Ibovespa sobe 3,66% e fecha com maior alta diária em 18 meses; aprovação da PEC dos Precatórios animou os mercados

A Bolsa brasileira superou até mesmo os índices em Nova York, que também fecharam em forte alta

Mitchel Diniz

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa encontrou um alívio após dois dias seguidos de queda e descolou positivamente do exterior, subindo mais do que as Bolsas em Nova York. O índice teve maior alta diária em 18 meses, acima dos 104 mil pontos. De acordo com os analistas, o cenário doméstico contribui para o desempenho da Bolsa hoje com a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado. O texto, porém, sofreu alterações e volta para a Câmara dos Deputados, onde será necessária nova apreciação.

A PEC abre espaço fiscal de R$ 106,1 bilhões no Orçamento de 2022, segundo cálculos do Ministério da Economia, e viabiliza aumento no Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, que deve ser de R$ 400. Para isso, a medida limita o pagamento de precatórios, que são dívidas judiciais da União, empurrando a pendência para frente.

“A aprovação da PEC dos precatórios é vista como positiva, já que se trata da retirada de risco do aumento de gastos sobre o Teto e diminui incertezas”, afirma Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos.

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Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, também associa um bom desempenho da Bolsa hoje à aprovação da PEC, apesar do mercado não simpatizar com a medida. “Não é que todo mundo esteja comemorando. Mas, a alternativa que se desenhava, de decretar calamidade, seria praticamente assinar um cheque em branco para um ano eleitoral, em que o risco de descontrole fiscal é bem maior”, afirmou Cruz.

Nem mesmo o desempenho da economia no terceiro trimestre abalou o avanço da Bolsa hoje. O Produto Interno Bruto (PIB) sobre o período de julho a setembro deste ano veio em queda de 0,1%, na comparação com o segundo trimestre. Os analistas esperavam que o indicador viesse zerado. Ainda que muito próximo do previsto pelo mercado, a variação negativa por dois trimestres seguidos implica em recessão técnica para o país.

“Seguindo a terminologia econômica, isso significa que o país entrou em uma recessão técnica, uma vez que houve queda do PIB em dois períodos seguidos. Por outro lado, se compararmos com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 4% – algo totalmente esperado, dado o auge da crise pandêmica em 2020”, explica Rachel Sá, chefe de economia da Rico Investimentos.

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Ainda que pequeno, o recuo do PIB deixou o Brasil em 26º lugar no ranking global de crescimento, ficando atrás de outras nações da América Latina como Chile, Colômbia e Peru.

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As preocupações com a variante ômicron do vírus transmissor da Covid-19 tiveram menos impacto na Bolsa brasileira e nos índices dos Estados Unidos, mas pesaram sobre as Bolsas europeias. Ainda faltam informações precisas sobre a gravidade da nova cepa e investigar uma possível resistência da mutação a vacinas.

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A Alemanha ampliou restrições e poderá obrigar a população a receber vacina contra Covid. Quem não se imunizou, terá acesso negado a serviços de cultura e lazer.

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O Ibovespa fechou na máxima do dia, em alta de 3,66% aos 104.466 pontos. Foi a maior alta diária do índice no ano e desde 8 de junho do ano passado. O volume negociado na sessão ficou em R$ 35,6 bilhões, novamente acima da média.

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O dólar comercial fechou em baixa de 0,19%, a R$ 5,660 na compra e na venda. O dólar futuro com vencimento em janeiro de 2022 opera em baixa de 0,87% a R$ 5,680 nos últimos negócios do dia.

No mercado de juros futuros, os contratos recuaram forte: na sessão estendida, o DI para janeiro de 2023 caiu 24 pontos-base para 11,54%; DI para janeiro de 2025 recuou 31 pontos-base a 11,18%; e o DI para janeiro de 2027 cai 28 pontos-base a 11,16%.

Em Nova York, as Bolsas fecharam com ganhos robustos. O Dow Jones fechou em alta de 1,82%, a 34.641 pontos; o S&P avançou 1,42% a 4.577 pontos; e a Nasdaq fechou em alta de 0,83%, a 15.381 pontos.

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Na Europa, todas as principais Bolsas fecharam em baixa. O índice Stoxx 600, que reúne as ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus, fechou em baixa de 1,15%.

Os preços do petróleo avançaram, apesar de a Organização dos Países Produtores de Petróleo e aliados (Opep+) sinalizar aumento de produção. O contrato Brent para fevereiro subiu 1,16%, a US$ 69,67. O WTI para janeiro avançou 1,42%, a US$ 66,50.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados