em Uberlândia (MG), o presidente afirmou: “Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, [dizendo] ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe. Não tem [vacina] para vender no mundo”. Mais tarde, em evento em São Simão (GO), afirmou: “Temos que enfrentar os nossos problemas. Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”.

O Ministério da Saúde, comandado pelo general Eduardo Pazuello, anunciou 38 milhões de doses de vacinas para este mês, 7,9 milhões a menos do que o previsto há 15 dias. O número inclui 8 milhões de doses do imunizante indiano Covaxin, que ainda não está sob análise da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Radar corporativo

A temporada de resultados é o destaque do noticiário corporativo. Em destaque, a B3 (B3SA3) informou lucro líquido de R$ 4,2 bilhões em 2020. O valor representa crescimento de 52,98% na comparação com o lucro de R$ 2,7 bilhões de 2019.

A Lojas Americanas (LAME4) registrou lucro líquido de R$ 400,4 milhões no quarto trimestre de 2020, valor muito próximo aos R$ 398 milhões apurados no mesmo período de 2019. Já a B2W (BTOW3) registrou lucro líquido de R$ 15,6 milhões no quarto trimestre de 2020. No mesmo período do ano anterior, a companhia havia registrado prejuízo de R$ 22,3 milhões.

A rede de shopping centers Iguatemi (IGTA3), sócia de 16 empreendimentos, teve lucro líquido de R$ 82 milhões no quarto trimestre de 2020, queda de 26,7% em relação ao mesmo período de 2019. No acumulado do ano, o lucro líquido somou R$ 202,3 milhões, baixa de 35,6% em relação ao ano anterior.

A Natura &Co. (NTCO3), por sua vez, registrou lucro de R$ 175,7 milhões no quarto trimestre de 2020, revertendo o prejuízo de R$ 176,1 milhões observado no mesmo período do ano anterior. Este resultado não inclui o efeito de Alocação de Preço de Compra (PPA, na sigla em inglês), que envolve a aquisição da Avon. Considerando o PPA, houve lucro de R$ 22,3 milhões em 2019, o que fez o resultado do último trimestre de 2020 saltar 687,5%.

Já a CCR (CCRO3) reportou um lucro líquido acumulado de R$ 191 milhões em 2020, uma queda de 86,7% sobre o desempenho do ano anterior. O Ebitda ajustado da companhia somou R$ 4,71 bilhões no consolidado de 2020, queda de 18,6% sobre o resultado de 2019.

Estagnado em sua profissão? Série gratuita do InfoMoney mostra como você pode se tornar um Analista de Ações em 2021. Clique aqui para se inscrever.

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.